Um dos principais catalisadores para a adoção institucional e a valorização do Bitcoin (BTC) no atual ciclo de alta das criptomoedas, as Bitcoin Treasury Companies são uma “etapa lógica” na consolidação do ativo como “dinheiro digital", conforme a visão original de Satoshi Nakamoto, afirma Charles Edwards, fundador do fundo de hedge Capriole Investments.
Contestando a opinião de analistas e membros da comunidade cripto que criticam a proliferação de empresas que adotam o Bitcoin como parte de suas tesourarias corporativas e apontam o fenômeno como um dos principais riscos para um eventual colapso do mercado em caso de uma correção mais profunda, Edwards afirma que o sucesso de estratégias como a da Strategy, de Michael Saylor, e da japonesa MetaPlanet, atrai mais liquidez e cria um círculo virtuoso de adoção e valorização.
“Acredito que as empresas de tesouraria são um passo lógico na adoção e expansão do Bitcoin", afirma o capitalista de risco na mais recente atualização de mercado da Capriole Investments, acrescentando:
“É pura arbitragem de capital fiduciário para comprar um ativo sólido superior. Se o Bitcoin quiser um dia se tornar moeda base, o ‘Sistema de Dinheiro Eletrônico Peer-to-Peer’ concebido por Satoshi, ele precisa atingir dezenas de trilhões de dólares para reduzir a volatilidade e se tornar ‘estável’ o suficiente para ser usado como dinheiro.”
Apesar do entusiasmo, Edwards reconhece que as Bitcoin Treasury Companies são o principal vetor de risco para o mercado a partir de 2026. Como ocorre com todas as bolhas especulativas, caberá ao mercado, com sua natureza cíclica, eleger as vencedoras e as perdedoras do setor. “Por enquanto, vamos aproveitar essa onda", afirma.
Segundo Edwards, as tesourarias corporativas são um estágio necessário antes da próxima grande onda de adoção institucional, que se dará em nível governamental:
“Estamos simplesmente seguindo a curva de adoção, que exige que trilhões de dólares sejam injetados no Bitcoin pelas entidades que o possuem, a fim de alcançar larga escala. Essas entidades provavelmente ajudarão a adicionar mais de US$ 1 trilhão à capitalização de mercado do Bitcoin nos próximos meses e prepararão o terreno para o ciclo do Tesouro Público.”
Embora nesse momento a estratégia possa parecer meramente especulativa, “em retrospectiva terá sido óbvio", afirma.
Bitcoin Treasury Companies absorvem liquidez para o mercado cripto
Edwards aponta que os bancos centrais estão inundando os mercados financeiros com moedas fiduciárias e esse capital está em busca de ativos sólidos como ouro e Bitcoin, com reflexo direto sobre as estratégias de tesouraria corporativa de BTC.
“Os influxos de capital nas Bitcoin Treasury Companies atingiram US$ 15 bilhões no último trimestre e parecem estar prestes a disparar, já que as oportunidades de alavancagem e arbitragem com instrumentos tradicionais de captação de recursos para comprar Bitcoin está proporcionando retornos incríveis para essas empresas", diz Edwards.
Caso isso se confirme, o executivo antecipa um impacto ainda mais positivo sobre o preço. Apesar de o Bitcoin estar cotado em torno de US$ 120.000 atualmente, um novo impulso será inevitável:
“A taxa de crescimento anual da oferta monetária global M3 (mais de US$ 112 trilhões) atingiu 9% recentemente — um patamar extremo e raro. Na última vez que isso aconteceu, os retornos do Bitcoin atingiram uma média de 460% nos 12 meses seguintes.”
É improvável que isso ocorra agora que o Bitcoin atingiu uma capitalização de mercado superior a US$ 2 trilhões, mas um novo impulso de alta é provável. Para validar sua tese, Edwards compara a dinâmica de mercado do Bitcoin e do ouro:
“Algo que venho destacando de forma recorrente desde 2020 é a forte relação entre o ouro e o Bitcoin. Historicamente, quando o ouro tem uma forte alta, o Bitcoin segue o mesmo caminho de três a quatro meses depois. O ouro voltou a ter uma grande alta no início de 2025. Dois meses e meio depois, o Bitcoin subiu 28%.”
Outro indicador positivo é o desempenho superior do ouro em relação aos índices de ações dos EUA, um fenômeno que não ocorria desde 2020-2021, período em que o Bitcoin disparou de mínimas de US$ 3.780 até o recorde histórico de US$ 69.000, alta de 1.725%.
Segundo Edwards, isso evidencia uma forte demanda por ativos sólidos que deve beneficiar o preço do Bitcoin até o fim de 2025.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, o Bitcoin confirmou um padrão de bandeira de alta no gráfico semanal ao romper a resistência de US$ 110.500, preparando terreno para superar US$ 150.000 no topo do atual ciclo de mercado.