Em meio à guerra de preços e campanhas publicitárias, uma nova estratégia começa a ganhar musculatura entre gigantes do e-commerce e fintechs na luta para ganhar, e manter, clientes: o lançamento de criptomoedas próprias. Iniciativas que também favorecem a agilidade de transações, redução de custos e que tendem a se proliferar nos próximos anos, segundo avaliação de alguns especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de São Paulo.

Estimada em US$ 489 milhões, a receita das criptomoedas no Brasil é apenas uma fração dos US$ 18,5 bilhões movimentados nos EUA. Apesar disso, o crescimento anual brasileiro é de cerca de 35%, percentual cinco vezes maior que a média mundial, que é de 6,7%. Avanço em que também estão incluídas inciativas como a do Nubank, a do Mercado Livre e a da Cloudwalk, por meio de suas criptomoedas.

Em relação ao Nubank, o lançamento do NuCoin mira a Web3 e está previsto para 2023 como parte da estratégia de engajamento da comunidade e expansão do programa de benefícios da fintech, iniciativa já abarcada pelo Mercado Livre, que lançou a Mercado Coin em agosto deste ano. O criptoativo já faz parte de um rol de benefícios do gigante do e-commerce através de sua carteira digital de pagamentos, o Mercado Pago, que recentemente anunciou um programa de cashback aos usuários de nível 6 do programa de fidelidade Mercado Pontos. 

Quanto à Cloudwalk, a fintech brasileira especializada em soluções de pagamentos anunciou em junho deste ano o lançamento de uma blockchain própria para expandir o volume de transações de sua stablecoin lastreada no real, o Brazilian Digital Real (BRLC), que também funciona como uma espécie de cashback dentro da plataforma da empresa para possibilitar aos detentores da stablecoin liquidarem suas compras em qualquer estabelecimento, caso optem pelo criptoativo na hora de utilizarem as maquininhas de pagamento InfinitePay. 

Ao Estadão, o chefe de design da Cloudwalk, Paulo Perez, informou que a fintech já emitiu 35 milhões de BRLC, distribuídos em mais de 1,7 milhão de carteiras digitais de lojistas cadastrados pelo mundo. 

Quem também deve seguir o mesmo caminho é a plataforma de fidelidade focada no e-commerce Dotz, segundo o que informou o presidente da empresa, Roberto Chade, lembrando que a empresa já utiliza criptomoedas como troca de pontos acumulados. 

A iniciativa representa uma tendência de ampliação do relacionamento com os consumidores vinculada ao entendimento de seus padrões de consumo, de acordo com a avaliação do especialista em tecnologia e autor do livro “Conveniência é o Nome do Negócio” Arthur Igreja. 

Análise semelhante foi a do diretor da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), Fabio Santoro. Segundo ele, o programa de fidelidade ajuda as empresas a fugirem da guerra de preços, aumenta o gasto dos clientes com uma determinada categoria e fortalece a presença da empresa na vida dos clientes, que se transformam em “advogados” da marca, como acontece com a Apple, por exemplo. 

Por outro lado, o diretor de pesquisa da Titanium Asset, Ayron Ferreira, lembrou que a negociação dos criptoativos fora do ecossistema das empresas pode ser uma armadilha, embora a presença de grandes empresas mantenedoras dos tokens possa ser um fator favorável à legitimidade dos criptoativos.

O que não chega a ser uma garantia de sucesso, já que o mercado já testemunhou casos de fracasso, como o da criptomoeda Libra, renomeada de Diem, lançada pelo Facebook, e a Kodak Coin, lançada em 2018 para remunerar direitos autorais de fotógrafos. 

Outra plataforma de fidelidade que acaba de lançar um programa de cashback é a Méliuz, o criptoback, que permitirá aos clientes a escolha de resgate em reais ou Bitcoin (BTC), conforme noticiou o Cointelegraph Brasil

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