O ouro atingiu uma nova máxima histórica de US$ 3.150 por onça em 31 de março, de acordo com dados da TradingView, consolidando-se como o ativo de melhor desempenho no primeiro trimestre de 2025, com uma alta acumulada de 20%. No mesmo período, o Bitcoin (BTC) acumulou perdas de 12%, o Ether (ETH) desvalorizou 45% e o S&P 500 caiu 5%.
Gráfico diário XAU/USD em 2025. Fonte: TradingView
O desempenho dos ativos pode ser atribuído às incertezas no cenário macroeconômico global causadas pela guerra comercial do governo de Donald Trump, à resiliência da inflação e à desaceleração econômica nos Estados Unidos.
Com esse movimento de aversão ao risco, o ouro apresenta-se como o ativo de reserva de valor por excelência, um porto seguro para os investidores em momentos de crise.
Um nicho específico do mercado de criptomoedas, no entanto, tem se beneficiado das turbulências globais nesse começo de ano, revelam dados da The Block Research.
A valorização do metal no primeiro trimestre foi acompanhada por um crescimento de 24% na capitalização de mercado de tokens RWA atrelados ao ouro. O montante cresceu de US$ 1,16 bilhão em 1º de janeiro para US$ 1,46 bilhão em 31 de março.
Capitalização de mercado de tokens RWA lastreados em ouro. Fonte: The Block Research
Tether lidera mercado de ouro tokenizado
Líder do mercado de stablecoins, a Tether também está na frente no mercado de ouro tokenizado, segundo a The Block Research. A participação de mercado do Tether Gold (XAUT) representa 53% do total de tokens RWA atrelados ao ouro, enquanto cabe ao Paxos Gold (PAXG) os 47% restantes.
O crescimento do ouro no mercado de tokens RWA não foi acompanhado por outras commodities tokenizadas. Prata e bronze registraram capitalização de mercado declinante no primeiro trimestre deste ano, de acordo com a The Block Research.
A demanda por ouro também impactou o mercado de fundos negociados em bolsa, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil. Nos últimos dois meses, ETFs de ouro registraram um saldo líquido de mais de US$ 12 bilhões, segundo a Bloomberg — contabilizando o maior influxo de capital para o ativo desde 2020.
A comparação entre o desempenho do ouro e do Bitcoin até agora em 2025 mais uma vez coloca em dúvida a narrativa de que a criptomoeda seria uma espécie de “ouro digital.” Enquanto a demanda por ETFs de ouro está em alta, os ativos sob gestão dos ETFs de Bitcoin atingiram a marca de US$ 114,5 bilhões no fechamento do trimestre, o valor mais baixo de 2025, segundo dados da CoinGlass.
Apesar disso, a crescente adoção institucional e a possibilidade de que uma reserva estratégica seja instituída nos EUA podem consolidar o Bitcoin como um ativo de proteção no futuro, projetam alguns analistas.
“Até 2030, um quarto das empresas do S&P 500 terão BTC em seus balanços patrimoniais como ativo de longo prazo”, previu Elliot Chun, sócio da Architect Partners, em uma publicação de 28 de março no blog da empresa de fusões e aquisições focada em criptomoedas.