Resumo da notícia:

  • A Mastercard afirma que as principais inovações financeiras estão no setor privado, superando testes de projetos como o Drex e outras CBDCs.

  • A empresa mantém o interesse em participar da nova fase do Drex, a partir das novas diretrizes do BC.

  • Mastercard não considera as stablecoins uma tecnologia disruptiva para o setor de pagamentos.

Apesar dos esforços de bancos centrais de diversas jurisdições para desenvolver projetos de CBDCs, as maiores inovações no sistema financeiro têm surgido no setor privado, segundo Raj Dhamodharan, vice-presidente executivo de blockchain e digital payments da Mastercard.

Em entrevista coletiva concedida na terça-feira, 2 de dezembro, Dhamodharan citou como exemplo a experiência da empresa no desenvolvimento do Drex, projeto do real digital desenvolvido pelo Banco Central do Brasil (BC).

Após a conclusão de duas fases de testes realizados em parceria com empresas privadas, o BC optou por desativar o sistema construído em blockchain para dar um novo rumo ao projeto, adotando uma postura agnóstica em relação à tecnologia.

O executivo da Mastercard afirmou que a empresa mantém a disposição de colaborar com o BC na nova fase do projeto, a ser implementada a partir do ano que vem:

“Muitos BCs fizeram projetos, e ficamos muito felizes em ser parceiros em vários deles. Fizemos parte do piloto [no Brasil], aprendemos juntos, e agora estamos esperando o BC dizer os próximos passos. Continuamos com a parceria, queremos experimentar quando houver a infraestrutura certa em vigor.”

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, declarou recentemente que a plataforma Hyperledger Besu, baseada em tecnologia de registro distribuído (DLT), se mostrou insuficiente após quatro anos de testes.

Segundo Galípolo, a tecnologia não atendeu aos requisitos de segurança e privacidade do regulador, revelando-se incapaz de conciliar as exigências da Lei do Sigilo Bancário com a escalabilidade da rede.

Diante das limitações identificadas durante o piloto, o Drex passará por uma reestruturação de escopo e infraestrutura.

Mastercard: Stablecoins não representam uma revolução

Dhamodharan afirmou também que as inovações introduzidas pelas stablecoins no setor de pagamentos fazem parte do processo de digitalização das finanças, mas não configuram uma ruptura radical.

A Mastercard já utilizava meios digitais de pagamento antes de as stablecoins ganharem adoção em larga escala. Todas as transações efetuadas com cartões já utilizam tokens digitais, afirmou Dhamodharan.

Para a Mastercard, a adoção de stablecoins depende dos benefícios que elas trazem para os usuários finais:

“Não queremos ter que escolher uma stablecoin específica, mas ingredientes que tornem essa moeda um produto válido para o uso do consumidor. Fazemos um trabalho de curadoria. Das cerca de 70 stablecoins existentes, suportamos somente três ou quatro.”

Guida Sousa, vice-presidente sênior de pagamentos digitais da Mastercard na América Latina, acrescentou que a ampla adoção de stablecoins na região está associada a uma busca por dolarização e proteção do patrimônio.

Segundo Sousa, 35% do volume negociado de stablecoins, atualmente, está concentrado na América Latina. Nos Estados Unidos e na Europa, os principais casos de uso estão associados a pagamentos.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a Mastercard fechou uma parceria com o Humanity Protocol para introduzir um sistema de identidade digital on-chain em sua plataforma de Open Finance.