A plataforma de negociação de tokens não fungíveis (NFT) Opensea.io acaba de receber uma curiosa coleção tokenizada que representa alguns dos maiores "golpes de Bitcoin" da história do Brasil, alguns deles bilionários, conforme matéria do CriptoFácil.

A coleção, batizada de Brazil Bitcoin Scam (Golpes de Bitcoin do Brasil) reúne NFTs, cada um representando uma história já conhecida da comunidade Bitcoin no Brasil: empresas que surgem oferecendo investimentos em Bitcoin, crescem exponencialmente e, assim que há alguma adversidade (que varia entre investigação ou suspensão da CVM até operações policiais espetaculares), desaparecem levando milhares de BTC.

As empresas "homenageadas" pelo usuário, que assina AA4BA4, são bem conhecidas no Brasil. Chama atenção também a impunidade entre os responsáveis pelos golpes, muitas vezes bilionários, quase todos "desaparecidos". Vamos à lista:

 

1. Grupo Bitcoin Banco

O NFT dedicado ao GBB tem a curios descrição de "Our favourite 171 from Brazil", ou "Nosso 171 favorito no Brasil. O nome também rende "homenagem" ao principal responsável pelo calote bilionário do GBB: Cláudio Oliveira, mais um a desaparecer depois do barco afundado. O NFT chama-se, portanto, "Craudim Bitcoin Banco".

O GBB oferecia rendimentos através de "arbitragem" de Bitcoin, chegando a ter "embaixadores" famosos como Cauã Reymond e Tatá Werneck. Suspendeu os saques em maio de 2019, alegou hacks na plataforma e deixou um rastro de destruição bilionária para quem acreditou na empresa.

2. MyAlice Extreme

A MyAlice também prometia "negociações automatizadas" com criptomoedas para gerar lucros. A história final é sempre a mesma: saques bloqueados, investidores no prejuízo, e o responsável, Diego Vellasco, sumido.

Vellasco também é o tema do nome do token: "Diego do Pó Vellasco MyAlice/VL Capital". Na descrição, uma referência a um clássico infanto-juvenil: "My Alice in Wonderland".

3. Atlas Quantum

Mais uma empresa que conseguiu reunir algum prestígio na comunidade Bitcoin, reunir investidores de peso para depois desaparecer com os fundos de todos os investidores: a Atlas Quantum, do também "desaparecido" Rodrigo Marques.

O token "Rodrigão from Atlas Quantum - Magical Trade Scheme" também faz referência aos supostos "bots de negociação milagrosos" prometidos pela Atlas, que levou consigo 15.000 BTC, ou R$ 4,7 bilhões em valores atuais.

As promessas de "lucros grandiosos" transformaram-se em prejuízo bilionário, até hoje sem solução, seja para a Justiça ou para a polícia.

4. Unick Forex

A Unick Forex, uma das pirâmides bilionárias mais articuladas do Brasil, foi desmontada em operação policial em outubro de 2019, com quase toda a sua diretoria terminando atrás das grades, em um raro caso de piramideiros que pagaram por seus crimes.

A empresa prometia lucros "incríveis" (porque irreais) de 400% garantidos, supostamente através de uma plataforma de arbitragem. O resultado da empreitada de Leidimar Lopes foi US$ 12 bilhões de prejuízo. O NFT recebeu o nome de "Unickera MMA nevoso".

5. Dreams Digger

A Dreams Digger ou DD Corporation tem como principal operador da fraude o "empresário" Leonardo Araújo, mais um "desaparecido" da lista de NFTs.

A pirâmide prometia retornos anuais de 250%, mas acabou em dezembro de 2019 com a famosa suspensão dos saques na "plataforma". Os fundos em BTC nunca mais foram vistos, assim como Araújo. Na época do fechamento, a antiga sede da empresa foi invadida e depredada.

Leonardo Araújo é mais um homenageado (ele chegou a surgir nas redes sociais em Dubai e em Portugal ostentando bens de luxo, enquanto ex-clientes o processavam na Justiça brasileira): o token chama-se "Dreams Digger/DD Corporation do Leonardo Araújo".

6. Minerworld

O token faz referência à Minerworld uma pirâmide supostamente baseada na mineração de Bitcoin. Na Minerworld, os investidores depositavam dinheiro com promessa de lucros de 100% ao ano.

O golpe da empresa, que chegou a ter um parque de mineração no Paraguai, movimentou mais de R$ 300 milhões. O token da Minerworld é descrito ironicamente como: "Agora pode me chamar de Unick", em referência à sua "pirâmide-irmã" do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul.

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