Uma série de conversas envolvendo Leidimar Lopes, presidente da Unick Forex preso pela Polícia Federal, e pessoas próximas, divulgadas nesta quarta-feira pelo Jornal NH, mostram que Lopes sabia que a empresa não se sustentava e mostrava desdém com as dívidas com clientes: "Eles que se f...", diz ele.
Na conversa divulgada nesta quarta-feira, 22 de janeiro, Lopes mostra-se irritado com os cancelamentos de clientes da Unick, diz que não vai devolver o dinheiro de ninguém e que esta sempre foi a intenção inicial.
Segundo o áudio transcrito, Leidimar Lopes ainda cogitava andar armado para "se proteger" de investidores que estariam ameaçando o presidente da Unick pelos calotes nos pagamentos. Veja o trecho publicado pelo NH:
Leidimar - Por que os que continuam tão tudo certo aqui? Por que eles quiseram cancelar? Eles que vão se f... agora.
Parente - É.
Leidimar - Não mandei ninguém pedir cancelamento.
Parente - É.
Leidimar - Eu organizei a empresa pra quem quer continuar, não pra quem quer parar.
Parente - Pra quem quer continuar, quem qué fazê as coisa.
Leidimar - Eu nunca falei pra ninguém que devolvia dinheiro pra alguém.
Parente - É.
Leidimar - Ou ouviu eu falando alguma vez isso aí pra alguém? Que se f… agora.
Parente - Não sei, dá até medo de sair né.
Leidimar - É, tem que se cuidar. Quando ir pra lá, ir com a (inaudível) e com a pistola carregada, e se baterem no carro ou se chegarem perto, não tem que pará. Se furar um pneu, uma coisa, tem que continuar.
Parente - É.
Leidimar - Porque daqui um pouco o cara tá ali atrás e finge um acidentezinho, dá aquela batidinha só pro cara parar e descer.
Parente - É, eles fazem isso aí.
Leidimar - Tem que se fazer de loco eeee lá no meio do mato lá, se alguém se atravessar, tem que meter em cima e tocá-lhe fogo. Não dá pra dá moleza.
Parente - É, já vô carregar os pentes. Carreguei dois pente de bala, vou carregar mais um outro. Eu tô a fim de ir lá pra fora, lá pra Neli uns dia. Ficá pra lá.
A Unick Forex já é considerada pelas autoridades um dos maiores esquemas de fraude da história da economia popular do Brasil. A empresa deixou milhares de clientes lesados e hoje tem todos seus diretores presos.
Segundo a matéria, os bilhões de reais movimentados pela empresa sumiram das contas particulares de diretores da Unick e convertida em imóveis de "laranjas" ou em remessas ilegais para o exterior. Somente um dos presos, Paulo Sérgio Kroeff, teria lavado mais de R$ 1 bilhão.
Leidimar e o diretor de marketing da empresa, Danter Silva, tiveram habeas corpus negados pela Justiça, com as autoridades considerando que eles representam ameaça às investigações. Nos autos do processo, a Unick diz que é "utilizadora do sistema de marketing multinível de forma legítima".