Na década de 90, o escritor Neal Stephenson criou o termo metaverso na sua obra “Snow Crash, no qual citava o metaverso como um mundo 3D com avatares de pessoas reais. Em 2021 o termo ganhou notoriedade em todo o mundo quando o Facebook anunciou que mudaria seu nome para Meta e que passaria a focar nesta nova realidade digital.

Antes mesmo do Facebook anunciar seus planos para o metaverso, no universo das criptomoedas os usuários já contavam com plataformas de metaverso como Decentraland, lançada em 2015 (porém como ambiente digital e 3D, em 2017/18).

Contudo, muito antes ainda das plataformas de metaverso com blockchain e, antes mesmo da criação do Bitcoin, uma rede social buscou aplicar os conceitos de metaverso e contruir uma nova socieade digital, nascia em 2003 o Second Life.

Agora, gigantes internacionais como Nvidia e Nike já apostam nesse mercado por meio de investimentos em plataformas digitais que permitem a criação de avatares 3D, espaços colaborativos para construção de metaversos e novas tecnologias para games, por exemplo.

No território nacional, o Banco do Brasil também lançou uma experiência virtual dentro do servidor do game GTA, além de ter anunciado uma plataforma própria de metaverso. O banco Itaú também já anunciou ações no metaverso, além de diversas empresas nacionais, inclusive com parcerias com o The Sandbox.

Assim,  o metaverso é uma das principais tendências de 2022 quando falamos de tecnologia, mas esse ambiente virtual imersivo serve mesmo para alguma coisa ou tudo não passa de um grande hype?

O Cointelegraph ouviu alguns especialistas e empreendores nacionais sobre o assunto, confira.

Metaverso é movimento sem volta

Para Bruno Milanello, Executivo de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, o movimento do metaveso não tem volta. Ele desta que o conceito de metaverso não é novo. O que é novo é a forma como estamos interagindo e aponta também que é preciso entender que existem diversos "metaversos" e não algo único.

"Caminharemos para isso? Difícil dizer, mas o que provavelmente acontecerá é que teremos distintos metaversos que se "conversam", que se comunicam, que se complementam e que se interagem. Vamos desmistificar o conceito com uma exemplo bem simples: um shopping center seria um grande metaverso e cada loja, seus metaversos privados. Se comunicam de certa forma e integram algo maior. Percebe?", disse.

Ele também aponta que a transformação que a pandemia causou na vida das pessoas é algo irreversível. A livre circulação de pessoas foi severamente comprometida. Porém, diversas outras possibilidades se abriram. 

"As criptomoedas tiveram suas teses validadas por uma restrição social e a abundante liquidez monetária permitiu que os ativos tivessem um salto bastante relevante desde março de 2020. O que faltava era realmente algum meio ou ambiente ou ecossistema para que todos se comunicassem e interagissem de forma virtual e ao mesmo tempo segura. O metaverso (ou os vários metaversos) é (são) a(s) resposta(s) para isso.

Dentro desse contexto, tivemos duas grandes empresas mudando seus nomes (Facebook para Meta e a Square para Block), que reforçam ainda mais um movimento inevitável", disse.

Dentro desse contexto, tivemos duas grandes empresas mudando seus nomes (Facebook para Meta e a Square para Block), que reforçam ainda mais um movimento inevitável.

Objeto de desejo

Para Lucas Schoch, fundador e CEO da Bitfy, o metaverso é um ecossistema de grande potencial ainda inexplorado, as ações ainda são incipientes com notoriedade do setor de games e da arte. Os grandes players do mercado começam a figurar em metaversos distintos, tendo como diretriz a venda de diversos itens, avatares, e terrenos, por exemplo.

Para o executivo, o que está provado até agora, porém, é a monetização deste mercado, onde se vê necessário a criação de uma carteira para armazenar os ativos, e assim a carteira de custódia própria da Bitfy entra no metaverso como realizadora.

Todas as compras neste mundo de realidade virtual são efetuadas através de uma NFT (moeda que circula no metaverso como meio de pagamento), obtida através de uma criptomoeda (geralmente o Ethereum), que posteriormente se transforma no objeto de desejo do usuário.

Conectividade e 5G

Já no mercado da telecomunicação, Jotta Fernandes, CXO da mobtech Veek, entende que o papel das operadoras digitais é conectar o brasileiro de forma simples e acessível, utilizando a tecnologia 5G para tornar esse cenário possível.

“Junto a outras operadoras, a Veek trabalha para preparar o caminho desta tecnologia, já de olhos no futuro, enquanto observamos institutos chineses começarem os testes em redes 6G, alcançando a velocidade fantástica de mais de 200 gigabytes por segundo”, defende.

Avanços na saúde

Assim como muitas indústrias estão agora correndo para ter uma presença no metaverso, a saúde também caminha nessa direção, além do que já é. Formas de terapia que ocorrem usando tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada já são uma prática dentro do conceito de metaverso. Fisioterapia, terapia cognitiva e a própria telemedicina são exemplos desse avanço. 

“Mesmo com especialistas dizendo que ainda pode demorar anos para chegarmos a um modelo ideal e completo do metaverso, já temos cenários do que a nova tecnologia pode proporcionar, inclusive alinhada ao 5G, que, por si só, já vai dar um upgrade em nossa navegação”, explica Rafael Almeida, gerente de produto da healthtech Saúde da Gente.

Novidades no e-commerce

De bancos ao varejo, a migração para o metaverso está acontecendo. Além disso, há aquelas que nasceram especificamente neste cenário, antes mesmo dele ficar “hypado”. É o caso da Code Coast, startup de realidade aumentada que tem como um de seus principais propósitos democratizar o uso da tecnologia no mercado de e-commerce brasileiro. 

Para a era do metaverso, a empresa será uma prestadora de serviço e colaboradora  para essa construção, pois abrange diversas áreas de atuação, tais como eventos e ações de mídia, varejo, imóveis, construção, dentre outras. 

“O mercado de Realidade Aumentada no Brasil ainda é pouco explorado, o que nos deixa em um oceano de oportunidades e crescimento", explica Ismael Nascimento, CTO da startup. 

Desafios

Já Gabriel Figueira, especialista em comunicação digital e head de marketing na Zappts, aponta que o metaverso tem o objetivo de aproximar cada vez mais o mundo físico do online e que essa tendência chegou para ajudar a acelerar ainda mais a transformação digital, refletindo diretamente na experiência do usuário. 

Porém ele destaca que por mais que o metaverso chame a atenção positivamente, os desafios nos “bastidores” rodeiam quem deseja implantar o ambiente virtual na rotina corporativa e destaca alguns pontos.

  • Segurança de dados: as empresas se preocupam cada vez mais com segurança dos dados, desta forma, não é à toa que há uma revolução na área de T.I constantemente. O metaverso exige um novo nível para a proteção das informações de identidade e daquilo que for conquistado no ambiente virtual, considerada as posses. Para a confirmação dos dados, possivelmente, as plataformas irão pedir informações além das que estamos acostumados, como data de nascimento ou e-mail, por exemplo.
  • Tempo e espaço: quando comparamos a realidade física da virtual, a percepção de tempo e espaço pode ser diferente, visto que a consciência sobre nosso corpo é menor no metaverso. A conexão entre tempo e espaço deve demonstrar conforto e consciência enquanto os usuários estão dentro do ambiente virtual. 

LEIA MAIS