Nesta quarta, 07 de julho, é comemorado o dia mundial do chocolate, produto que é consumido no mundo todo de diferentes formas. Seja em barra, pó ou líquido, o chocolate é uma boa pedida faça chuva ou faça sol, frio ou calor.
Porém neste dia mundial da iguaria mundial especialistas vêm debatendo como usar a tecnologia blockchain para ajudar a impulsionar e melhorar a qualidade do produto.
Além disso, diversos produtores e integrandes da cadeia de produção do chocolate tem buscado na tecnologia que deu vida ao Bitcoin uma forma de garantir a origem do Cacau, principal materia prima do chocolate, e que em muitos locais esta ligada ao trabalho escravo ou em condições análogas a escravidão.
Embora o Brasil seja um grande produtor de Cacau, a maior parte do suprimento de cacau utilizado no mundo vem de apenas dois países, Gana e Costa do Marfim que abastecem uma indústria que movimenta mais de US$ 10 bilhões de dólares anualmente.
No entanto, como explica Katie Rapley, antes que os grãos sejam vendidos o cacau serpenteia por uma extremamente complicada cadeia de abastecimento já que a maioria dos fazendeiros não pode transportar seu cacau para o porto, então eles vendem seu cacau para um pisteur.
"Já o pisteur compra cacau dos fazendeiros e depois o transporta para mais perto do porto. Ao longo do caminho, o cacau poderia ser vendido para cooperativas de diferentes tamanhos ou terceiros antes de finalmente chegar ao porto. Lá, o cacau é vendido para exportadores que vendem o cacau para comerciantes de cacau que efetivamente controlam o mercado", explica.
Desta forma, segundo ela, a cadeia de abastecimento do cacau sistematicamente mantém os agricultores na pobreza e eles não têm controle sobre o preço de seu cacau.
"Por isso, muitos agricultores vivem na pobreza e têm que recorrer a medidas extremas para alimentar suas famílias. Muitos agricultores cultivam cacau ilegalmente em áreas florestais protegidas. Como resultado, a Costa do Marfim perdeu 85% de suas florestas protegidas desde 1990", disse.
Blockchain
Ainda segundo ela, a indústria do cacau também apóia a escravidão e estima-se que mais de 30.000 crianças estão sendo traficadas para trabalhar na indústria do cacau.
"Os agricultores são pobres e o cultivo do cacau exige muita mão-de-obra. Ainda hoje, os métodos de colheita e processamento do cacau nas fazendas não evoluíram. Surpreendentemente, os agricultores ainda colhem o cacau usando apenas um facão. Os agricultores não têm dinheiro para investir em máquinas ou práticas de cultivo mais sustentáveis. Infelizmente, isso resulta em escravidão, desmatamento e pobreza sistemática", destaca.
Desta forma, para romper com esta situação a Chocolonely de Tony está usando a tecnologia blockchain para rastrear cada lote de grãos.
Para curar a cadeia de abastecimento, a Tony's paga 40% sobre o preço do produtor. Como a Tony's sabe de quais agricultores eles obtêm seus grãos, eles podem pagar a mais para recompensar esses agricultores usando práticas de negócios sustentáveis e seguras.
A tecnologia blockchain gerencia a cadeia de suprimentos atribuindo um número de lote exclusivo a cada lote de grãos e rastreia esses grãos por toda a cadeia de suprimentos.
A Tony's prevê que levará mais três a cinco anos antes que o aspecto blockchain de seu Beantracker se torne as operações comerciais viáveis.
Outro integrante da industria do chocolate que está usando blockchain é a DP World que ingressou recentemente na TradeLens, uma plataforma movida a blockchain desenvolvida pela Maersk e IBM.
"O poder do TradeLens está em sua inteligência coletiva: ele foi criado para otimizar os fluxos de comércio usando uma grande quantidade de dados de todo o ecossistema da cadeia de suprimentos global. Isso significa que um fabricante de barras de chocolate, por exemplo, pode ver o status de cada caminhão, palete, caixa ou contêiner em uma interface de vidro única e fácil de usar e tomar decisões operacionais com base nessas informações", destacou a empresa.
No Brasil
No Brasil também produtores rurais que trabalham no sul do estado da Bahia estão adotando a tecnologia blockchain para rastrear e certificar a produção de cacau.
O grupo formado por IG Sul da Bahia, Cooperativas Associadas (entre elas Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia- COOPESSBA, Cooperativa de Pequenos Produtores de Cacau, Mandioca e Banana do Centro da Região Cacaueira – COOPERCENTROSUL, Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências- COOPFESBA) e o Centro de Inovação do Cacau-CIC são as entidades que participam da iniciativa.
Com apoio do Governo do Estado da Bahia, o programa Bahia Produtiva/SDR-CAR busca levar mais qualificação também aos produtores.
A IG Sul da Bahia também instituiu um regulamento para padronizar a produção de cacau no país, e agora vai rastrear a produção com a tecnologia blockchain através de uma parceria com a Bleu Empreendimentos Digitais.
Além disso, o Governo do Estado da Bahia, por meio do Programa Centelha, da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) vai destinar recursos para o projeto "IoTCocoa - Sistema de auxílio a produção de cacau gourmet", que, entre outros pontos busca usar blockchain aliado a Internet das Coisas (IoT) para combater a praga da Vassoura de Bruxa no Cacau da Bahia.
Desta forma o projeto de Jauberth Weyll Abijaude, pretende usar em IoT e blockchain para o controle e monitoramento desses eventos, com o objetivo de catalogar informações valiosas do processo para aprimoramento e pesquisas futuras e auxiliar a retomada da produção na região e do desenvolvimento do 'cacau premium'.
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