Dez anos após seu lançamento, e após sair de US$ 0 para US$ 4.891 (ATH em 16 de novembro de 2021), o Ethereum segue como a principal referência no universo blockchain, consolidando-se como uma infraestrutura crítica para a nova internet descentralizada.

Desde 2015, a rede deixou de ser apenas um experimento técnico e tornou-se um ecossistema robusto, sustentando desde finanças descentralizadas até soluções de tokenização. No entanto, os desafios ainda são consideráveis, principalmente no que diz respeito à escalabilidade, taxas e acessibilidade.

Guilherme Nazar, VP Regional da Binance para a América Latina, destaca que ao longo da história, o impacto é evidente: a adoção do ETH em reservas de tesouraria corporativa cresce, com as ETH Treasury Companies seguindo o modelo das Bitcoin Treasury Companies.

Além disso, a Ethereum lidera a expansão da tokenização de ativos reais, um mercado que já supera US$ 24 bilhões globalmente. Posicionada no centro da interoperabilidade entre o mercado tradicional e o universo cripto, a Ethereum está moldando o futuro do sistema financeiro global.

Com menos intermediários, maior transparência e eficiência, a rede tem o potencial de democratizar o acesso a mercados, beneficiando empresas de todos os setores e transformando a economia global.

Thamilla Talarico, diretora de On-chain Finance Growth da Polygon no Brasil, ressaltou que o Ethereum evoluiu de forma impressionante, mas ainda precisa avançar.

“O que nasceu como uma proposta de computação descentralizada se transformou em uma infraestrutura crítica. Mas precisamos pensar em soluções que permitam escalar sem perder a segurança”, afirmou.

Segundo ela, o surgimento de redes como a Polygon e outras Layer 2 mostra que a interdependência entre diferentes camadas se tornou fundamental para o futuro da rede.

As soluções de segunda camada, conhecidas como rollups e sidechains, foram determinantes para manter a usabilidade da rede em meio ao crescimento exponencial.

Momentos desafiadores ao longo da história

Vinicius Bellezzo, Business Development Manager da Bybit no Brasil, destacou que “o Ethereum enfrentou momentos desafiadores, como o hack do The DAO em 2016, mas a comunidade conseguiu aprender e se fortalecer. Essa resiliência mostra por que a rede se tornou a espinha dorsal de um novo paradigma digital”.

Bellezzo também lembrou que eventos como o DeFi Summer de 2020 e a explosão dos NFTs em 2021 provaram o potencial do Ethereum, mas deixaram claro que a rede precisava escalar.

“As taxas dispararam, e isso só reforçou a necessidade de melhorias”, explicou.

Ele vê a atualização “The Merge”, que migrou o consenso para proof-of-stake em 2022, como um marco.

“A redução de 99% no consumo energético mostrou que o Ethereum sabe se adaptar às pressões sociais e ambientais”, comentou.

Sebastian Serrano, CEO e cofundador da Ripio, acredita que o Ethereum segue imbatível como padrão de confiança no mercado.

“Nenhuma outra blockchain conseguiu replicar a força da Ethereum Virtual Machine (EVM) e a base de desenvolvedores. Bancos centrais, startups Web3 e empresas de tokenização continuam escolhendo a rede como base”, afirmou.

Serrano destacou que o staking trouxe segurança e incentivos econômicos ao mesmo tempo.

Apesar das conquistas, os desafios permanecem claros. As taxas elevadas em momentos de pico, a fragmentação entre soluções de segunda camada e a dificuldade de entrada para iniciantes ainda são barreiras significativas.

Para Serrano, no entanto, essa capacidade de reconhecer limitações é o que mantém a relevância da rede.

“O Ethereum está em constante evolução. Celebrar 10 anos é reconhecer que, apesar dos obstáculos, a rede segue sendo a mais preparada para sustentar a próxima geração de inovações”, concluiu.

Hoje, o Ethereum se mantém como referência no mercado de blockchain, mas precisa seguir inovando. A descentralização, como lembram os analistas, não é um estado final, e sim um processo contínuo de coordenação e adaptação.