O economista e ganhador do prêmio nobel da categoria, Paul Krugman, mais uma vez voltou sua artilharia contra o mercado de criptomoedas em sua coluna semanal no New York Times, agora traçando um paralelo entre a recente perda de valor de mercado de US$ 1,3 trilhão desta classe de ativos e a crise das hipotecas subprime, em 2008, nos EUA.

Na ocasião, os maiores prejudicados foram aqueles mais vulneráveis economicamente e menos educados. Com o recente crash do mercado de criptoativos, a história se repete, afirma Krugman.

A crise do subprime foi derivada da concessão de crédito fácil para financiamento imobiliário para pessoas cujo risco de não ter condições de arcar com a quitação dos imóveis era alto. Quando ficou evidente que a inadimplência ficaria muito acima do que o sistema financeiro seria capaz de absorver, a bolha estourou e os governos tiveram que entrar em cena para minimizar os efeitos da crise injetando liquidez no sistema em socorro aos bancos.

Dessa vez, não há risco sistêmico afirma Krugman, apesar de muitos reguladores afirmarem o contrário, pois a capitalização de mercado das criptomoedas no auge da valorização no ano passado atingiu US$ 3 trilhões, uma soma ainda insiginifcante considerando-se o conjunto da economia norte-americana.

A quantia de US$ 1,3 trilhão liquidada pelos investidores desde novembro representa apenas 6% do Produto Interno Bruto dos EUA, insuficientes para causar um desajuste geral na economia global tal qual a crise do subprime, segundo o economista.

No entanto, baseado em um estudo recente do instituto de pesquisas NORC, 44% dos investidores em criptomoedas são não brancos e 55% não têm diploma universitário. De acordo com Krugman, isso seria uma evidência "de que o investimento em criptomoedas se tornou notavelmente popular entre grupos minoritários e a classe trabalhadora", enquanto que os investidores de outras classes de ativos de risco, como ações, seriam "ricos e brancos com formação universitária."

Citando a pesquisa, Krugman contradiz a afirmação de que as criptomoedas representam novas oportunidades de investimento para pessoas excluídas do sistema financeiro tradicional. Segundo ele, este foi o mesmo argumento utilizado em meados dos anos 2000 para celebrar os empréstimos hipotecários subprime – "uma forma de expandir os benefícios da casa própria para grupos anteriormente excluídos." E o resultado foi catastrófico.

Reafirmando sua crítica costumaz de que as criptomoedas não possuem utilidade ou lastro , Krugman pondera que é aceitável que aqueles que queiram apostar no suposto potencial disruptivo dos criptoativos assim o façam por sua conta e risco. Desde que estejam aptos para saber onde estão aplicando seu dinheiro e tenham reservas suficientes para arcar com os prejuízos, caso se provem errados.

E eles provavelmente estão, diz o economista, mas, em última instância, a responsabilidade de protegê-los caberia de fato aos reguladores. Tanto agora quanto em 2008. Tudo indica que eles vão falhar outra vez, conclui:

"E se você me perguntar, os reguladores cometeram o mesmo erro que cometeram na [crise do] subprime: eles falharam em proteger o público contra produtos financeiros que ninguém entendia, e muitas famílias vulneráveis podem acabar pagando o preço."

Conforme noiticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, Paul Krugman associou a ascensão das criptomoedas enquanto uma classe de ativos legítima à radicalização política que vem ameaçando o equilíbrio da democracia dos EUA.

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