A segurança jurídica assegurada ao mercado pelo marco regulatório das criptomoedas no Brasil, que entrou em vigor em junho do ano passado, pode favorecer a inovação do segmento no país segundo avaliação do diretor da exchange de criptomoedas Coinbase para as Américas, Fábio Plein.
Em entrevista ao portal Seu Dinheiro, o executivo disse que os EUA seguem um caminho oposto, que pode ver a indústria de criptomoedas prejudicada na maior economia global em razão da “mão pesada” da SEC, a comissão de valores mobiliários daquele país.
Plein salientou a importância da aprovação de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) baseados em negociação à vista (spot) de Bitcoin, pela SEC em janeiro desse ano. O que ajudou a impulsionar em 60% a alta do mercado de criptomoedas no primeiro semestre, período em que os ETFs, oito deles custodiados pela Coinbase, responderam por entradas líquidas de US$ 12 bilhões.
No Brasil, o primeiro ETF 100% exposto ao Bitcoin, o QBTC11 da gestora QR Asset Management, desembarcou na B3 em 2021, embora o produto não tivesse exposição direta ao Bitcoin spot e sim ao índice CME CF Bitcoin Reference Rate, referência dos contratos futuros de bitcoin negociados pela Chicago Mercantile Exchange Group (CME).
Por outro lado, o diretor da Coibase sugeriu que a aprovação dos ETFs pela SEC, que se encontra em diversos embates contra empresas de criptomoedas nos tribunais estadunidenses, é apenas um primeiro passo, já que a regulamentação no país da América do Norte acontece por litígio enquanto diversos talentos do setor deixam o país.
Indagado, ele saiu pela tangente sobre uma eventual compra de participações da 2TM, controlador da exchange de criptomoedas Mercado Bitcoin (MB) ao responder que a Coinbase está aberta a oportunidades. Segundo ele, o foco da Coinbase o Brasil, onde a exchange desembarcou oficialmente em março de 2023 com depósitos e saques via Pix.
Mercado RWA
Na esteira do entusiasmo com os possíveis avanços favorecidos pela regulamentação das criptomoedas no país, Eduardo Galvão, CMO da Ribus, plataforma brasileira de ativos do mundo real (RWA, na sigla em inglês), acredita que a normatização pode ser um catalisador importante para a blockchain, já que a tecnologia possibilita transações mais seguras e transparentes, impulsionando uma economia mais dinâmica, interativa e globalizada, que cresce significativamente ano após ano.
Galvão ressalta que a Web3, que ainda está nos seus primórdios, como a internet no início da década de 1990, já movimenta cerca de US$ 30 trilhões em transações de criptomoedas a nível global e descentralizado, com uma capitalização de mercado média de US$ 3 trilhões e um crescimento anual de 20%.
Para ele, a fusão entre o mercado RWA e o imobiliário, que acumula US$ 637 trilhões globalmente e US$ 60 bilhões no Brasil, é poderoso e disruptivo porque facilita a troca entre as pessoas do seu maior bem, seus lares e ambientes de trabalho. No entanto, Eduardo Galvão aponta duas grandes barreiras a serem derrubadas no mercado imobiliário: a barreira financeira, devido aos altos investimentos necessários para entrar, e a barreira de saída, a iliquidez, que dificulta a monetização e a liquidação financeira, tornando o processo desgastante para os participantes do mercado.
Recentemente, a Ribus lançou um programa de recompensa de mais de R$ 1 milhão que incluiu o sorteio de imóvel de R$ 350 mil, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.