Em números absolutos, a quantidade de exchanges de criptomoedas centralizadas em operação hoje no mundo inteiro sugere que este se trata de um mercado altamente competitivo, mas os números de um levantamento recente do The Block Research sugerem que esta "moeda" claramente tem dois lados.

Obviamente, trata-se, sim, de um setor em que a competição é acirrada, com a entrada constante de novos players de forma recorrente, sejam criptonativos ou instituições financeiras tradicionais. No entanto, há um player que se destaca pelo amplo domínio do mercado, muito à frente de todos os demais competidores: a Binance.

Por si só, a constatação não é uma surpresa. É sabido que a empresa fundada por Changpeng "CZ" Zhao em 2017 é a líder do mercado de CEX (exchanges centralizadas). Os números mais recentes, porém, são impressionantes.

Nas 24 horas de 23 de outubro, o rastreamento do The Block Research apontou que a Binance respondeu por 55% do volume total de negociações de criptomoedas no mercado à vista. Além da líder, apenas três exchanges possuem uma fatia superior a 5% do mercado à vista, segundo o levantamento: Upbit (6,1%), OKX (5,4%) e Coinbase (5,3%). Muito atrás da Binance, portanto. Em seguida vem a Kucoin, com 4,7%, e a FTX, com 4,5%.

Deve-se levar em conta que os números da exchange comandada por CZ não contabilizam as negociações realizadas no âmbito da Binance US. A subsidiária norte-americana da líder global responde por 1,4% do total.

O mesmo vale para a FTX, que como sexta colocada no ranking do The Block Research tem uma participação de 4,5% do total. Já a FTX.US responde por 0,6%. A participação de mercado somada da marca comandada pelo bilionário Sam Bankman-Fried chega, assim, a 5,1%.

Participação de mercado das CEX (exchanges centralizadas) em 23 de outubro de 2022. Fonte: The Block Research

A participação da Binance no mercado global é similar à que a empresa possui no mercado brasileiro de negociação de Bitcoin (BTC). Até maio deste ano, a Binance respondia por mais da metade deste mercado.

Após a quebra de contrato com o Banco Capitual, instituição financeira que intermediava saques e depósitos entre os clientes e a empresa, a participação da exchange caiu para 39,33% em julho. No entanto, já em agosto, voltou a subir, atingindo 45,06%, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

Mercados de derivativos

A dominância da Binance é bastante similar nos mercados de derivativos de criptomoedas. Como líder do segmento, a exchange respondeu por 54,4% do volume total negociado em 23 de outubro.

Como se trata de um mercado mais restrito, em parte devido à insegurança regulatória, as participações de suas concorrentes diretas são mais elevadas, embora estejam longe de ameaçar a liderança da empresa de CZ. Em 23 de outubro, a OKX registrou uma participação levemente superior a 14% das negociações de derivativos, seguida pela Bybit, com 10,2% e a FTX, com 8,8%.

Consolidada como líder do mercado global de criptomoedas, a Binance agora está buscando se adequar às leis dos mercados de capitais dos países onde opera em meio a acusações de que as teria desrespeitado nos EUA e no Reino Unido.

Recentemente, a empresa criou um Conselho Consultivo Global composto por personalidades experientes em questões políticas e regulatórias, que conta com a participação do ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para atuar em coordenação com autoridades financeiras globais em busca das melhores práticas de mercado.

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