O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou na última quinta-feira (8) que, no futuro,  “a moeda que vai prevalecer é a digital”. Em São Paulo, o representante da autoridade monetária disse que os planos são de adoção da inteligência artificial (IA) e monetização de dados.

Em participação no evento “Cadastro Positivo – 5 anos”, promovido pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), e Associação Nacional de Bureaus de Crédito (ANBC), o presidente do BC explicou que “se todo mundo tiver suas moedas interligadas no mesmo sistema e que tenha conversão imediata em tempo real com baixo custo, a moeda não faz muita diferença”.

“Não importa qual moeda vai prevalecer porque no final das contas nós vamos ter conversão imediata em várias moedas”, emendou.

Segundo ele, a adoção da IA e da monetização de dados pode melhorar a vida das pessoas. No primeiro caso, a ideia do presidente do Banco Central seria usar a tecnologia no planejamento financeiro dos usuários.

“A gente vai poder introduzir a IA para fazer com que as pessoas tenham um planejamento financeiro melhor. Consegue fazer educação financeira através disso, evitar fraudes através de IA”, considerou.

Ao sair em defesa da remuneração das pessoas pela utilização de seus dados pessoais, ele declarou que as empresas deveriam oferecer produtos ou descontos como pagamento pela coleta de dados dos usuários.

“As pessoas têm poupança em dinheiro, mas não têm poupança em dados. No mundo ideal, seus dados valem para as empresas. Você [a pessoa] deveria cobrar por eles”, argumentou.

Cadastro Positivo

O Cadastro Positivo foi criado a partir da Lei 12.414, de 9 de junho de 2011, que autorizou a formação de bancos de dados com informações de adimplemento de pessoas naturais e de pessoas jurídicas para formação de histórico de crédito. De acordo com a apresentação do presidente do BC, o cadastro possui atualmente 167 milhões de registros únicos. Desse total, são 150 milhões fornecidos por instituições financeiras, 97 milhões por empresas de telecomunicação, 75 milhões por empresas de energia, 55 milhões por empresas de saneamento e 4 milhões por empresas de gás encanado. Pelos dados de junho desse ano, a média da população economicamente ativa, entre 18 e 70 anos, é de 87,17%.

Outra abordagem contida na apresentação foi a tokenização da economia, defendida em julho por Campos Neto no Blockchain.Rio. Na ocasião, ele também revelou que o BC se inspirou nos gamers para desenvolver o Pix e o Drex, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.