A Strategy (MSTR) não será forçada a vender Bitcoin para se manter à tona caso o preço de suas ações caia — e quem afirma o contrário está “simplesmente errado”, disse o diretor de investimentos da Bitwise, Matt Hougan.
“Não há nada no fato de o preço da MSTR cair abaixo do NAV [valor líquido dos ativos] que a force a vender”, argumentou Hougan em uma nota publicada na terça-feira, destacando a convicção inabalável do presidente Michael Saylor no Bitcoin (BTC).
“Seria realmente muito ruim para o mercado de Bitcoin se a MSTR tivesse que vender seus US$ 60 bilhões em Bitcoin de uma só vez — isso equivale a dois anos de entradas em ETFs de Bitcoin”, disse Hougan. “Mas sem dívidas vencendo até 2027 e com caixa suficiente para cobrir os pagamentos de juros no futuro previsível, simplesmente não vejo isso acontecendo.”
Os temores de que a Strategy pudesse vender sua enorme reserva de Bitcoin ganharam força depois que o CEO da empresa, Phong Le, afirmou na semana passada que ela poderia se desfazer de parte de seus ativos como “último recurso” se o valor de mercado da companhia caísse abaixo do valor de suas participações em Bitcoin.
Caso isso ocorresse, e as opções de financiamento da empresa se esgotassem, Le disse que seria justificável vender parte do Bitcoin para proteger o “rendimento de Bitcoin por ação” da companhia.
A Strategy também enfrenta uma prolongada desaceleração do mercado cripto, além da possibilidade de ser removida do índice MSCI.
Strategy pode resistir à tempestade, diz Hougan
Hougan afirmou que a situação da Strategy não é grave o suficiente para iniciar a venda de Bitcoin, já que a criptomoeda, negociada em torno de US$ 92.000, está “24% acima do preço médio de aquisição da Strategy (US$ 74.436).”
Ele acrescentou que a empresa tem bastante margem de manobra mesmo que suas ações caiam abaixo do valor líquido de seus ativos, já que não há pressão imediata em seus balanços que a obrigue a vender Bitcoin.
“A MSTR tem duas obrigações relevantes relacionadas à sua dívida: precisa pagar cerca de US$ 800 milhões por ano em juros e precisa converter ou refinanciar instrumentos de dívida específicos à medida que vencem”, explicou.
“Os pagamentos de juros não são uma preocupação de curto prazo. A empresa possui US$ 1,4 bilhão em caixa, o que significa que pode facilmente realizar seus pagamentos por pelo menos um ano e meio”, acrescentou.
Nos últimos 30 dias, as ações da MSTR caíram 24,69%, encerrando o pregão de sexta-feira a US$ 186,01.
Parte dessa pressão negativa pode estar relacionada ao anúncio feito em outubro pela Morgan Stanley Capital International, que afirmou que poderia excluir de seus índices empresas de tesouraria de ativos digitais cujos balanços contenham mais de 50% de ativos em criptomoedas.
Tal movimento obrigaria fundos que acompanham esses índices a vender suas participações, exercendo ainda mais pressão sobre a MSTR.
Hougan, porém, não acredita que isso vá ter um impacto significativo sobre o sentimento em relação à Strategy ou sobre o preço de suas ações, argumentando que, historicamente, esse tipo de ocorrência tem efeitos menores do que o esperado.
“Minha experiência ao observar inclusões e exclusões de índices ao longo dos anos é que o efeito costuma ser menor do que se imagina e já precificado com antecedência”, afirmou. “Quando a MSTR foi adicionada ao índice Nasdaq-100 em dezembro passado, os fundos que seguiam o índice precisaram comprar US$ 2,1 bilhões em ações — e o preço mal se moveu.”