Em 2022 os saques de dinheiro da poupança superaram os valores depositados em R$19,67 bilhões, maior retirada mensal desde o ano de 1995. O valor superou o recorde anterior do primeiro mês de 2021 de R$ 18,154 bilhões.

Além disso, durante o ano de 2021, a poupança teve ainda o pior desempenho no ano da história, com saques no valor de R$ 34.497 bilhões.

Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, o fluxo negativo já é comum nos meses de janeiro por conta das despesas de IPTU e escolares. Mas a magnitude, de acordo com ele, também ganha atenção especial por conta do comparativo histórico.

"Houve um acúmulo de poupança muito grande, influenciado pelos pagamentos de auxílio emergencial e menores gastos em serviços por conta do isolamento social. É o mesmo exato fenômeno que ocorre nos EUA em que há um excesso de recursos líquidos parados nas contas dos bancos. Conforme os auxílios diminuem e a mobilidade aumenta, é natural vermos um destino para o consumo desses recursos parados na poupança", explica.

Já Leandro Cabral, especialista em educação financeira e fundador da escola de investimentos 500 Pratas, acredita que um outro motivo para a grande retirada da poupança é que finalmente o brasileiro está percebendo que existem diversas opções de investimentos seguras que rendem mais que a caderneta.

"Existem opções tão seguras quanto, com liquidez, com a mesma facilidade e que apresenta melhor rendimento. Um CDB de liquidez diária rendendo 100% do CDI, por exemplo. Também não podemos deixar de citar que a inflação e o índice desemprego estão em patamares bem elevados. A inflação fechou acima de 10% em 2021 e o desemprego chegou perto de 15% no ano passado. Na prática, temos pessoas sem salário e tudo mais caro. A saída, para aqueles que têm dinheiro lá, acaba sendo resgatar o dinheiro", diz.

Onde investir o dinheiro retirado da poupança?

Embora o cenário atual ainda exija cautela ao escolher as melhores opções em investimentos, seja por conta da pandemia, da crise econômica ou do cenário eleitoral ainda indefinido, isso não significa que o investidor deve optar apenas pela poupança ou mesmo que deva guardar suas economias debaixo do colchão.

Criptomoedas, Bitcoin, CDB, LCIs e LCAs, entre outros são opções de investimento que, no geral, sempre rendem mais que a poupança, como aponta Henrique Castiglione, sócio e diretor comercial da EWZ Capital.

Ele destaca que os fundos de renda fixa são uma boa opção para os investidores, conservadores ou arrojados.

“Títulos públicos de longo prazo, por exemplo, conferem maior segurança diante de um cenário de inflação alta. Mas existem outras alternativas vantajosas, como LCIs e LCAs, sobre as quais não incide imposto de renda. Há opções de investimento em renda fixa que estão rendendo 13% ou 6%, mais inflação ao ano”, afirma.

Renda fixa ou variável

Segundo ele, os fundos imobiliários também não devem ser ignorados. Eles não devem ser as grandes estrelas deste ano, já que a alta da Selic desencoraja a aquisição de imóveis e impacta o setor. Ele aponta que os FIIs seguem vantajosos, principalmente para estratégias de longo prazo, já que existem alguns que continuam pagando ótimos dividendos.

Ele destaca que uma ótima estratégia para seguir investindo nas bolsas é usar o Long & Short, cuja operação permite vender e comprar simultaneamente diferentes ativos para lucrar com a diferença. O sócio da EWZ explica que uma das vantagens dessa estratégia é que ela oferece ganho com a volatilidade, não sendo necessário esperar que a bolsa suba ou caia:

“A bolsa pode permanecer no mesmo patamar, sem grandes oscilações, que o investidor irá lucrar, já que o ganho do Long & Short vem da diferença de rentabilidade de dois papeis diferentes”.

Para o especialista, outro segmento cujas ações devem valorizar é o de tecnologia. O mesmo deve acontecer com as ações de empresas de varejo, que sofreram com a crise e apresentaram queda. Fintechs como o Nubank também apresentam ótimas oportunidades, segundo ele.

Para Leandro, uma boa opção para quem está saindo da poupança e procurando melhores rendimentos é investir no título do Tesouro Selic ou até mesmo em títulos pré-fixados do Tesouro em que é possível obter boas taxas de rendimento.

"Além disso, temos os CDBs de bancos com rendimentos de pelo menos 100% do CDI sem contar bancos que rendem só deixando o dinheiro parado na conta, como o Nubank, por exemplo, que já rende 100% do CDI", comenta Leandro.

Criptomoedas são opção contra a inflação ⠀

Em um mundo com inflação em alta, preços em ascensão e impressão descontrolada de moeda estatal, poucos ativos protegem os investidores da perda do poder de compra. Por isso, a descentralização e o aspecto deflacionário do bitcoin - na prática, a sua impossibilidade de emitir mais de 21 milhões de unidades -  são características importantes da maior moeda digital. ⠀

“É preciso tempo para que o mundo entenda a importância de um ativo deflacionário, e isso só pode acontecer em um momento de descontrole da inflação. Para se proteger da inflação, os investidores precisam recorrer a ativos que não possam ser simplesmente criados de acordo com o interesse de governantes. Precisam recorrer a ativos que não percam o seu poder de compra e que possuam potencial de atuarem como reservas de valor”, conclui Bernardo.⠀

Para Lucas Schoch, CEO e fundador da Bitfy, as criptomoedas estão entre os melhores investimentos para 2022 e destaca criptoativos como a Avalanche (AVAX) uma blockchain de primeira camada que teve a sua rede principal lançada em 2020, com o objetivo de desenvolver um ecossistema descentralizado próprio para criação de D’apps.

Schoch também chama a atenção para o BNB, recém rebatizada como “Build and Build”, devido a corretora de criptomoedas Binance ser renomeada em uma tentativa de dissociação da companhia ao sua blockchain e token.

No caso do BNB, seu ecossistema blockchain, anteriormente conhecido como Binance Smart Chain (BSC), foi alterado para BNB Chain, e o porque está explicado nas palavras da coordenadora do ecossistema, Samy Karim, “ao longo dos anos, percebemos que BNB evoluiu para algo além da Binance e, de fato, BNB significa ‘Build and Build’ (e não Binance Coin)”.

O especialista também aponta as stablecoin como o TerraUSD (UST) que é uma moeda descentralizada e algorítmica da blockchain Terra, possui seu valor atrelado ao dólar americano e foi criada para resolver os problemas de escala enfrentados por outras stablecoins.

A criptomoeda foi lançada em 2020 e também pode ser trocada facilmente por outras stablecoins da mesma rede, como por exemplo a moeda atrelada ao won coreano, a TerraKRW.

"Outra moeda atrelada ao dólar americano, temos a Binance USD, uma criptomoeda fiduciária digital emitida como ERC-20, suportando também BEP-2. A moeda que visa fundir a estabilidade do dólar com a tecnologia blockchain, nesta última semana vem tendo uma singela valorização de 0,25% em alta", disse.

Também na lista de Schoch estão Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) que são as principais criptomoedas do mercado.

LEIA MAIS