Resumo da notícia

  • Banco Central encerra o Drex após quatro anos de testes e falhas técnicas.

  • Nova infraestrutura será criada do zero, sem garantia de uso de blockchain.

  • Pix e Open Finance devem integrar os novos casos de uso do Real Digital.

De acordo com informações do portal BlockNews, o Banco Central do Brasil anunciou, nesta terça, 04, que vai desligar a plataforma Drex na próxima segunda-feira (10), encerrando oficialmente um projeto que começou há quatro anos com a promessa de transformar o sistema financeiro nacional.

A decisão surpreendeu o mercado e marca o fim de uma das iniciativas mais ambiciosas de digitalização da moeda brasileira.

O Drex, que funcionava sobre a tecnologia Hyperledger Besu, deveria ser o embrião da CBDC do Brasil, mas acabou não atendendo aos requisitos de privacidade e segurança exigidos pelo BC.

Em reunião nesta segunda-feira (4) com os consórcios que participaram dos pilotos, o regulador informou que o sistema será desativado e que uma nova infraestrutura tecnológica será criada do zero.

Segundo o portal, o BC ainda não decidiu se a nova plataforma usará blockchain. O encontro foi conduzido pela área de tecnologia da informação do BC, que inclui Clarissa Souza, auditora e integrante da equipe técnica. A área de negócios da instituição, fortemente envolvida no projeto, não participou desta etapa.

Segundo uma fonte ouvida pelo Cointelegraph, que prefere se manter anônimo, a reunião não apresentou nenhuma surpresa, dados os anúncios feitos no FebrabanTECH e no Blockchain Rio, mas o anuncio contou com mais detalhes e esclarecimentos, por parte da diretora Clarissa.

De forma inequívoca, foram colocadas claramente todos os entendimentos do grupo técnico do Banco Central a cerca de todos os pontos que determinaram essa decisão. Estes esclarecimentos não só reforçaram a segurança da decisão, como deixou claro os critérios para futuras análises de infra estruturas públicas desta natureza

O executivo ouvido pelo Cointelegraph considera a decisão acertada.

Um projeto que começou com grandes promessas, mas flopou

O Drex foi anunciado em 2021 como o futuro da moeda digital brasileira e chegou a mobilizar bancos, fintechs e empresas de tecnologia em uma corrida para testar casos de uso de tokenização e liquidação instantânea. O Banco Central estruturou o projeto em fases: primeiro, o Lift Challenge, que explorou propostas de mercado; depois, os pilotos práticos, que testaram a infraestrutura desenvolvida.

Agora, o BC decidiu reverter essa lógica. A instituição começará novamente pela definição de casos de uso, e só depois determinará qual tecnologia sustentará o novo sistema. Os novos testes devem integrar o Pix, o Open Finance e o mercado de investimentos tokenizados.

Durante os primeiros anos, o Drex agitou o setor financeiro e inspirou empresas a investirem em tokenização e soluções blockchain. A promessa era de um sistema capaz de acelerar a criação de novos produtos, ampliar a inclusão financeira e reduzir custos operacionais. No entanto, à medida que as falhas surgiram, o entusiasmo deu lugar à frustração.

De acordo com especialistas, a decisão de encerrar o Drex reflete problemas técnicos e falta de maturidade da tecnologia escolhida. Questões relacionadas à privacidade de dados e interoperabilidade foram decisivas para o desligamento. Em agosto, o BC já havia sinalizado que abandonaria o blockchain na fase três do piloto, reforçando as dúvidas sobre a viabilidade da plataforma.