O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, revelou que o Brasil deve apresentar ao mundo um projeto genuinamente brasileiro voltado à inteligência artificial (IA) no próximo dia 23 de setembro, quando está previsto o discurso do governante na abertura da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
O anúncio foi feito na última quinta-feira (7) durante a 2ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), no Palácio do Planalto, com o tema “Os avanços da Inteligência Artificial (IA) no Brasil”. Na ocasião, Lula, que preside o CCT, pediu para os conselheiros elaborarem uma proposta de política de IA com o objetivo de tornar o Brasil competitivo na área a nível mundial.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
“O discurso não faz o dinheiro, mas o projeto faz o dinheiro. Então aproveitem a inteligência humana de vocês e façam uma proposta sobre essa questão da inteligência artificial e o Brasil vai virar competitivo no mundo. Se vocês tiverem inteligência de fazer a proposta, eu terei a coragem da gente criar uma política brasileira de inteligência artificial”, declarou o presidente.
Em relação à proposta a ser apresentada na ONU, Lula pediu para os conselheiros “colocarem no papel o que eles acham que precisa ser feito.”
“O que vocês acham que o Brasil tem que fazer para ser detentor e se apresentar ao mundo para que eu vá dia 23 de setembro fazer meu discurso na ONU e apresentar nossa proposta de inteligência artificial? Vamos aceitar esse desafio e vamos nos tornar grandes, orgulhosos”, emendou.
O chefe do Executivo ainda relatou que um dia antes o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, durante visita ao Palácio do Planalto, propôs que os dois governos desenvolvam um projeto conjunto de inteligência artificial.
“Ele me fez uma proposta que eu achei extremamente interessante, para que o Brasil e a Espanha fizessem uma parceria para que a gente criasse uma inteligência artificial na nossa língua portuguesa e espanhola. É possível sentar os pensadores de ciência e tecnologia da Espanha junto com os nossos para a gente imaginar uma coisa nova. Para não ficar a reboque, mais uma vez, dos acontecimentos de outros países”, completou.
Em entrevista à imprensa após a reunião, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e vice-presidenta do CCT, Luciana Santos, apontou que a pasta já está revisando a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial.
“Precisamos atualizar a nossa Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial. E, ao mesmo tempo, regulamentar. Existe uma lei tramitando no Senado, porque ao mesmo tempo que a inteligência artificial é uma janela de oportunidades, ela também tem riscos”, ponderou.
Ela disse ainda que o Conselho vai elaborar um plano nacional de IA que leve em conta tanto a parte tecnológica quanto a mão de obra humana.
“O CCT vai apresentar um plano, com metas e objetivos a serem alcançados em um determinado período. Desde o investimento em equipamentos, supercomputadores que têm a capacidade de assimilar e sistematizar um conjunto de base dados, até a capacitação humana nesse processo. Porque nós temos que envolver especialistas em várias áreas do conhecimento e que eles possam se habilitar ao domínio da ferramenta tecnológica da Inteligência Artificial”, explicou.
Durante a reunião do CCT, especialistas abordaram quatro eixos temáticos vinculados à IA: desafios para aumentar a capacidade digital e investimento em P&D do país; oportunidades e riscos associados às aplicações de IA; impactos e oportunidades da IA no mundo do trabalho; e Inteligência Artificial e a integridade da informação.
Em outra frente relacionada a IA no país, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, prometeu cassação de políticos eleitos com uso indevido de IA, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.