A Polícia Federal concluiu as investigações sobre a empresa acusada de pirâmide financeira, Unick Forex, e, segundo apurações, concluiu que a empresa teria uma dívida de R$ 12 bilhões com seus clientes.
No total a empresa teria movimentado mais de R$ 28 bilhões.
Alvo da Operação Lamanai, realizada em outubro de 2019, a Unick Forex afirmava pagar até 30% de rentabilidade para seus clientes por meio de supostas operações no mercado Forex com Bitcoin e criptomoedas, porém a suspeita e o laudo da PF apontam que a empresa atuava como uma pirâmide financeira.
Ainda em 2019 o delegado Aldronei Pacheco Rodrigues, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF, apontou 13 pessoas como responsáveis pelas atividades da empresa, acudas de ser uma organização criminosa.
No decorrer do processo e das investigações outras duas pessoas passaram a ser investigadas como responsáveis pelo suposto golpe.
Com as investigações concluidas com base em todos os documentos e itens apreendidos durante a Operação Lamanai o resultado do trabalho de inteligência irá basear o julgamento dos acusados na Justiça Federal.
Atualmente todos os 15 acusados de serem responsáveis pelo suposto esquema da Unick Forex estão em liberdade.
O papel de cada um no suposto esquema
Leidimar Bernardo Lopes
Exerceria o comando da suposta organização criminosa, apresentaria-se aos clientes como fundador e CEO da empresa. Os demais denunciados referiam-se a ele como "comandante", "presidente" ou "chefe", dada a sua posição de ascendência sobre eles.
Danter Navar da Silva
Seria o diretor de marketing da Unick Forex e estaria ligado diretamente a Leidimar Lopes. Faria a divulgação, por meio de vídeos corporativos, palestras e produtos da empresa. Atuaria no planejamento e gerenciamento dos negócios da Unick.
Caren Cristiani Greff Martins
Advogada, teria atuado, para as atividades da Unick Forex. Trabalharia como "prestadora de serviços advocatícios à empresa".
Fernando Marques Lusvarghi
O advogado seria diretor jurídico da Unick Forex. Participaria da administração e gerência da empresa, atuando no planejamento de atividades. A partir da sua empresa SA Capital, prestaria garantia supostamente fictícia aos investidores. Receberia valores captados de clientes, controlaria e efetuaria pagamentos dos investimentos a clientes.
Paulo Sérgio Kroeff
Estaria ligado a Leidimar Lopes e Caren Greff. Seria o responsável pela aquisição e direção de empresas para Leidimar nas atividades que seriam desenvolvidas pela Unick Forex.
Israel Nogueira e Sousa
Seria diretor de comunicação e tecnologia da Unick Forex. Atuaria no desenvolvimento de sistemas para a operacionalização das atividades da empesa. Auxiliaria na abertura de empresa para a suposta organização criminosa em Los Angeles (EUA) e de contas bancárias para suposto recebimento de recursos dos investimentos.
Sebastião Lucas da Silva Gil
Integraria a equipe diretiva da Unick Forex. Movimentaria em sua conta bancária valores da Unick Forex e efetuaria contatos com clientes acerca de seus investimentos na empresa. Atuaria na criação de banco digital (OURBANK) para a suposta organização criminosa.
Euler da Silva Machado
Efetuaria pagamentos a pessoas, segundo a investigação, a mando de Leidimar Lopes. Controlaria pagamentos a clientes da Unick Forex.
Ronaldo Luis Sembranelli
Atuou, conforme a investigação, como "laranja" de Leidimar para a aquisição de ações de um banco com recursos que viriam das atividades da Unick.
Marcos da Silva Kronhardt
Atuaria como trader (profissional responsável por negociar ativos financeiros) e operador da Unick Forex no mercado Forex. O réu agiria como "prestador de serviços" por meio da sua empresa MSK Soluções Financeiras.
Fabiano Alves da Silva
Seria diretor administrativo da Unick Forex, e teria ligação direta com Leidimar Lopes. Seria responsável pela equipe de desenvolvimento, criação e projetos do suporte da empresa. Acompanharia a gestão e teria realizado, em conjunto a Leidimar, negócios da empresa.
Ana Carolina de Oliveira Lopes
Filha de Leidimar Lopes, teria exercido, com o pai, a administração da Unick Forex. Controlaria contas bancárias do grupo, cederia sua conta para supostos recebimentos de valores de investimentos, elaboraria, entre outros, contratos de traders para a Unick.
Itamar Bernardo Lopes
Movimentaria em contas bancárias próprias e de sua empresa valores que seriam captados pela suposta organização criminosa.
Ricardo Ramos Rodrigues
Contador, atuaria na suposta organização criminosa confeccionando documentos fiscais e contábeis do grupo.
O Cointelegraph tem uma série especial de reportagens sobre a Unick Forex que pode ser acessada no link.
Eles que se fodam
Em uma conversa gravada pela Polícia Federal, entre Leidimar Lopes, presidente da Unick Forex e seu pai, Alberi Pinheiro Lopes, que também é acusado de ser parte do suposto esquema da Unick Forex, Leidimar detalha que sua intenção nunca foi pagar os clientes da Unick.
Pai e filho conversavam em setembro de 2019 quando a Unick já não pagava seus clientes há meses e ambos discutiam qual seria o melhor lugar para se manterem ‘escondidos’ dos clientes da Unick.
Além disso falam sobre ameaças que vinham sofrendo e da possibilidade de matar quem ameaçava a família.
Porém durante o diálogo Leidimar revela então que sua intenção nunca foi devolver o dinheiro dos clientes da Unick Forex.
Além de não ter intenção de devolver o dinheiro dos afiliados da Unick Forex, Ledimar ainda zomba dos que pediram cancelamento e destacou que não estava nem ai para eles: “Eles que vão se foder”.
E, sobre os clientes que tinham alguma esperança de ajudar a empresa e reaver o dinheiro investido Leidimar também não poupa palavras, “Que se fodam agora”.
Para onde vai o dinheiro da Unick Forex
Durante a Operação Lamanai diversos bens da empresa foram apreendidos entre eles, R$ 200 milhões em contas bancárias ligadas a empresa e aos investigados.
No total foram apreendidos, até o momento:
44 carros de luxo, totalizando mais de R$ 5 milhões em valores da tabela da Fipe
Duas BMW X6, avaliadas em R$ 390 mil.
Um Porsche Panamera, de R$ 400 mil
Uma Range Rover Velar, avaliada em mais de R$ 400 mil
1550 Bitcoins
Bloqueio judicial de 9 imóveis (valor não divulgado)
R$ 200 milhões em diversas contas bancárias
R$ 747 mil reais em dinheiro
R$ 85 mil reais em moedas estrangeiras
Diversas jóias, que estão passando por perícias para identificar autenticidade
Porém não há garantia nenhuma de que este bens sejam usados para pagar os investidores.
O Cointelegraph fez uma reportagem especial sobre "Para onde vai o dinheiro apreendiddo da Unick Forex" que pode ser conferida no link.
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