Três anos depois da falência da FTX, que marcou o fundo do mercado de baixa, o fantasma da exchange de criptomoedas de Sam Bankman-Fried volta a assombrar os investidores da Solana (SOL).

Em 1º de março, US$ 2,5 bilhões em SOL vendidos pelo espólio da FTX durante o processo de estruturação da massa falida da exchange serão desbloqueados, potencialmente desencadeando pressão vendedora sobre o token nativo da Solana.

Bankman-Fried investiu alto na Solana durante os estágios iniciais de desenvolvimento da rede. Como é comum na indústria de criptomoedas, o acordo previa um período de bloqueio dos tokens para evitar que despejos de grandes quantidades de SOL pudessem impactar negativamente a cotação do par SOL/USD.

Em apenas um mês, ocorrerá o maior desbloqueio de SOL do espólio da FTX. Os US$ 2,5 bilhões que serão liberados em 1º de março representam pouco mais de 2% da capitalização de mercado atual da Solana.

Analistas da gestora de ativos VanEck ouvidos pela Blockworks divergem sobre o real impacto do desbloqueio sobre o preço do SOL.

Mathew Siegel, chefe de pesquisas da VanEck, destaca que a liquidação da FTX atraiu novos investidores para o SOL. "Em breve saberemos se esses investidores, que já obtiveram ganhos substanciais, manterão o foco no longo prazo ou estarão dispostos a realizar os lucros", afirmou.

Matt Maximo, analista da VanEck, acredita que os investidores que adquiriram o SOL da FTX com desconto estão em busca de ganhos ainda maiores, na ordem de no mínimo 10 vezes o valor investido. Assim, segundo Maximo, são pequenas as probabilidades de que os tokens desbloqueados sejam despejados no mercado ao preço atual do SOL.

Grayscale Solana Trust pode gerar pressão adicional

Outro fantasma do passado que pode impactar o preço do SOL é o Grayscale Solana Trust (GSOL), um produto de investimento institucional atrelado ao SOL. Investidores que tiveram acesso a uma oferta privada do GSOL adquiriram participações do trust com desconto em relação ao valor de mercado das ações.

O acordo determinava o bloqueio das ações por um ano e o prazo vence nesta semana. No entanto, o GSOL tem apenas US$ 125 milhões em ativos sob gestão. Por isso, um eventual impacto sobre o mercado tende a ser limitado, afirmou Ben Lilly, sócio fundador da Jlabs Digital na última edição do podcast "The Trading Pit":

“A ação de preço [do SOL] não está sofrendo nenhum impacto do fundo da Grayscale. O valor é muito pequeno, como uma gota no oceano, em termos do tamanho do mercado."

Além disso, o prêmio do GSOL em relação ao valor dos ativos sob gestão caiu significativamente nas últimas semanas.

O GSOL chegou a ser negociado com um prêmio de 7 vezes em 2024. A diminuição da euforia neste começo de ano e a iminência dos desbloqueios reduziram o prêmio para 1,45 no começo desta semana.

Reformulação do tokenomics do SOL

A política monetária inflacionária do SOL é tema de constantes debates entre a comunidade de criptomoedas. Parte dos investidores acredita que o tokenomics deficiente pode impactar negativamente o preço do token no longo prazo.

Visando reduzir a pressão inflacionária sobre o preço do SOL, a Multicoin Capital apresentou recentemente uma proposta para reformular o tokenomics do criptoativo, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.

A proposta introduz uma solução orientada pelo mercado na qual a emissão de novos tokens é calculada dividindo a quantidade de SOL em staking pelo suprimento circulante total.

Se a taxa de SOL em staking cair abaixo da taxa-alvo sugerida de 50%, a emissão de novos tokens aumenta para gerar incentivos adicionais aos stakers e validadores.

Por outro lado, se o SOL em staking exceder a taxa-alvo, a emissão de tokens é reduzida. Adicionalmente, um limite máximo será implementado para controlar a cunhagem de novos tokens, garantindo um equilíbrio na oferta.