O ano era 1907, quando a elite carioca entusiasta dos carros à combustão, que começavam a tomar as ruas da cidade, decidiu fundar o Automóvel Clube do Brasil. Na época, o local escolhido foi o opulente prédio localizado na Rua do Passeio, no Centro, local erguido em 1783 pela corte portuguesa, que desejava criar um espaço nobre para se instalar. Quase 120 anos depois de ser inaugurado com o status de sede do entusiasmo nacional pelos carros emissores de carbono na atmosfera, o prédio, que anos antes havia sediado o Cassino Fluminense e que nas últimas duas décadas se encontra em estado de abandono, deverá se transformar na nova sede do Centro de Finanças do Amanhã.

De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo na última quarta-feira (11), a prefeitura do Rio de Janeiro, dona do imóvel, vai desembolsar R$ 37 milhões pela reforma do prédio. Já o secretário de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões, informou que o objetivo da administração municipal é atrair startups, universidades e entes públicos que estejam interessados no fomento e debate regulatório em relação à transição energética, créditos de carbono e finanças descentralizadas (DeFi).

Bulhões classificou a iniciativa como uma evolução da Bolsa Verde ao argumentar que o local será uma espécie de catalisador de iniciativas que dialoquem com o mercado financeiro e com os reguladores nacionais, já que, segundo ele, o Brasil tem necessidade de transformar o mercado créditos de carbono em realidade. 

Após a conclusão da reforma, prevista ser entregue entre o final de 2023 e o início de 2024, o local deverá ter entre seus primeiros inquilinos um braço educacional da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que está em fase de negociação com a prefeitura, segundo a reportagem. 

O Centro de Finanças do Amanhã é um braço do Programa Bolsa Verde, iniciativa voltada à criação de um mercado voluntário de créditos de carbono na Cidade Maravilhosa, lançada em abril de 2021, quando a prefeitura anunciou a criação de um grupo de trabalho no âmbito da criação de um projeto que prevê a redução do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), o “ISS Neutro”, em tramitação na Câmara Municipal, que representa a redução do imposto até o limite de R$ 60 mil para empresas que compensarem suas emissões de carbono na cidade.

Na ocasião do lançamento da Bolsa Verde, a Tembici, uma empresa ligada à micromobilidade, responsável por bicicletas compartilhadas no Rio, São Paulo e Brasília, entre outras cidades, anunciou o leilão de 750 unidades de créditos de carbono, com lances a partir de US$ 7 a unidade.

Em março do ano passado, os governos estadual e municipal do Rio assinaram um protocolo de intenções com a Nasdaq e a Global Environmental Asset Plataform (GEAP) para abertura de uma bolsa para negociação de créditos de carbono na capital fluminense, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil

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