No futuro, todas as empresas do mundo terão Bitcoin em seu tesouro, afirmou Diego Kolling, head da Estratégia Bitcoin do Méliuz, durante painel no Blockchain Rio.
Durante o painel "Inovações no Bitcoin: Indo Além da Moeda", Kolling explicou que, assim como o "Bitcoin está consertando o dinheiro", as Bitcoin Treasury Companies emergem para resolver problemas do mercado de capitais, criando uma ponte entre as finanças tradicionais e o "padrão Bitcoin":
“A adoção institucional é um caminho sem volta. Hoje em dia existem empresas que são de Bitcoin. No início da internet existiam empresas que eram de internet. Assim como hoje todas as empresas são digitais, no futuro, todas as empresas do mundo terão Bitcoin em seu tesouro.”
O Méliuz foi a primeira e, até agora, única empresa brasileira a adotar uma estratégia de acumulação de Bitcoin por meio de investimentos diretos e instrumentos tradicionais do mercado financeiro, como emissão de ações e títulos de dívida.
Lucas Ferreira, da Lightning Labs, apontou que as Bitcoin Treasury Companies foram pioneiras na adoção do Bitcoin (BTC) como unidade de conta, indo além de suas propriedades de investimento financeiro e reserva de valor.
O propósito fundamental dessas empresas é expandir o total de Bitcoin por ação ao longo do tempo, utilizando instrumentos financeiros para captar recursos vendendo ações a um múltiplo superior ao Valor Patrimonial Líquido (NAV) de suas reservas em Bitcoin.
Ao vender ações acima do NAV, a empresa arrecada mais capital do que o valor contábil de Bitcoin por ação e usa esses recursos para comprar mais BTC, expandindo o total de Bitcoin por ação.
Kolling explicou que a estratégia do Méliuz parte de uma premissa fundamental: o Bitcoin tem potencial para capturar o mercado de ativos de reserva de valor. Atualmente, representa apenas 0,1% desse universo, e sua consolidação como unidade de troca seria natural nesse cenário:
“A reserva de valor precede a unidade de troca. Primeiro o Bitcoin se tornou uma reserva de valor confiável e nós acreditamos que ele vai se tornar uma moeda de troca unânime. Por isso, nós já tratamos o Bitcoin como dinheiro e como poupança.”
Democratização do acesso ao BTC através de instrumentos tradicionais
Kolling reconhece que nem todos os investidores estão prontos para comprar Bitcoin diretamente. A estratégia do Méliuz permite que investidores brasileiros "coloquem o pé dentro do Bitcoin por meio de instrumentos financeiros tradicionais de renda fixa e variável."
Para investidores conservadores, o Méliuz pretende oferecer produtos de renda fixa lastreados em Bitcoin, proporcionando exposição ao ativo digital com características de dívida.
Investidores arrojados, por sua vez, podem buscar exposição ao Bitcoin por meio das ações da empresa, que funcionam como um veículo de investimento com potencial de alavancagem sobre o valor de mercado do criptoativo.
“Para bater o Bitcoin, só mesmo com mais Bitcoin, e é isso que nossa estratégia proporciona", afirmou Kolling.
Atualmente, o Méliuz possui 595,7 BTC em suas reservas, adquiridos a um preço médio de US$ 102.703, de acordo com dados do Bitcoin Treasuries. Com um mNAV de 1,71, as ações da empresa estão sendo negociadas a um preço 71% superior ao valor total de suas reservas em Bitcoin. Na prática, isso indica que cada R$ 1,00 investido nas ações do Méliuz representa aproximadamente R$ 0,58 em Bitcoin no tesouro da empresa.
Em geral, esse prêmio reflete a confiança do mercado na capacidade da empresa de aumentar suas reservas em Bitcoin ao longo do tempo e em sua estratégia de acumulação.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, as ações do Méliuz registraram uma valorização expressiva de mais de 100% desde que a empresa fez sua primeira aquisição de Bitcoin.