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Walter BarrosWalter Barros

CNE prepara regras de IA para evitar que alunos virem 'robôs'

Conselho Nacional de Educação está em fase final de elaboração de um guia voltado ao uso da tecnologia por estudantes; documento será levado à Consulta Pública.

CNE prepara regras de IA para evitar que alunos virem 'robôs'
Brasil

Resumo da notícia:

  • CNE está em fase final de guia de IA nas escolas e universidades, que deve ser levado á Consulta Pública em 2026.

  • Guia tem como objetivo apoiar alunos e professores, mas também ajudar na gestão de escolas e universidades.

  • Questões com privacidade e direitos autorais também são tratados pelo documento.

  • Diretrizes devem respeitar desigualdades existentes no país e não devem travar autonomia pedagógica das instituições, uso inteligente e criativo da IA.

  • Documento que estimular pensamento crítico e evitar que estudantes sejam transformados em “robôs”.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) revelou esta semana que está em fase final de elaboração de um guia de instruções de uso de inteligência artificial (IA) direcionado às escolas e universidades de todo o Brasil.

Em entrevista à Record, o membro do CNE Celso Niskier, correlator da elaboração do documento, disse que o texto, após aprovado pelo colegiado, deve ser colocado em Consulta Pública para que a sociedade possa opinar, antes de ser homologado pelo Ministro da Educação, Camilo Santana.

Segundo Niskier, o guia tem como objetivo apoiar alunos e professores, mas também ajudar na gestão de escolas e universidades, além de apontar os cuidados necessários para que a IA não seja mal utilizada, já que o documento aborda questões como privacidade, proteção de dados e direitos autorais das obras educacionais.

O representante do CNE disse ainda que a proposta de resolução quer respeitar a autonomia pedagógica das instituições de ensino, mas também que elas saibam o que o CNE e o Ministério da Educação (MEC) pensam a respeito dessa “verdadeira revolução”.

Celso Niskier acrescentou que a guia deve considerar a desigualdade de acesso às tecnologias, mas também a desigualdade cognitiva, de alunos que têm mais ou que têm menos dificuldade, destacando que o Brasil é um país desigual, para que a normativa não vire “uma letra morta”.

Ele enfatizou que o guia não deve ser uma regra geral, para que as diretrizes não travem a inovação, o uso inteligente e criativo da IA. Nesse caso, Celso Niskier frisou que a IA na educação está ligada ao desenvolvimento do pensamento crítico dos estudantes.

Nós estamos saindo de um modelo em que normalmente se pergunta o que o aluno decorou sobre um determinado assunto, sobre um determinado fato ou sobre um cálculo que ele sabe fazer, e indo para um momento em que a gente quer estimular que o aluno faça boas perguntas… Então esse é o papel de qualquer tecnologia, especialmente da inteligência artificial, argumentou.

O especialista destacou o papel dos professores como mentores do desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos, para que a IA “seja uma ferramenta de despertar curiosidade do jovem, na busca de mais informações… e não simplesmente fazer com que o jovem reproduza conhecimentos… porque aí, de fato, ele vira um robô”.

Um ponto que eu quero adiantar do documento é a obrigatoriedade de ensinar inteligência artificial nas licenciaturas, nos cursos de formação inicial docente. Nós queremos, no Brasil docentes que não só saibam utilizar IA, mas também saibam de limites éticos, o uso adequado do ponto de vista pedagógico, a forma de estimular o pensamento crítico do aluno, adiantou.

Esta semana a Deloitte divulgou uma pesquisa apontando que os brasileiros acreditam que IA reduz riscos financeiros, mas ameaça privacidade, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.