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Relançamento da FTX pode não dar certo devido à quebra da confiança dos usuários, dizem observadores

Os observadores da indústria de criptomoedas questionaram se os clientes ou investidores vão querer “chegar perto” da FTX novamente.

Relançamento da FTX pode não dar certo devido à quebra da confiança dos usuários, dizem observadores
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Vários comentaristas da indústria de criptomoedas expressaram ceticismo sobre a proposta do CEO da FTX, John Ray, de potencialmente reabrir a exchange de criptomoedas para os investidores, citando questões de confiança e tratamento de “segunda classe” aos clientes como razões pelas quais os usuários podem “não se sentir seguros para voltar” a utilizar a plataforma.

O ex-CEO da FTX Sam Bankman-Fried publicou uma postagem no Twitter em 20 de janeiro elogiando John Ray por pensar em reativar a FTX, sugerindo que é a melhor opção para os clientes da exchange.

Estou feliz que o Sr. Ray está finalmente falando da boca para fora em reativar a exchange novamente depois de meses esmagando tais esforços!

Ainda estou esperando que ele finalmente admita que a FTX US é solvente e devolva o dinheiro aos clientes.

— SBF (@SBF_FTX) 

O comentário veio à tona depois que John Ray disse ao The Wall Street Journal em 19 de janeiro que estava pensando em reativar a exchange de criptomoedas para ressarcir inteiramente os usuários.

Ray observou que, apesar dos ex-altos executivos da empresa estarem sendo acusados de má conduta criminal, as partes interessadas demonstraram interesse nas possibilidades de reabertura da plataforma – considerando a exchange como um "negócio viável."

Em comentários ao Cointelegraph, o CEO da Binance Australia, Leigh Travers, acredita que será difícil que a FTX obtenha uma licença novamente, principalmente porque o setor vai enfrentar maior escrutínio e supervisão dos reguladores.

Travers também observou que, desde o fechamento da exchange, os usuários da FTX migraram “para outras plataformas, como a Binance”. Ele questionou se esses usuários “se sentirão seguros para voltar.”

Ele abordou a questão da governança e dos controles administrativos da FTX. O processo de falência revelou que a FTX oferecia a alguns clientes “tratamento preferencial”, incluindo a implementação “códigos secretos de programação” usados em interesse dos executivos da exchange. Travers observou:

“Como os usuários se sentirão confortáveis voltando para uma plataforma que tratava alguns clientes como de segunda classe?”

O advogado de ativos digitais Liam Hennessy, sócio do escritório de advocacia australiano Gadens, acha que seria “muito difícil” para a FTX – devido aos danos à reputação e à falta de confiança – fazer com que clientes ou investidores “se aproximem dela novamente.”

Hennessy também estava cético sobre a possibilidade de que a FTX possa receber uma licença novamente, dizendo que este é “um grande ponto de interrogação” que depende inteiramente das jurisdições em que pretende operar.

O advogado acredita que em algumas jurisdições offshore será mais fácil para a exchange obter a licença, mas será inútil se seus usuários não tiverem interesse em retornar.

“Pular os obstáculos que as principais jurisdições estabelecerão, como EUA, Reino Unido e Austrália, será um grande desafio.”

Enquanto isso, Aaron Lane, professor sênior de direito do Blockchain Innovation Hub da RMIT University, disse ao Cointelegraph que "não é surpreendente" que a FTX considere reativar sua plataforma de negociação, afirmando que esse é o objetivo do processo sob o Capítulo 11: dar à empresa a capacidade de propor um plano para administrar o negócio e pagar os credores "ao longo do tempo com a aprovação do tribunal."

Ele acredita que o “ônus recairá sobre a FTX”, ou a um credor que apresente um plano concorrente, para mostrar que os usuários prejudicados obterão um “melhor resultado” com o plano de reativação em comparação com a liquidação dos ativos da empresa.

Lane, no entanto, também questionou se os clientes voltarão a confiar na FTX, dizendo que é possível que outra empresa que pretenda lançar uma nova exchange “utilize essa infraestrutura” em vez de desenvolver sua própria interface do zero.

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