Empresa centenária e icônica da indústria têxtil e da moda brasileira, a Hering está celebrando 145 anos de história com o lançamento de um museu virtual, criado com tecnologias emergentes como inteligência artificial (IA), metaverso e gamificação.

Inaugurado em fevereiro, o “Museu Hering no Metaverso” oferece ao público uma experiência virtual e imersiva que conta a história da empresa e revela detalhes sobre a produção e a logística de sua matriz localizada em Blumenau, Santa Catarina.

Foi lá, no longínquo ano de 1880, que os irmãos Bruno e Hermann Hering, e Minna, mulher deste último, fundaram a empresa que se tornaria um ícone da cultura brasileira ao longo do século 20.

No “Museu Hering no Metaverso” é possível interagir com esses personagens por meio de experiências gamificadas em realidade virtual.

A Hering, que atualmente pertence ao Grupo Azzas 2154, holding brasileira resultante da fusão entre a Arezzo&Co e o Grupo Soma, pretende utilizar o ambiente virtual para impulsionar novos modelos de negócios.

O “Museu Hering no Metaverso” é um projeto desenvolvido pela startup catarinense Metaverso VX Virtual Experience. Fundada em maio de 2022, a partir da aceleração de experiências digitais promovidas pelo Covid-19, a empresa especializou-se na criação de experiências híbridas que unem os ambientes físico e digitais, como explica Valmor Rabelo Filho, um dos três sócios-fundadores da empresa:

“Nós desenvolvemos essa oportunidade de criar ambientes de negócios para o Metaverso porque percebemos que há possibilidade de ter um ambiente virtual real, aliás, tão real quanto físico. Então, basta a gente replicar ou traduzir o mundo real no mundo virtual. De que maneira eu conecto esses dois ambientes? A gente chama de “figital”. A partir daí, surgem oportunidades de negócio, de rentabilizar.”

Metaverso será parte do futuro da internet

Apesar do relativo fracasso do metaverso após o hype impulsionado pelos investimentos da Meta em experiências virtuais em 2021-2022, os ambientes virtuais imersivos inevitavelmente moldarão o futuro da internet, segundo Reinoldo Miranda, também sócio fundador da Metaverso VX Virtual Experience.

A possibilidade de recriar o passado e imaginar o futuro com realidade virtual, aumentada, IA e gamificação, inclusive criando novas formas de interação social, tem um potencial que não pode ser negligenciado.

Não por acaso, museus têm investido em criar seus próprios metaversos, mesmo diante da rejeição inicial do grande público, afirma Miranda:

“Todos os museus, por exemplo, vendem lembrancinhas, camisetas. Isso pode ser transposto virtualmente em museus no metaverso, criando novas possibilidades de negócios. No caso de uma empresa como a Hering, ela pode expandir para uma loja virtual para a venda de produtos digitais que têm contrapartes físicas, por exemplo.”

A melhoria da experiência do usuário ainda é fundamental para a popularização do metaverso, em face dos preconceitos que associam as experiências virtuais a reproduções precárias de ambientes físicos.

Segundo Guilherme Paranhos, a tecnologia está evoluindo e novas experiências já são capazes de surpreender os usuários:

“Antes de ingressar num ambiente virtual desses se imagina uma coisa. Mas depois que a gente entra, pensa: nossa, uau! Por que eu não conheci isso antes?”

Mark Zuckerberg, CEO da Meta e um dos maiores entusiastas de ambientes virtuais imersivos, afirmou recentemente que 2025 será o ano do metaverso, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil. 

No entanto, o otimismo de Zuckerberg contrasta com o enorme prejuízo operacional registrado pelo Reality Labs da Meta. A unidade de realidade virtual e metaverso da empresa acumula perdas de mais de US$ 60 bilhões desde 2020.