Investir parcialmente em Bitcoin (BTC) e criptomoedas para garantir uma renda melhor na aposentadoria por meio de fundos de previdência privada complementar (PGBLs e VGBLs) já é possível no Brasil.
Visando atingir um mercado cujo patrimônio líquido é de R$ 1,6 trilhão, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), grandes instituições financeiras e gestoras de ativos digitais têm aumentado a oferta de produtos de previdência privada complementar que oferecem exposição a criptomoedas.
Limitados a uma exposição máxima de 40% a ativos digitais, conforme as regras estabelecidas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), esses novos fundos exploram o potencial de valorização das criptomoedas sem abrir mão da segurança dos títulos de renda fixa atrelados à inflação ou à taxa Selic.
Líder do segmento de ETFs atrelados a ativos digitais na B3, a Hashdex oferece quatro fundos de previdência privada com exposição a criptomoedas. Direcionados tanto ao público geral quanto a investidores profissionais e qualificados, os fundos da gestora exigem aplicações mínimas de R$ 100 a R$ 5.000.
No entanto, este tipo de produto é indicado apenas a um determinado perfil de investidores, afirmou Samir Kerbage, CIO da Hashdex, em reportagem do Valor Investe:
“Os investidores que têm um perfil de moderado a agressivo, que já têm alocação em renda variável, devem considerar uma alocação pequena em cripto para um horizonte de longo prazo.”
Os fundos da Hashdex passam por rebalanceamentos periódicos, de acordo com as condições do mercado cripto, que se caracteriza por forte volatilidade e alto risco. “Se o Bitcoin está subindo, realizamos o lucro e aumentamos a alocação em renda fixa; se está caindo, ou seja, mais barato, compramos", explica Kerbage.
Com o objetivo de oferecer exposição a criptomoedas minimizando riscos, a Empiricus Gestão oferece um produto destinado exclusivamente a investidores profissionais, com aporte mínimo de R$ 1.000.
“É um fundo realmente focado no longo prazo, porque tanto investir em cripto quanto em títulos atrelados à inflação permite uma performance positiva em um horizonte maior”, afirmou Marcello Cestari, analista e responsável pelos fundos de criptomoedas na Empiricus Gestão.
Em dezembro de 2024, foi a vez do Itaú entrar nesse mercado, que ainda enfrenta limitações regulatórias para crescer.
Ao contrário de ETFs ou fundos de investimento convencionais, regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os fundos de previdência privada precisam contar com uma seguradora licenciada pela Susep, além de respeitar o limite máximo de 40% de exposição em criptomoedas.
“O lançamento de um fundo convencional só depende da gestora e do administrador, então a oferta reduzida não é uma questão de estrutura de mercado, mas sim de questões regulatórias", diz Kerbage.
Enquanto a taxa Selic acumula rendimento de 55,7% desde 2021, o Bitcoin valorizou 285,5% no mesmo período. Isso demonstra que mesmo uma pequena exposição às criptomoedas pode ter um impacto significativo na aposentadoria dos investidores.
Atualmente no Brasil, apenas fundos de previdência privada podem conter criptomoedas em sua composição. Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) vetou qualquer tipo de exposição a criptomoedas por Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs), sob alegação de gestão de risco.
EFPCs, como a Previ (Banco do Brasil) e a Funcef (Caixa), administram recursos para o pagamento de benefícios futuros a funcionários de empresas e categorias profissionais sindicalizadas.