A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não quer perder o 'boom' dos tokens RWA (também conhecido no Brasil como tokenização) e anunciou a liberação de duas novas autorizações para impulsionar esse mercado no Brasil. As novas autorizações envolvem as empresas Vórtx QR Tokenizadora, Estar.Finance, entre outras.
No caso da Vórtx QR, a empresa acaba de se tornar o primeiro mercado de balcão organizado a ter autorização para tokenizar ativos financeiros considerados mobiliários e não mobiliários. A partir de agora, a companhia passa também a poder tokenizar e disponibilizar ambiente de negociação de outros ativos que não valores mobiliários com base na tecnologia blockchain.
“Dados de mercado demonstram um crescimento significativo de outras classes de ativos além das que já possuíamos autorização para tokenizar. Essa inovação gerará a democratização do acesso e a criação de novos ambientes de negociação com mais liquidez e menor custo para esses ativos”, comenta Fernando Carvalho, CEO da Vórtx QR Tokenizadora e presidente do Conselho da QR Capital.
Para Anderson Gabriel, regulatory lead da companhia, a Vórtx QR Tokenizadora como entidade administradora de mercado de balcão organizado de valores mobiliários digitais precisa de autorização da CVM para admitir em seu mercado outros ativos, mesmo que não considerados valores mobiliários.
“Sem dúvidas, ter o aval do regulador e a construção de uma tese para emissão e negociação desses ativos, sem, contudo, caracterizar uma operação de valor mobiliário, é um grande avanço para o mercado financeiro e de capitais, bem como para criptoeconomia”.
Até então, a plataforma era autorizada a negociar debêntures, cotas de fundos de investimento fechados, certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) tokenizados. A Vórtx QR é a maior tokenizadora regulada do Brasil: até março de 2024, as emissões de ativos tokenizados na plataforma somaram cerca de R$ 212 milhões de reais tokenizados.
Desses ativos, foram pagos mais de R$ 45 milhões de reais a títulos de eventos e, ainda, houve o vencimento ordinário de um ativo, o qual foi devidamente liquidado e realizado o pagamento integral aos credores, bem como realizado o processo de destruição dos tokens na blockchain.
“Com a recente autorização da CVM, a expectativa é ampliar a natureza e volume dos ativos tokenizados para dar ainda mais tração à plataforma, formar um mercado secundário com liquidez e consolidar nossa posição inovadora com outras operações inéditas no Brasil”, finaliza Carvalho.
Estar.Finance
Além disso, a CVM prorrogou as dispensas regulatórias da estar finance e das outras participantes do Sandbox Regulatório até 2026. O projeto, idealizado pela SMU Investimentos em parceria com o Demarest Advogados, nTokens e Digitra.com, opera desde março em ambiente experimental. Desde o lançamento já foram listados mais de R$ 20 milhões em oito tokens RWA.
"Essa é uma oportunidade para todo o mercado, pois demonstra o grau de maturidade que plataformas e investidores estão alcançando em conjunto com um órgão regulador atento às inovações. Ao digitalizar ativos e simplificar sua custódia e transferência por meio da tecnologia de tokens emitidos em blockchain, o mercado brasileiro pode democratizar o acesso ao mercado de capitais para projetos inovadores, pequenas e médias empresas, abrindo novas opções de investimento e fontes de capital", comentou Pedro Rodrigues, CEO da Estar Finance.
Além da Estar.Finance que lista tanto tokens de dívida quanto de equity, a Vortx conta com quatro ativos de dívidas e Bee4 com três de equity. Os projetos abarcam ofertas das instruções CVM 467, 461 e nova 135, relativas a debêntures e cotas de fundos fechados, e CVM 88, referente a valores mobiliários de startups e scale ups.
Mercado pode movimentar até US$ 10 trilhões
De acordo com Tiago Piassum, founder da Rivool Finance, o segmento tem emergido rapidamente e deve assumir um protagonismo impensável há alguns anos.
“Estima-se que o mercado de ativos tokenizados alcance a marca de US$ 10 trilhões até 2030, oferecendo um potencial de crescimento significativo em relação aos valores atuais. Isso não só democratiza o acesso aos investimentos, mas também transforma a maneira como os ativos são gerenciados e transacionados", afirma.
Fonte: Roland Berger
Para Piassum, além de mudar a forma como os ativos são negociados, a tokenização está revolucionando o mercado de crédito.
“Desde a tokenização de títulos tradicionais até a criação de plataformas peer-to-peer, as aplicações são vastas e prometem tornar o crédito mais acessível e transparente. O futuro financeiro está sendo moldado diante de nossos olhos, e a tokenização é a chave para desbloquear seu potencial, pois além de tudo, os custos são reduzidos, devido a eliminação de taxas atribuídas a intermediários”, explica o empresário.