Após o terremoto nos mercados financeiros provocado pelo lançamento de um novo modelo de inteligência artificial (AI) da startup chinesa DeepSeek, que resultou na evaporação de US$ 2 trilhões em capitalização de mercado de ações norte-americanas em apenas 24 horas e na queda do preço do Bitcoin abaixo de US$ 100 mil, a macroeconomia retorna ao centro das atenções com três eventos cruciais agendados para os próximos dias.
Dados e perspectivas sobre as taxas de juros, o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação nos EUA serão conhecidos nos próximos três dias, potencialmente desencadeando novos surtos de volatilidade nos mercados no curto prazo.
No entanto, outros indicadores apontam que “as perspectivas macroeconômicas parecem muito sólidas para 2025”, conforme afirmou Charles Edwards, fundador do fundo de hedge Capriole Investments, em seu mais recente boletim de análise de mercado.
A primeira reunião de 2025 do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) acontece na quarta-feira, 29. Uma vez que é praticamente consenso que o Banco Central dos EUA (Fed) vai pausar a redução nas taxas de juros, as atenções estarão voltadas para a entrevista de Jerome Powell.
O tom das declarações do presidente do Fed indicará se a interrupção na queda dos juros é temporária ou representa uma guinada hawkish na política monetária dos EUA.
Powell não terá ao seu dispor dados sensíveis para a economia dos EUA que serão divulgados nos dias seguintes. Na quinta-feira, será revelada uma estimativa do PIB do quarto trimestre.
As expectativas do mercado apontam para um crescimento de 3%. Qualquer valor acima disso seria surpreendente, sugerindo que a economia está excessivamente aquecida e a tendência de elevação dos juros deverá se impor entre os membros do Fed. Por outro lado, um crescimento inferior a 2% sinalizaria um declínio preocupante da atividade econômica.
Por fim, na sexta-feira, será anunciado o índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) de dezembro – o indicador mais relevante da inflação para o Fed. Os analistas projetam uma alta de 0,2%. Qualquer número igual ou abaixo das expectativas seria favorável para os ativos de risco – Bitcoin e criptomoedas incluídas.
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3 indicadores macroeconômicos que sinalizam retomada da tendência de alta
Edwards destaca que, enquanto a adoção institucional tem sido o principal catalisador da alta do preço do Bitcoin no ciclo atual de mercado, a correlação com os mercados tradicionais também se intensifica significativamente.
Assim, os desdobramentos dos eventos testemunhados na segunda-feira, 27, permanecem no radar dos investidores de criptomoedas.
Apesar das incertezas momentâneas, o executivo afirma que os temores relacionados à alta dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos e à correção dos ativos de risco no início deste ano são infundados. Edwards vai além e sugere que a queda das ações e das criptomoedas representa uma excelente oportunidade de curto prazo.
Em primeiro lugar, o índice Put-to-Call do S&P 500 atingiu os extremos da Covid 2020, o que seria um forte sinal de compra, afirmou:
“Os mercados estão assustados com a alta no mercado de trabalho. No curto prazo, é uma reação exagerada, já que menos empregos significa mais margem de manobra para que os juros permaneçam altos. MAS, números fortes de empregos como os de hoje significam, na verdade, que o mercado de alta pode durar muito mais tempo do que se pensava. Essa foi a melhor leitura em 6 meses e, por enquanto, coloca em xeque a possibilidade de um fundo do poço no desemprego. Além disso, confira a insana leitura intradiária da relação put-to-call em 10 de janeiro, tão alta quanto as mínimas do crash da Covid.”
A volatilidade na relação entre ações e títulos do Tesouro também é um indicador de que a tendência macro segue sendo de alta. Além disso, os spreads de crédito permanecem em forte tendência de baixa, um fator muito positivo para as ações e o Bitcoin em 2025, segundo o executivo:
“Quando os spreads de crédito BBB corporativo se contraem, isso dá um forte sinal de que os mercados de títulos ainda estão mais inclinados para o risco, um indicador macro historicamente importante. É claro que isso tudo pode mudar a qualquer momento, mas, até agora, o sinal está verde.”
As correções e a volatilidade testemunhadas em janeiro não devem ser temidas, segundo Edwards. “Os dados on-chain do Bitcoin sugerem que estamos na metade do mercado de alta, e as comparações com ciclos anteriores (e com o ouro) sugerem que a maior parte dos ganhos ainda pode estar por vir", conclui Edwards.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a manutenção do suporte em US$ 98 mil é fundamental para que o preço do Bitcoin retome a tendência de alta e evite novas quedas de até 15%.