O Brasil subiu mais posições no mapa mundial das criptomoedas. De acordo com o relatório anual da Chainalysis, divulgado nesta quarta, 03, o país é hoje o 5º com maior adoção de criptoativos no planeta.

O ranking considera não apenas o volume movimentado, mas também o impacto real dessas transações na vida da população.

O estudo avaliou 151 países e mostrou que Índia, Estados Unidos, Paquistão e Vietnã ocupam as primeiras posições.

Logo em seguida aparece o Brasil, que superou grandes economias e centros de inovação como Nigéria, Indonésia, Ucrânia e até o Reino Unido. O resultado reforça a imagem do país como um dos polos mais dinâmicos da criptoeconomia global.

O índice leva em conta quatro pilares fundamentais: valor recebido por serviços centralizados, transações de varejo em criptomoedas, uso de protocolos DeFi e operações de investidores institucionais.

Em todos os indicadores, o Brasil apresentou desempenho sólido e equilibrado, o que explica a colocação entre os cinco primeiros do ranking.

Criptomoedas, Brasil

Brasil ganha força na criptoeconomia mundial

De acordo com o relatório, nos últimos anos, o Brasil consolidou sua posição como um mercado promissor para as moedas digitais. O avanço é impulsionado por uma combinação de fatores: digitalização acelerada, popularização dos smartphones, expansão das fintechs e maior familiaridade da população com novas tecnologias financeiras.

Além disso, o cenário econômico também contribui. Em períodos de instabilidade, inflação elevada e incertezas cambiais, muitos brasileiros buscaram no Bitcoin, no Ethereum e, sobretudo, nas stablecoins uma alternativa de preservação de valor. Esse comportamento reflete a procura por ativos que não estão sujeitos à desvalorização do real e que permitem maior acesso ao mercado internacional.

A presença crescente de plataformas reguladas e a integração com bancos tradicionais também ajudaram a ampliar a base de usuários. Hoje, não são apenas investidores sofisticados que compram e negociam criptoativos. Pessoas comuns utilizam moedas digitais para remessas internacionais, transferências rápidas e até para compras no dia a dia.

América Latina desponta no cenário global

O relatório mostra ainda que a América Latina foi uma das regiões que mais cresceram em 2025, com um aumento de 63% no volume de transações on-chain. Esse desempenho só ficou atrás da Ásia, que registrou 69%. No continente latino-americano, o Brasil se destaca como o maior mercado e como um polo de referência para outros países da região.

Esse avanço está ligado a questões práticas do cotidiano. Para muitos latino-americanos, as criptomoedas oferecem uma solução diante das dificuldades de acesso ao sistema bancário tradicional, das altas taxas de transferências internacionais e da volatilidade das moedas locais. Nesse contexto, o Brasil funciona como um laboratório natural de inovação financeira, capaz de testar e expandir novos modelos de serviços digitais.

Especialistas afirmam que a adoção em massa também se relaciona ao fenômeno das stablecoins. No Brasil, ativos pareados ao dólar, como o USDT e o USDC, ganharam relevância porque oferecem proteção cambial e liquidez imediata. Essa característica atrai tanto quem deseja guardar valor de forma mais segura quanto empresas que buscam eficiência em pagamentos internacionais.

Peso da atividade institucional

Um dos pontos de destaque do relatório de 2025 foi a inclusão de um novo sub-índice: a atividade institucional. Pela primeira vez, o estudo mediu a movimentação de grandes investidores, fundos de investimento, gestoras e até bancos que operam com valores acima de US$ 1 milhão.

Esse fator teve impacto direto na posição do Brasil. Nos últimos anos, empresas brasileiras passaram a oferecer fundos de criptoativos, serviços de custódia e produtos financeiros atrelados ao mercado digital. Além disso, fintechs locais expandiram sua atuação e passaram a disputar espaço com gigantes globais.

Esse movimento mostra que o mercado brasileiro não é apenas de pequenos investidores. Há também uma base sólida de players institucionais, que reforça a legitimidade do setor e atrai capital estrangeiro. A presença dessas instituições tende a dar mais segurança aos usuários e a acelerar a adoção das criptomoedas no país.

Estabilidade regulatória como fator-chave

Outro elemento importante para o crescimento do Brasil nesse ranking é a busca por maior clareza regulatória. Em 2023 e 2024, o país aprovou marcos legais que estabeleceram regras para prestadores de serviços de ativos virtuais

Apesar do Banco Central ainda não ter definido estas regras, essa estrutura atraiu empresas internacionais e permitiu que o mercado local se desenvolvesse com mais segurança.

Apesar dos desafios de implementação, a regulamentação brasileira é considerada um exemplo para outras nações em desenvolvimento.

A Chainalysis aponta que a supervisão da CVM e do Banco Central ajudou a reduzir riscos e abriu espaço para parcerias entre bancos, fintechs e plataformas globais. Esse ambiente favorece tanto o investidor de varejo quanto o investidor institucional.

Outro ponto que chama atenção no relatório é que a adoção de criptoativos está distribuída em várias camadas sociais. Não são apenas as classes mais altas que investem em Bitcoin ou Ethereum. Cada vez mais pessoas de renda média e até baixa têm acesso às moedas digitais, principalmente por meio de aplicativos móveis e exchanges locais.

Isso acontece porque as criptomoedas oferecem vantagens práticas. Elas permitem enviar dinheiro sem intermediários, reduzem custos de remessas internacionais e dão acesso a serviços financeiros em regiões onde os bancos tradicionais não chegam. No Brasil, essas funcionalidades atraem desde jovens conectados até trabalhadores que recebem pagamentos em plataformas digitais.