*Por Camila Rioja Arantes

Os NFTs estão dando o que falar em 2021 com o aumento do número de interessados pelos tokens não fungíveis, tanto por parte dos consumidores e empresas como as novas possibilidades a soluções aplicadas por meio dessa tecnologia. Com base na blockchain e trazendo a arte e outros itens únicos e exclusivos, tem encantado artistas, jogadores e colecionadores.

Dados organizados pelo NonFungible.com, por exemplo, nos mostram a grandeza desse mercado: apenas no segundo semestre deste ano, o mercado de NFTs cresceu 48,2% e movimentou US$ 754,3 milhões, representando uma alta de 35,5 vezes todo o dinheiro movimentado entre abril e maio de 2020. Além disso, o número de carteiras ativas de NFT subiu 340% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. Um grande impacto. 

E juntando as potencialidades da nova economia digital à paixão dos brasileiros por futebol, esse crescimento do mercado tem reverberado com força aqui no Brasil e temos visto um boom de clubes de futebol aderindo aos NFTs. Além de gerar uma conexão mais próxima com os torcedores, esse processo tem oportunizado novas possibilidades de retorno financeiro positivo para os clubes.

Através de plataformas como o KR8, que é construída em Celo, os fãs podem criar uma rede global de trocas e negociar por lá cartões NFTs colecionáveis esportivos. Os clubes, por sua vez, podem se beneficiar desses espaços de trocas. 

Os NFTs também abrem um mundo extremamente valioso para artistas e músicos. Hoje, cerca de 83% das receitas dos artistas vão para as gravadoras e outros profissionais da indústria. Para ter maior segurança, controle da monetização de seu trabalho e facilitar a conexão com apoiadores, artistas agora têm às mãos plataformas interessantíssimas como a CreateSafe e a EQ, desenvolvidas no blockchain de Celo, e podem transformar suas criações artísticas em NFTs, ao mesmo tempo que se aproximam do seu público, que também é  beneficiado por poderem investir cedo nos artistas, antes de atingirem seu auge. Caminhando em direção a um mundo descentralizado é possível gerar valor de coisas que antes acabam solúveis e findáveis. 

E o caminho reverso também é realidade. Ou seja, eternizar o que já está traçado para a extinção através de NFTs hoje é possível através do Wildchain, uma ferramenta de ação climática sem fins lucrativos que gamifica o financiamento da conservação, permitindo que os usuários adotem a vida selvagem, fazendo com que animais raros sejam registrados como NFT, e possam plantar árvores para reduzir sua pegada de carbono - além de apoiar esforços de conservação no mundo real. Não podemos esconder que o processo de desenvolvimento dos NFTs resulta em um impacto ambiental significativo, então é mais do que essencial pensar no caminho reverso. E felizmente a nova economia digital abre espaço para isso. 

De forma a quantificar a questão, cientistas independentes recentemente relataram que a elaboração de um NFT pode produzir mais de 200 quilos de gases poluentes, o que equivale a dirigir por mais de 800 quilômetros em um veículo que roda à gasolina, a depender do protocolo utilizado. Somado a isso, cerca de 67% de toda a vida selvagem da Terra foi perdida nas últimas quatro décadas e aproximadamente 37.500 espécies estão ameaçadas de extinção. Ou seja, iniciativas como a Wildchain se tornam uma boa opção de equilíbrio entre preservação, eficiência energética e novas tecnologias.

E com certeza ainda há o que se explorar quanto às possibilidades de uso dos NFTs, mas já podemos adiantar: existe potencial, interesse e mercado. Alinhar o foco e as possibilidades de uso da tecnologia com propósitos nobres e aliados com a preservação do do meio ambiente, inclusão financeira e estratégias para a melhoria de vida da população têm fit com a proposta de NFTs -- agora é observar como as startups e a comunidade começam a moldar o uso da tecnologia e seus recursos. 

As opiniões deste artigo são de responsabilidade exclusiva da autora e não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil.

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