O Brasil ficou de fora do grupo de 20 países que compõem Ranking Global de Criptomoedas de 2021 da Coincub, uma empresa descentralizada de análise e pesquisa de ativos digitais. A liderança coube aos Estados Unidos, seguidos por Canadá, Singapura, Alemanha e Reino Unido. O único país latinoamericano a figurar no ranking é o México, na 19ª posição.

Divulgado em 1º de setembro, o ranking leva em conta 18 critérios para determinar quais são os países que estão na vanguarda da adoção e do desenvolvimento global do ecossistema de criptomoedas.

Os parâmetros da Coinub procuram cobrir diversos aspectos acerca do uso e da adoção de criptomoedas dentro de cada jurisidição, desde os mais óbvios, como regulação governamental, a porcentagem da população que possui algum ativo digital e o volume de Bitcoin (BTC) transacionado nas exchanges locais em 2020, até outros mais subjetivos, como transparência, aceitação institucional e a tributação.

Ao combinar aspectos quantitativos e qualitativos, a classificação proposta pela Coincub procura se diferenciar de outros levantamentos sobre o setor, que costumam focar exclusivamente em dados estatísticos, conforme ressaltou Sergiu Hamza, executivo chege da empresa, em declaração ao site ZDNet:

"A maioria das classificações de criptografia lá fora lida com critérios quantitativos. Mas nós vamos além - olhamos para o cenário completo, incluindo legislação, impostos, postura institucional e perspectiva social. Como em qualquer espaço financeiro, existem armadilhas legislativas. Estamos tratando de questões sobre questões regulatórias, por país, com dados atualizados."

Embora um ranking global possa parecer algo incompatível com um setor cuja essência é descentralizada e portanto não circunscrita a fronteiras e jurisdições nacionais, os usuários são limitados por questões regulatórias, acessibilidade, educação e apoio institucional em sua interação com o universo cripto. Portanto, é fundamental para os investidores poderem agir com segurança, tomando conhecimento das particularidades do país em que se encontram para fazer suas escolhas.

Por exemplo, os EUA, líder do ranking, em geral é um país amigável às criptomoedas. No entanto, nem tudo é perfeito para os desenvolvedores e investidores norteamericanos. Embora uma parte considerável da população possua criptomoedas, o número de caixas eletrônicos per capita seja o maior do mundo e o Bitcoin tenha se tornado uma opção comum de investimento com vistas à aposentadoria, questões regulatórias volta e meia estão em debate, como é o caso do projeto de lei de infraestrura bipartidário que foi aprovado no Senado e agora será votado no Congresso.

O Canadá, segundo colocado, destaca-se pelo volume de Bitcoins negociado pelos seus cidadãos em 2020 e pela porção significativa da população que investe em criptomoedas. A aceitação institucional é outro ponto importante. Os bancos locais estão integrando os criptoativos em suas ofertas de produtos e serviços, e as autoridades locais autorizaram ETFs (Fundos Negociados em Bolsa) tanto de Bitcoin quanto de Ethereum (ETH).

Único país da América Latina entre os top 20, o México apresenta diversas similaridades com o Brasil no que diz respeito ao contexto político e econômico relacionado às criptomoedas. A regulação e a tributação das criptomoedas ainda não têm regras claras, exceto para as empresas que atuam no setor, mas a fiscalização ainda é falha.

O número de detentores de criptomoedas cresceu bastante em 2020 e segue aumentando, existem diversas corretoras operando no mercado local e o governo está começando a prestar atenção nas potencialidades do setor, conforme relatou o Cointelegraph recentemente.

Representantes brasileiros do setor convidados pelo Cointelegraph a comentar a ausência do país no ranking não se manifestaram até o momento em que este artigo foi publicado.

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