Cointelegraph
Walter BarrosWalter Barros

Capitaneados pela IA, novos data centers devem elevar em 2.000 MW consumo de energia no Brasil

Data centers devem atrair R$ 110 bilhões em investimentos até 2030, mas consumo de energia é alto, fora a utilização de água para resfriamento das máquinas.

Capitaneados pela IA, novos data centers devem elevar em 2.000 MW consumo de energia no Brasil
Brasil

Resumo da notícia:

  • Construção de novos data centers, capitaneados pela IA, deve representar R$ 110 bilhões em investimentos no Brasil até 2030.

  • Consumo energético deve saltar de 800 megawatts para 2.800 MW em cinco anos.

  • Sete projetos atuais, acima de 100 MW, estão ligados a grandes investidores.

  • Compra de equipamentos deve chegar a R$ 546 bilhões.

Liderada pela inteligência artificial (IA), a construção de novos data centers no Brasil deve representar cerca de US$ 20 bilhões, R$ 110 bilhões, em investimentos até 2030. O que deve impactar a demanda energética desse setor em 250%, segundo a Associação Brasileira de Data Center (ABDC).

Na estimativa da associação, os atuais 800 megawatts (MW) em data centers já construídos no país devem saltar para 2.800 MW nos próximos cinco anos. O impacto se deve ao elevado custo energético com a alta taxa de processamento computacional, além do consumo de água para resfriamento dos chips de IA.

Esse aumento de demanda, de energia elétrica e água, é encarado com desconfiança por parte do mercado, já que o avanço da tecnologia envolve investimento de peso e retorno incerto, para alguns analistas. Apesar disso, a tecnologia deve ser a protagonista da construção de novos data center ao redor do mundo nos próximos cinco anos. Nesse caso, os investimentos devem chegar a US$ 7 trilhões, R$ 39 trilhões, segundo estimativas da consultoria McKinsey.

No Brasil, esses “hotéis de supercomputadores” já atraem megainvestidores de peso estrangeiros e nacionais, como Goldman Sachs, BTG Pactual, Patria Investimentos e General Atlantic, de olho na expansão imobiliária da IA no país. A comparação se deve ao fato de os data centers serem enquadrados como ativos imobiliários, apesar de envolverem tecnologia.

De acordo com uma reportagem desta semana da Folha de São Paulo, sete empresas já anunciaram projetos acima de 100 MW, o equivalente ao consumo de uma cidade com um milhão de habitantes. Nesse caso, o mapeamento da Folha revelou que essas sete empresas (Scala, Elea, Omnia, Tecto, Aurea, 247 Data Centers e Terranova) possuem algum grau de ligação com grandes investidores, como gestoras estrangeiras. Esse é o caso da Digital Bridge, com US$ 96 bilhões sob gestão, e da Actis, investidora de infraestrutura controlada pela General Atlantic, que possui US$ 108 bilhões sob gestão.

Outro exemplo é o data center da ByteDance, em construção na região metropolitana de Fortaleza (CE), pertencente ao conglomerado chinês por trás do TikTok. A estrutura, que promete ser a maior da América Latina, deve alcançar 200 megawatts em capacidade instalada, o equivalente ao consumo de uma cidade com 2,1 milhões de habitantes. O projeto vai exigir 200 bilhões em investimentos da companhia chinesa e R$ 12 bilhões do Patria Investimentos, segundo a reportagem.

Em relação à compra de equipamentos, importados em sua maioria, a estimativa é de que as big techs devem desembolsar US$ 100 bilhões, R$ 546 bilhões, para “mobiliarem tecnologicamente os hotéis”.

Quanto ao data center do TikTok na grande Fortaleza, o sócio do Patria Investimentos e presidente da Omnia, Rodrigo Abreu, disse à reportagem que a instalação vais gerar R$ 16 bilhões em serviços exportados ao ano, montante dividido entre geradora de eletricidade, operadora do data center e subsidiária da big tech.

Por outro lado, uma perícia contratada pelo Ministério Público Federal (MPF), rechaçou a ideia pelo alto impacto ambiental do projeto, que, segundo o MPF, é “uma verdadeira termelétrica” envolvendo grande quantidade de geradores.

Nos Estados Unidos este mês, a rede elétrica do Texas voltou a aquecer por causa da IA, que superou o consumo energético das mineradoras de Bitcoin, conforme noticiou o Cointelegraph.