Uma coleção de NFTs (tokens não fungíveis) que teve origem no Discord oficial dos CryptoPunks como forma de homenagear e presentear os primeiros colecionadores dos icônicos punks tem se destacado durante o atual inverno cripto. Além de ter conseguido manter seu preço base estável, a CryptoDickbutts vem ganhando novos adeptos e construindo uma das comunidades mais originais e sui generis do espaço de tokens não fungíveis.

Os CryptoDickbutts são seres estranhos cuja anatomia é composta por uma estrutura fálica com uma bunda que ostenta uma espécie de rabo. Suas imagens são pixelizadas ao estilo da estética dos CryptoPunks a quem pagam tributo. Originários da mítica Ilha de Gooch, os CryptoDickButts, hoje encontram-se exilados e mantêm-se conectados através do Discord e do CryptoTwitter. Eventualmente, os donos de seus avatares encontram-se para celebrar, como aconteceu em 19 de junho, no CryptoDickbutt Ball.

CryptoDickbutt. Fonte: OpenSea

Em comum, todos têm o desejo de retornar à terra de origem. O antigo lar está em ruínas e permanece habitado apenas pelo Líder Cryptoadz Coronel Floorbin, mas os CryptoDickbutts não desistem de voltar para casa e criaram uma DAO (organização autônoma descentralizada) para se tornarem capazes de materializar este sonho. À diferença de outros projetos do gênero, no entanto, a Ilha de Gooch não é parte de um metaverso em construção, mas sim um lugar real.

Ao tomar conhecimento de sua história, não é de duvidar que os CryptoDickbutts sejam capazes de materializar essa utopia.

Origens

A história dos CryptoDickbutts é anterior ao surgimento da indústria de criptomoedas. Dick Butt foi um personagem criado em uma série de quadrinhos intitulada "Horribleville", originalmente criada por KC Green, que foi veiculada através da internet. 

Dick Butt surgiu em um dos episódios da série e viralizou, tornando-se extremamente popular em fóruns da internet e fugindo ao controle do seu criador. No ano passado, KC Green renunciou à sua criação, mais ou menos na época em que os NFTs dos CryptoDickbutts surgiram.

Os CryptoDickbutts da primeira geração foram gerados em duas séries limitadas a 52 e 104 NFTs. Hoje, esses NFTs são reconhecidos como a “velha guarda” dos CryptoDickbutts. A popularidade das coleções originais motivaram o lançamento de uma nova série de 5.200 NFTs lançada em julho do ano passado.

Nos meses seguintes, a coleção de NFTs se estabeleceu como uma das mais legítimas e originais do espaço de tokens não fungíveis, muito embora jamais tenha figurado no topo dos rankings de preço-base ou de volume negociado junto às coleções dominantes como Bored Ape Yacht Club (BAYC), Moonbirds e, é claro, os próprios CryptoPunks.

Hoje, ela figura apenas na 174ª posição do ranking de NFTs por volume negociado do CryptoSlam. Reduzindo a janela temporal para os últimos 30 dias, sobe para o 72º lugar. Nos últimos sete dias, para 43º, e 31º lugar nas últimas 24 horas.

Ainda assim, o projeto recebeu suporte da Naughty America, ganhou uma loja online dedicada exclusivamente a produtos relacionados à coleção, além do baile organizado pela diretora de estratégias da CoinShares, Meltem Demirors, que também é uma das personalidades da indústria mais entusiasmadas com os CryptoDickbutts. A coleção também estabeleceu parcerias com nomes de relevo da cena de NFTs, incluindo Killer Acid, Sergs, 3D Alpacadabraz, e Gremplin.

Creative Commons

Os criadores da CryptoButtdicks optaram por alavancar a experiência dos usuários através do licenciamento da coleção sob as bases do Creative Commons – e não através da concessão dos direitos comerciais aos proprietários dos NFTs. 

Segundo a comunidade, o modelo oferece mais flexibilidade e espaço para o desenvolvimento da coleção sem se render ao poder de grandes corporações. Em tese, o licenciamento CC permite que o projeto cresça e atinja maior escala sem perder sua essência original.

Assim, os CryptoDickbutts funcionam como uma biblioteca de código aberto para exploração do metaverso, ao permitir que os usuários criem novos recursos e experiências, agregando toques individuais à marca, ajudando-a a se expandir e ganhar ainda mais poder de permanência no espaço.

Um dos principais exemplos do potencial criativo e de engajamento da opção pelo licenciamento CC foi a criação de coleções híbridas, como a Dicktoadz – uma combinação dos CryptoDickbutts com a Cryptoadz, em que os usuários podem criar avatares personalizados. 

DAO

Assim, a comunidade dos CryptoDickbutts foi se tornando cada vez mais vibrante e engajada, fator que foi decisivo para que a coleção esteja atravessando o atual inverno cripto sem sofrer com as variações de preço que chegaram a afetar até mesmo coleções de maior valorização, como Azuki, BAYC e Mutant Ape Yacht Club (MAYC).

No final do ano passado, a comunidade criou uma organização autônoma descentralizada para unir os detentores das três séries de CryptoDickbutts em torno de um ousado objetivo comum: adquirir uma Ilha de Gooch física, que dará aos detentores um lugar para chamarem de seu.

A transposição da narrativa do paraíso perdido idealizada pelos criadores da coleção para o mundo real possivelmente é um dos grandes apelos dos NFTs dos CryptoDickbutts. No momento, o projeto está em andamento e a comunidade está mobilizada para trabalhar em benefício do projeto. Seja angariando recursos, identificando possíveis cenários ou desenvolvendo um plano de gestão da "terra prometida".

Mercado

Atualmente, o preço base de um NFT da CryptoDickbutts está estabelecido em 2,35 ETH (aproximadamente US$ 4.000), e a capitalização de mercado soma US$ 21 milhões e está distribuída entre 1.715 endereços únicos, de acordo com dados do CoinGecko.

O NFT mais caro da coleção vendido até hoje foi o CryptoDickbutt #1068. Negociado por 69 ETH em outubro do ano passado, o item custou ao comprador US$ 120.600 na ocasião.

LEIA MAIS