O norte-americano Michael Spence, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2001, deu uma entrevista publicada pelo Valor Econômico em que diz que a recessão na economia global causada pela pandemia de coronavírus deve ser "curta e muito profunda", com a recuperação lenta podendo levar dois anos ou mais.

Spence venceu o Nobel de Economia em 2001 ao lado de Joseph Stiglitz e George George Akerlof. Segundo ele, a retomada dos EUA e da Europa será lenta, devido à dificuldade de reaquecer a demanda.

 "Teremos uma recessão muito profunda. A duração é mais incerta. Acho que a recessão deve ser forte e profunda, mas curta. No entanto, o período de recuperação [o retorno ao ponto em que começamos] tende a ser bastante longa, dois anos ou mais. [A recuperação dos EUA e da Europa] não será curta, talvez exceto no sentido técnico de que uma recuperação pode começar no terceiro trimestre. Mas ela será lenta, porque é difícil trazer de volta a demanda. A aversão ao risco, o dano aos balanços e o comércio restrito são todos ventos contrários que persistirão por um tempo."

Para ele, o Brasil, diante de um quadro de juros muito baixos e dívida pública alta, deve tomar decisões difíceis na crise. E falou sobre o comportamento do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro:

"É ok se preocupar com o impacto do confinamento sobre a economia. A magnitude do dano de longo prazo depende das políticas adotadas e de quão longa é a quarentena. Confinamentos muito longos realmente não funcionam. O propósito deles é comprar tempo para lidar com os casos críticos do vírus. Se você não fizer um confinamento com limite de tempo ou algo como testes em massa, o vírus vai apenas seguir o seu curso. A economia ficará ok, mas a maior parte dos países não seguiu esse rumo por causa do número de mortes que isso acarretaria. Não temos até o momento estimativas confiáveis de taxas de letalidade."

Ele também reconhece que a crise atual é "pior e mais difícil de ser consertada" do que a crise de 2008. E dá a receita para a economia brasileira:

"Eu diria que é importante obter o máximo possível de avaliações não enviesadas por parte de cientistas, médicos, epidemiologistas e economistas para informar decisões públicas. E nós vamos aprender muito à medida que se avance na pandemia."

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