Com saques bloqueados há seis meses, a Atlas Quantum enfrenta dificuldades para liquidar sua dívida bilionária. Como solução para a “crise”, um novo empreendimento foi lançado, chamado Phoenix. O problema é que os clientes - ou credores - da empresa não estão satisfeitos.
Atlas Quantum não movimenta Bitcoin
A Atlas Quantum já teve mais de 15 mil unidades de Bitcoin (BTC) sob sua custódia. Essa fortuna em criptomoedas pertencia a investidores que confiaram na proposta de Rodrigo Marques dos Santos, criador e CEO da empresa.
No entanto, um comunicado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em meados de 2019 expôs um grande problema de liquidez na companhia. A CVM, então, proibiu a plataforma de arbitragem de oferecer suas operações no Brasil. Como consequência, usuários solicitaram saques em massa, e a empresa não conseguiu honrar os pagamentos.
O resultado foi uma tentativa de prolongamento de prazo nas solicitações de saques. Só que, em alguns casos, já são mais de seis meses esperando pelo pagamento em Bitcoin.
Com o lançamento do projeto Phoenix, clientes do negócio alegam que o site da Atlas Quantum simplesmente deixou de funcionar.
Uma publicação no Facebook, por exemplo, pergunta sobre os rendimentos em Bitcoin que não estão mais na plataforma Atlas Quantum. O autor da postagem também indaga outros clientes sobre o retorno oficial da empresa sobre o assunto.
Para ele, os rendimentos do Bitcoin na Atlas Quantum deveriam continuar. Mesmo sem a possibilidade de sacar as criptomoedas, até antes do lançamento da Phoenix, os clientes podiam visualizar os possíveis rendimentos, mesmo com o saldo retido - ou seja, apesar de bloqueado, o valor continuava "rendendo".
Essas movimentações eram uma esperança para aqueles que ainda aguardam pelo pagamento em atraso, já que poderiam compensar a espera com um valor maior de saque.
Outro usuário esclarece, em um comentário, que a Atlas não está mais em operação, nem gerando lucro para seus investidores. Ele fala também sobre um “novo Bitcoin”, que parece existir somente na plataforma.
“O projeto Quantum foi encerrado e deu lugar ao projeto Phoenix. Me refiro ao robô Quantum. Não tem mais o sistema de rentabilidade. Agora... a ‘tal’ corretora que criaram com o mesmo nome, onde nossos BTC viraram BTQ, é outra história.”
Phoenix é robô de trading
O projeto Phoenix é apresentado como uma solução para os problemas da Atlas Quantum.
A plataforma não consegue manter operações desde que a notificação apresentada pela CVM. Para tentar voltar ao mercado, o Phoenix tenta atrair novos investidores em busca de lucro com operações de trading.
A compra e venda de criptomoedas pelo robô do Phoenix faz com que a Atlas Quantum não seja mais responsável por custodiar o Bitcoin dos clientes.
Ou seja, os investidores continuam com suas criptomoedas, mas em uma exchange capaz de utilizar o robô criado pelo negócio via API - no caso, a exchange é a Bitmex.
A proposta é de divisão de lucro entre o cliente e o Phoenix. Procurando conquistar novamente a confiança de alguns usuários, a Atlas Quantum não tem acesso a nenhum saldo. Sendo assim, a divisão do lucro é feita pelo investidor que posteriormente envia a quantia que pertence ao negócio.
Em poucos dias o projeto Phoenix conseguiu mais de 700 usuários cadastrados na plataforma. Segundo levantamento do Cointelegraph, já são mais 58 unidades de Bitcoin que passaram pelo bot capaz de gerar lucro com operações com criptomoedas no mercado.
Com as operações iniciais, o projeto Phoenix conseguiu lucrar mais de 4 unidades de Bitcoin (BTC) em poucos dias. Como essa quantia é dividida entre a plataforma e o investidor, a empresa ficará com cerca de 2 Bitcoins (BTC) após as 193 operações realizadas com o novo bot.
A empresa acredita que o lucro gerado pelo robô pode ser utilizado para quitar a dívida com os investidores que possuem Bitcoin preso na antiga plataforma.
Por outro lado, ainda é incerto o futuro sobre a continuidade das operações na Atlas Quantum, que inclusive já havia anunciado a descontinuidade dos aplicativos para smartphones antes do lançamento da Phoenix.
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