O Bitcoin nasceu durante a crise dos subprimes de 2008, oriunda das hipotecas do poderoso mercado imobiliário americano. A primeira criptomoeda surge na crise e seus entusiastas previam sua ascensão também durante outras crises que viriam desde então.

No cenário atual, contudo, vem desmontando essas expectativas dos entusiastas, justamente porque o preço do Bitcoin não tem se destacado como muitos previam, ainda que, na análise macro, seja um ativo valorizado e que possui potencial de valorização exponencial no futuro.

A grande questão que incomoda a muitos investidores de criptoativos tem sido o fato que o Bitcoin segue mostrando relação aos mercados financeiros tradicionais: quando o Bitcoin cai, ou valoriza-se, parece estar intrinsecamente ligado aos movimentos do mercado. 

A correlação do Bitcoin com outros ativos financeiros é uma consideração importante ao analisá-lo como uma opção de investimento. Se o Bitcoin tiver baixa correlação com ativos financeiros tradicionais, como ações, ele pode ser usado como um diversificador de portfólio.

O mercado de ações é grande e complexo, e pode ser difícil analisar a verdadeira correlação do Bitcoin com o mercado de ações como um todo. Uma maneira relativamente simples de examinar sua relação com as ações é observar a correlação do Bitcoin com o índice S&P 500, tomando-o como base dos mercados financeiros tradicionais.

Segundo estudo publicado pela CoinMetrics, historicamente o Bitcoin tem não tem se correlacionado com o S&P 500. Desde 2012, a correlação Bitcoin/ S&P 500 geralmente permanece entre 0,15 e -15, o que indica pouca ou nenhuma correlação.

Mas tem ocorrido seguidos momentos de correlação nos últimos anos e isso permanece atual. No último mês, a correlação Bitcoin/S&P 500 aumentou repentinamente e vem se mantendo em níveis expressivos. O gráfico a seguir mostra a correlação no final do dia calculada com base em 250 dias consecutivos.

 Imagem: CoinMetrics

No intervalo entre 2014 a 2020, a correlação triplicou-se em termos diretos, tendo o Bitcoin acompanhado o índice SPY do S&P 500 em todos os movimentos desde janeiro de 2020.

Com a guerra de preços iniciada pela Opep e pela Rússia pela produção global de petróleo, todos os mercados entraram em queda e as vendas explodiram em seguida, logo nos primeiros dias de março. As bolsas asiáticas, que abriram mais cedo, já davam os sinais do tsunami que acometeria o mercado em seguida.

Na mesma toada, o Bitcoin levou todo o mercado de criptoativos consigo. A perda de volume e marketcap foi a mais sentida. No dia 07 de março, o Bitcoin registrou marketcap de US$ 140 bilhões, tendo perdido, junto com a queda do petróleo, mais de US$ 50 bilhões.

A queda do Bitcoin acompanhou a queda preço do petróleo cru de forma 100% correlata. Por outro lado, o Bitcoin segue mais valorizado que o dólar e, embora a correlação de curto prazo tenha aumentado, ela ocorreu sob circunstâncias bastante particulares do mercado.

À medida que as notícias sobre a disseminação da pandemia do COVID-19 cresciam em 12 de março, investidores de todo o mundo começaram uma corrida por liquidar seus ativos em massa. Como resultado, a correlação disparou entre a maioria dos ativos a partir dessa data.

Por exemplo, a correlação entre SPY e ouro (GLD) subiu subitamente para o nível mais alto desde 2013. Isso provavelmente ocorreu devido à crise de liquidez causada pela pandemia, que levou à vendas massivas em todos os mercados.

Imagem: CoinMetrics

No último ano, o Bitcoin e o S&P 500 tiveram uma correlação próxima, mas não substancial. O gráfico a seguir mostra a distribuição da correlação intradia (retornos de 5 min, correlação contínua de 60 horas) nos últimos 365 dias. É distribuído relativamente centralmente em torno de 0, com uma média de -0,0075. Isso mostra que, em condições normais de mercado, o Bitcoin e o S&P 500 não estariam significativamente correlacionados, segundo a CoinMetrics.

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