Ferramentas de governança e desenvolvimento de código aberto permanecem como pré-requisitos para governos, organizações e instituições financeiras que desejam utilizar a tecnologia blockchain.

Falando exclusivamente para o Cointelegraph na Paris Blockchain Week, a diretora executiva da Hyperledger, Daniela Barbosa, discutiu por que a tecnologia blockchain de código aberto é um requisito indispensável para instituições globais.

Barbosa, que também é gerente geral da Linux Foundation, disse que a transferência de infraestruturas financeiras críticas para protocolos blockchain depende da rede subjacente ser de código aberto e governança aberta.

Infraestrutura blockchain de código aberto como o Hyperledger Besu opera no Ethereum, mas permite casos de uso públicos e privados autorizados. Fonte: Daniela Barbosa, Hyperledger Foundation.

“No mundo todo, organizações estão escolhendo as famílias Hyperledger para trabalhar porque sabem que está sob a Linux Foundation. Está sob essa governança aberta e desenvolvimento aberto, e tem o apoio de grandes empresas, governos e organizações,” explicou Barbosa.

A diretora da Hyperledger disse que as organizações que utilizam seu conjunto de tecnologias se preocupam não apenas que as ferramentas sejam de código aberto, mas que haja desenvolvimento aberto e uma comunidade ativa de mantenedores e contribuidores de código diversificados.

“Ninguém quer construir novos trilhos em um código que uma empresa possui. Se essa empresa falir ou mudar de ideia e dizer que não somos mais de código aberto, você deve pagar taxas de licença para continuar usando o que você construiu.”

Barbosa também acredita que o foco da Linux Foundation está em fomentar a governança aberta e o desenvolvimento de ferramentas sob seu guarda-chuva. Ela destacou infraestruturas críticas como o uso do Kernel Linux em uma miríade de sistemas de computação como exemplo da incorporação da infraestrutura de código aberto.

“Nos últimos 25 anos, a Linux Foundation tem construído comunidades de código aberto e o código mais importante. Pense no Kernel Linux e no Kubernetes. Essencialmente, toda a computação em nuvem funciona no Kubernetes,” disse Barbosa.

A gerente geral da Linux Foundation disse que várias organizações fizeram esforços para abrir o código de seus softwares e códigos. No entanto, ela questionou se tornar essa informação abertamente utilizável no GitHub faz o suficiente para tornar as ferramentas abertamente desenvolvidas e governadas.

“É isso que a fundação faz; trazemos essa governança e desenvolvimento abertos. Bancos que competem uns com os outros podem vir e colaborar. Empresas como Accenture e IBM poderiam colaborar em coisas para a comunidade,” explicou Barbosa.

Ela acrescentou que isso é uma consideração essencial a longo prazo para a indústria de serviços financeiros no caso de reguladores começarem a investigar quem possui o quê e faz alterações no código subjacente.

Barbosa também descreveu a história do desenvolvimento das ferramentas blockchain da Hyperledger. O Hyperledger Besu, um importante cliente de execução Ethereum, tornou-se uma de suas ofertas de infraestrutura mais importantes.

O Hyperledger Besu é um cliente de execução Ethereum em Java de código aberto. Ele oferece funcionalidades públicas e privadas e pode executar todos os contratos inteligentes Ethereum. Os usuários podem utilizar todos os padrões de tokens Ethereum, incluindo os padrões de tokens não fungíveis ERC-20 e ERC-721.

O Hyperledger Besu está entre os três principais clientes de execução Ethereum em termos de número de usuários. Fonte: Daniela Barbosa, Hyperledger Foundation. 

“Em 2019, as instituições estavam muito interessadas no ecossistema Ethereum. Essa foi a contribuição que veio da Consensys na época em que a Hyperledger Foundation e a Ethereum Enterprise Alliance uniram forças,” disse Barbosa.

Barbosa citou dados on-chain que refletem que 12% dos usuários da rede principal da Ethereum usam o Hyperledger Besu como cliente de execução. O Consensys Linea funciona no cliente, assim como o Hedera Hashgraph.