O Brasil deu mais um passo no lançamento de sua moeda digital, o Drex, já que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, realizaram a primeira transferência de Drex entre bancos públicos do país. A transação foi realizada durantes os testes da moeda digital que o Banco Central do Brasil (BC) pretende lançar até o final do ano que vem.

A operação envolveu a transferência de reservas bancárias das instituições financeiras dentro do ambiente de testes supervisionado pelo BC. A Caixa destacou que, no contexto de financiamentos imobiliários, o uso do Drex pode potencialmente reduzir o tempo necessário para a liberação de recursos para apenas algumas horas.

Rita Serrano, presidente da Caixa, expressa seu entusiasmo em relação à colaboração entre as instituições e destaca o compromisso com a inovação e modernização do setor financeiro. Ela afirma que estão ansiosos para explorar ainda mais o potencial das moedas digitais e transações ágeis.

Já Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, enfatizou que o Drex representa uma iniciativa bem-sucedida no Sistema Financeiro Nacional. Ela ressalta que o teste realizado entre os dois bancos é um passo significativo no projeto e demonstra a capacidade de incorporar novas tecnologias e inovações aos modelos de negócio da instituição.

Recentemente os bancos Itaú de BTG Pactual, duas das maiores instituições financeiras do país, anunciaram esta semana que executaram as primeiras transferências interbancárias do piloto do Drex. 

As duas transações, uma transferência de reservas em Drex do BTG para o Itaú sucedida da operação inversa, aconteceram em menos de cinco segundos de acordo como o chefe da Itaú Digital Assets, Guto Antunes. Ele acrescentou que a operação representou a  primeira troca na camada interbancária da CBDC.

Drex é inovação e cai na graça dos especialista

O Drex ainda não foi lançado oficialmente mas seus avanços e desenvolvimentos vem sendo comemorado por diversos especialistas, entre eles, Marian Canteiro, diretora executiva da ABFintechs, que destacou a inovação como o grande diferencial do Drex.

“Um dos primeiros governos do mundo a implementar isso de uma forma tão estruturada, então o Banco Central está saindo à frente novamente e colocando o Brasil na vanguarda da área de inovação financeira. Já somos uns dos melhores países do mundo, falando de sistema financeiro, e agora com essas inovações que o BC está propondo nos tornamos linha de frente, exportando tecnologia, então é de se orgulhar.” explica a executiva.

Já Vinícius Oliveira e Silva, Head de P&D da Sinqia Digital, disse que o Drex deve expandir o portfólio de serviços oferecidos, principalmente aquelas que já possuem SuperApps bem estabelecidos. Ele também destacou que o Drex irá incentivar a inclusão da população em serviços mais digitalizados, participando de um ecossistema que até então era restrito à entusiastas do mundo dos ativos tokenizados e NFTs.

"Uma moeda fiduciária, em blockchain, com liquidez e ancorada pelo BACEN, além de ser uma nova forma de ativo, fará com que um novo ecossistema de serviços e produtos seja criado, portanto, as instituições devem se especializar nos conceitos de blockchain, tokenização de ativos e NFTs para preparar seu portfólio para essa nova era do real digital, disse.

Já Ricardo Dantas, CEO da Foxbit, destacou que a criação do Real Digital (DREX) sinaliza um marco na evolução financeira do Brasil.

"Ao converter ativos e direitos em tokens digitais, o DREX não só promete transações mais seguras e transparentes, mas também redefine a maneira como encaramos o valor e a propriedade na economia digital. Esta inovação tem o potencial de não apenas otimizar o sistema financeiro, mas também democratizar o acesso a ele, trazendo maior inclusão financeira e estabelecendo o Brasil como um líder em inovação financeira no cenário global." afirma o executivo.

Para Claudio Just, CBDO da Transfero, a CBDC tem potencial para aumentar a inclusão financeira, agilizar transações e estabelecer regulamentações.

"A coexistência de uma CBDC com stablecoins privadas pode impulsionar a inovação em serviços financeiros. Estamos prontos para colaborar com essa transformação e explorar sinergias entre as diferentes moedas digitais”, explica Claudio.

Yan Martins, CEO da Hathor Labs, disse que a moeda digital oferece ao Banco Central um controle monetário mais refinado, possibilitando ajustes mais ágeis e precisos na política monetária em resposta às mudanças econômicas.

"Adicionalmente, a adoção do Drex simplificaria os pagamentos internacionais, eliminando intermediários e facilitando a conversão de moedas, resultando em transações transfronteiriças mais eficientes e econômicas”, pontua Yan.

Por sua vez, Felipe Brasileiro, diretor operacional da LoopiPay, aponta que o Drex, tem o potencial de se tornar uma nova infraestrutura para o sistema financeiro atual no Brasil.

"No atacado, a tokenização da economia vai permitir maior distribuição e confiança, reduzindo a quantidade de intermediários e contra-partes de uma negociação. E no âmbito das IFs, a tokenização vai permitir mais negociação de ativos de baixa liquidez, gestão de colateral no mercado de capitais de forma mais eficiente (uniformizando os ativos e sua interoperabilidade), securitização automática de empréstimos, permitindo o pagamentos de dividendos ao portador do token", afirmou.

Já Renato Nobile, CEO e gestor da Buena Vista Capital, destacou que o Drex será a primeira conexão, de fato, entre as finanças tradicionais e o mercado de ativos digitais por uma autarquia do governo e, desta forma, tem um potencial gigantesco de transformação das finanças no país.

"Sua adoção deve desencadear uma grande transformação na propriedade do dinheiro, na transparência dos negócios e, até mesmo, diminuir consideravelmente a corrupção, uma vez que os ativos são todos rastreados e imutáveis em Blockchain”, explica Renato.

Thiago Saldanha, CTO da Sinqia, disse que o Drex vai possibilitar transações mais rápidas e seguras.

"A adoção do Drex vai acontecer de forma natural e rápida, desde que os bancos implementem novas experiências e funcionalidades em cima dessa possibilidade”, comenta o CTO da Sinqia, uma das empresas que participa do Piloto Drex.

Para André Carneiro, CEO da BBChain, a capacidade do Drex de gerar um dinheiro programável permite a troca entre a moeda DREX e Ativos Digitais, Contratos de Split (quebra de valores ), automação de liquidação e pagamentos de títulos entre outras possibilidades.

"Estes processos automatizados, via smart contracts, devem reduzir os custos e erros operacionais além, é claro, dos intermináveis processos de conciliação e reconciliação, dado que as operações/ transações são atômicas”, analisa o CEO da BBChain, umas das empresas participantes do Piloto do Real Digital.

LEIA MAIS: