A adoção das criptomoedas como meio de pagamento no Brasil tem crescido nos últimos dois anos. Hoje em dia já é possível fazer tatuagens, hospedar-se em hotéis, tomar sorvete, adquirir imóveis, pagar mensalidades de instituições de ensino, entre outras coisas, com Bitcoin (BTC) e às vezes até com Ethereum (ETH).

No entanto, uma adoção mais ampla das criptomoedas no dia a dia da população brasileira esbarra na falta de clientes dispostos a utilizá-las como forma de pagamento, relata reportagem publicada pela Folha de São Paulo publicada no domingo, 10.

Diversos estabelecimentos que passaram a oferecer aos seus clientes a opção de efetuar pagamentos com criptomoedas relatam jamais ter efetuado vendas nesta modalidade. Localizado no interior de São Paulo, o Parque Hotel Holambra passou a aceitar Bitcoin há cerca de três anos e até hoje não encontrou hóspede interessado em quitar suas diárias com o criptoativo, contou o diretor executivo do hotel, Guilherme Coelho,  à reportagem:

"Acredito que muitas pessoas que possuem bitcoin não sabem ao certo como utilizar, ou simplesmente preferem guardar como um investimento. Diversos clientes já comentaram sobre, mas até o momento nenhum realizou um pagamento".

O mesmo ocorreu com a clínica veterinária PreVet Home. A diferença é que, não tendo recebido pagamentos em Bitcoin uma vez sequer, o estabelecimento desistiu de aceitá-lo. Pelo menos enquanto o criptoativo não se popularizar como meio de pagamento entre a população. O secretário da clínica, Renato Nagliati reconheceu que talvez a medida tenha sido precipitada, uma vez que a demanda era inexistente.

Já o tatuador Sandro Wayne Soares, que aceita Bitcoin desde 2013, ano em que a principal criptomoeda teve seu primeiro ciclo de valorização exponencial e pela primeira vez ultrapassou os US$ 1.000 após começar o ano cotada a US$ 13, diz ter havido uma diminuição dos pagamentos em BTC depois do início da pandemia do coronavírus.

Influência do mercado

O momento negativo do mercado pode estar desencorajando os investidores gastarem seus criptoativos, acredita André Horta, presidente-executivo da exchange BitcoinToYou:

"Se a pessoa compra um bitcoin batendo quase R$ 370 mil e agora vê que está a R$ 220 mil, ela não vai pegar esse ativo que comprou tão caro e gastar em uma roupa. Na cabeça dela, se fizer isso vai estar realizando o prejuízo. Ela segura na carteira e espera a cripto voltar".