O diretor de investimentos da QR Asset Management, Alexandre Ludolf, participou nesta quinta-feira (02) do painel ‘O Que Esperar em Cripto para 2023', no palco principal do Smart Summit 2023.
Em conversa mediada pelo jornalista Rodrigo Tolotti e com a participação da head de criptoativos da Levante, Luísa Pires, Ludolf defendeu que, mesmo com o bear market durante o ano passado, o setor de criptoativos teve um aumento significativo de adoção e desenvolvimento tecnológico.
"Em 2023, será o momento de colher frutos. As crises da FTX e Terra/Luna foram erros humanos, fraudes causadas pela centralização e falta de transparência, mas a tecnologia por trás do setor segue incólume. Por outro lado, já é possível dizer que cripto não é mais uma ilha, ou seja, o cenário macroeconômico mundial teve sua cota de influência no bear market", disse.
Ainda segundo ele, é preciso dissociar o preço da tecnologia e defende que apesar da queda das cotações ano passado, nunca se teve tanto desenvolvimento de aplicações e protocolos. "Este ano vamos ver tudo isso sendo colocado em prática", destacou.
Os painelistas apontaram que este ano o setor de smart contracts tem grande potencial de desenvolvimento, por oferecerem as bases para diversas aplicações. Entretenimento e jogos play-to-earn também estão no radar.
Segundo eles, aplicações de finanças descentralizadas merecem atenção, por serem soluções inclusivas que permitem que uma pessoa atue como cliente ou como provedor do mercado financeiro. Outro setor promissor, segundo Ludolf e Luísa, é a tokenização.
Setores promissores
Para Ludolf, o boom dos NFTs introduziu a ideia de bens físicos representados em blockchain e abriu caminho definitivo para a tokenização.
"Como infraestrutura de mercado, os tokens funcionam muito melhor do que o que temos hoje. Acredito que a tokenizadora é a securitizadora 2.0. Não é mais uma questão de saber se vai acontecer ou não, é sim quando vai acontecer. É um setor com alto potencial transformador para diversas indústrias, como os tradicionais cartórios", disse.
Para Luísa, a simplicidade dos processos proporcionada pela tokenização pode impactar a economia em outros pontos, como facilitar o acesso de pequenos empreendedores a recursos hoje muito caros ou complexos.
"É só observar, por exemplo, a diferença entre um IPO e uma tokenização. Falando a grosso modo, do ponto de vista operacional, é possível colocar uma tokenização na rua em uma semana; por outro lado, um IPO demora cerca de 6 meses. É menos custo, menos estrutura, menos processos. Realmente acho que tokenização vai ser a palavra dos próximos dois anos", defendeu.
Cenário de alta
Um relatório produzido pela BlockTrends Research, empresa do grupo integrado pelo QR, reforçou o otimismo dos investidores sobre "colher os frutos" em 2023, já que os dados destacados no documento apontam para uma recuperação mais intensa do Bitcoin, indicada pelo retorno das negociações de carteiras com alta concentração de ativos, as ‘baleias’.
De acordo com o relatório, essa movimentação indica um mercado mais otimista, pois é resultado do retorno de institucionais e grandes investidores que movimentam maiores quantias em suas carteiras.
Segundo a edição mais recente do levantamento o período de baixa teve um efeito de “limpeza”, filtrando os investidores de perfil de curto e médio prazo e abrindo espaço para os acumuladores, chamados ‘hodlers’. Para Cauê Oliveira, Head de Research do BlockTrends, esse movimento dá a possibilidade de ampliarem suas posições.
"Tipicamente, fundos de bear market são alcançados após uma série de capitulações, sejam de investidores, fundos ou empresas. Isso vai, aos poucos, forçando a saída de alavancados, novatos e especuladores de curto prazo. A volatilidade do preço do Bitcoin atingiu mínimas históricas no final de 2022 e no início deste ano, típicas de momentos de baixa negociação. Quem se beneficia são os acumuladores de longo prazo, agnósticos a preço. Analisando a blockchain, percebe-se que endereços com moedas de longo prazo passaram todo o período de baixa crescendo", destacou.
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