Desde o dia 12 de janeiro, quando a rede varejista Americanas perdeu mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado após anunciar um rombo de R$ 43 bilhões em “inconsistências contábeis” que custou os cargos do então presidente da empresa, Sérgio Rial, e do então diretor de investimentos, André Covre, o AMER3, ticker de contratos das ações da Americanas, acumulava perda mensal de -87,3% e era negociado a R$ 1,36 nesta quarta-feira (8) na Bolsa de Valores do Brasil, a B3.

A derrocada das Americanas, que abalou mas não representou o fim das atividades da bolsa, aconteceu dois meses após a falência da exchange de criptomoedas FTX, originada por “inconsistências contábeis” que desencadearam uma queda generalizada de preços, embora o episódio também não tenha representado o fim do mercado de criptomoedas.

Por outro lado, guardadas as devidas proporções, os dois absurdos tiveram repercussões distintas junto à opinião pública, em boa parte por causa da aversão das pessoas às criptomoedas. Foi o que observou o diretor de investimentos da gestora baseada em criptomoedas QR Asset, Alexandre Ludolf, durante a participação do executivo no Smart Summit 2023, na última quinta (2).

Em entrevista à coluna E-Investidor, do jornal O Estado de São Paulo, Ludolf argumentou que o episódio da Americanas é igual ao da FTX, um caso de erro humano, de fraude segundo ele, embora o tratamento dado aos criptoativos seja muito diferente ao do mercado tradicional. O executivo prosseguiu dizendo que não faz sentido achar que as criptomoedas vão acabar por causa de uma pessoa fraudulenta, assim como ninguém acredita que a Bolsa encerrará suas atividades porque a Americanas quebrou.

Ele qualificou como uma “oportunidade de vida” o momento de queda de preços durante o mercado de baixa, disse que o problema da FTX foi a ganância de uma pessoa que não cumpriu as regras e não da tecnologia, disse que, a exemplo de algumas ações blue chips do mercado, algumas criptomoedas também estão solidificadas, como o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH). 

Alexandre Ludolf explicou que, em linhas gerais, as pessoas que têm aversão às criptomoedas são aquelas que não conhecem esse mercado, além do fato de as criptos mexerem com muitos dogmas. Fatores que, segundo ele, favorecem frases como: “Ah eu sabia, esse negócio não vale nada.” Ele também rechaçou a narrativa de uso das criptomoedas para a criminalidade e disse que o mercado cripto, que só tem 14 anos, está mudando com a ajuda da educação, informação e paciência. 

Em relação ao mercado de baixa, ele frisou que a queda de preços afetou todo o mercado, não só as criptomoedas, em razão de problemas como a alta na taxa de juros pelos bancos centrais, reversão dos estímulos de liquidez, guerra e a escalada da inflação, mas lembrou que a tecnologia é superior e que as criptomoedas estão em um nível de adoção muito grande.      

Na esteira da adesão das criptomoedas no Brasil o número de empresas comprando Bitcoin no país cresceu 593% segundo a Receita Federal, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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