O Banco Central do Brasil, BC, estuda a possibilidade de integração entre o sistema do Real Digital e contratos inteligentes construídos em blockchains públicas como Ethereum (ETH), Polkadot (DOT), Cardano (ADA), Solana (SOL), entre outras.
Segundo revelou ao Cointelegraph o BC, o tema será parte dos debates promovido pela instituição em torno do Real Digital e que podem servir como balizador para as ações do Banco Central na construção da versão digital do Real.
O BC informou que o tema será abordado no webinário previsto para setembro deste ano sob o título " Smart contracts, IoT e dinheiro programável ".
Ainda de acordo com o BC, a incorporação, ao sistema de pagamentos, de tecnologias que fomentem novos modelos de negócios é um ponto chave dos estudos sobre o real digital.
"Discutir os potenciais, a viabilidade e a possíveis metodologias de integração de soluções de programabilidade no real digital, bem como soluções alternativas de fomento à inovação são os tópicos deste webinar", revelou a instituição.
Contratos inteligentes
Recentemente no primeiro webinar promovido pelo BC para debater os rumos do Real Digital, Robert Townsend, professor do MIT e que está envolvido com o projeto do dólar digital, argumentou que o Real Digital brasileiro pode se tornar uma plataforma aberta de integração entre o Banco Central e a economia digital por meio da criação de contratos inteligentes.
Assim, tal qual o Ethereum (ETH) o BC poderia criar com o Real Digital uma grande plataforma que permitiria ao setor privado desenvolver aplicações próprias que se conectam a esta rede, porém, diferente da blockchain do ETH, Townsend sugere a criação de uma espécie de layer 2 ou parachains.
Desta forma, a plataforma do BC ficaria responsável somente pela movimentação do Real Digital nestes múltiplos contratos enquanto estes, por sua vez, ficariam responsáveis pelas transações relacionadas ao contrato e com isso evitando um sobrecarregamento da rede do BC.
"Você tem uma plataforma que é do Banco Central mas o setor privado pode construir em cima dela criando contratos inteligentes que não se separam desta plataforma pública, mas que não sobrecarregam ela e com isso você delega ao setor privado uma forma descentralizada para que eles possam inovar e assim atrair clientes e executar arranjos novos para o sistema financeiro", disse.
Ainda segundo Townsend neste tipo de arranjo, que permite uma maior inovação do sistema econômico, o dinheiro publico e privado podem coexistir e esta união entre um e outro pode ter um grande valor e ser complementar.
"Eu recomendaria um sandbox com Defi no Brasil usando stablecoins e CBDC no qual os CBDC são a moeda de troca para estas moedas privadas. Nele teriamos as vantagens dos contratos inteligentes sem usar uma terceira parte. Isto é uma nova fase do sistema financeiro", afirmou.
O professor também afirmou que desta forma o BC pode criar uma grande plataforma que permita aos diferentes entes do estado a participação em uma nova economia digital junto com as ferramentas desta nova economia como NFts, Defi, e contratos inteligentes.
"Dinheiro privado e público podem coexistir tranquilamente desde que cada um fique como seu papel e que o Banco Central entenda que os diferentes ativos serão precificados diferentes e o Banco Central precisa atuar nesta regulação", disse.
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