A aprovação do ETF de Bitcoin à vista nos Estados Unidos em janeiro deste ano contribuiu significativamente para a valorização de 61,3% alcançada pela maior criptomoeda do mercado no primeiro trimestre deste ano. Novidade nos Estados Unidos, no Brasil os fundos de índice atrelados ao Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas estão disponíveis para negociação na B3 desde abril de 2021, quando a Hashdex lançou o HASH11.
Lançado poucos dias depois que o Bitcoin alcançou o recorde histórico de US$ 63.500, rapidamente o HASH11 tornou-se o segundo maior ETF em volume negociado da B3. Três anos depois, esse mercado oferece 13 opções de fundos atrelados a diferentes índices e criptoativos, proporcionando opções variadas para os investidores que buscam exposição ao mercado de ativos digitais de forma regulada e sem a exigência de conhecimentos técnicos sobre a tecnologia blockchain.
Ao contrário do mercado norte-americano, onde todos os ETFs de criptomoedas à vista oferecem exposição exclusivamente ao Bitcoin, os fundos negociados na B3 permitem que os investidores se exponham a diferentes narrativas, como finanças descentralizadas (DeFi), jogos, metaverso, plataformas de contratos inteligentes e até memecoins.
Performance dos ETFs de criptomoedas da B3 em 2024
No primeiro trimestre deste ano, o ETF de criptomoedas de melhor performance foi o META11 – Hashdex Crypto Metaverse FI, de acordo com o boletim mensal publicado pela B3. Com uma rentabilidade de 65,9%, o fundo temático atrelado ao CF Digital Culture Composite Index destacou-se como o único ETF da B3 a superar a performance do Bitcoin.
O META11 é composto por uma cesta de ativos variados vinculados ao setor de metaverso, jogos em blockchain, infraestrutura e memecoins. Inclusive, o Shiba Inu (SHIB) é o ativo de maior peso na composição do índice, com 31,82%.
Apesar da performance superior, o META11 tem um dos menores patrimônios líquidos entre todos os ETFs da B3, de apenas R$ 7 milhões, e movimentou apenas R$ 6,1 milhões até agora este ano.
Com a vantagem de ter sido o ETF pioneiro do setor de criptomoedas no Brasil, o HASH11 segue sendo o líder da categoria tanto em patrimônio líquido (R$ 2.752,4 bilhões) quanto em volume negociado (R$ 2.108,8 bilhões no primeiro trimestre).
Atrelado ao Nasdaq Crypto Index, um índice criado pela Hashdex em parceria com a Nasdaq, o HASH11 rastreia uma cesta de oito ativos. Apesar de ser composto majoritariamente por Bitcoin (72,28%) e Ethereum (25,92%), o HASH11 teve uma performance inferior à do BTC nos primeiros três meses deste ano, acumulando ganhos de 57,7%.
Vinculados exclusivamente ao preço do Bitcoin, o BITH11, emitido pela Hashdex, o QBTC11, da QR Asset Management, e o BITI11, do Itaú, também apresentaram retornos ligeiramente inferiores aos dos investidores que optaram por comprar a criptomoeda diretamente no mercado à vista – 59,6%, 57,4% e 56,5%, respectivamente.
É comum que os ETFs não repliquem exatamente o desempenho de seus ativos subjacentes, devido à estrutura do fundo e às políticas de gestão de ativos em mercados altamente voláteis. Além disso, os fundos estão atrelados a índices diferentes de rastreamento do preço do Bitcoin.
Em termos de volume negociado no primeiro trimestre, o BITH11 e o QBTC11 ficaram atrás apenas do HASH11, com R$ 426,5 milhões e R$ 399 milhões, respectivamente. Também ocupam a segunda e a terceira posição no ranking de patrimônio líquido dos ETFs de criptomoedas da B3.
Atrelados exclusivamente ao Ether (ETH), o ETHE11 (Hashdex) e o QETH11 (QR Asset Management) renderam 53,7% e 47,0%, respectivamente. Ambos ficaram abaixo do rendimento de 55% registrado pelo criptoativo no mercado à vista no primeiro trimestre.
Com performance ligeiramente inferior, os fundos focados em tokens do setor de finanças descentralizadas DEFI11 e QDFI11 valorizaram 47,3% e 46,8 no começo deste ano, respectivamente. No entanto, ambos ficaram muito abaixo dos rendimentos de dois benchmarks de DeFi. O token da exchange descentralizada Uniswap (UNI) acumulou ganhos de 70% e do protocolo de empréstimos Maker (MKR), 137% no mesmo período.
Composto por 15 tokens vinculados a plataformas de contratos inteligentes e soluções de camada 2, o BLOK11, da Investo, acumulou ganhos de 45,6% nos três primeiros meses deste ano. Uma performance bastante inferior quando comparada a dos dois principais ativos que compõem o MarketVector Smart Contract Leaders Brazil Index. Solana (SOL) e Ether renderam 85,3% e 55% no primeiro trimestre, respectivamente.
De perfil idêntico, mas vinculado a uma cesta de 24 ativos, o WEB311 da Hashdex valorizou apenas 23,7%no período. Ainda assim, o ETF atrelado ao CF Web3 Index obteve uma performance superior a de todos os ETFs de renda variável da B3 vinculados à Tradi.
Por fim, com uma valorização de apenas 8,2%, o NFTS11, da Investo, ocupa a última colocação no ranking de ETFs da B3 no primeiro trimestre. Atrelado a cinco tokens do metaverso, o NFTS11 também está na última posição em termos de volume negociado no período (R$ 2,2 milhões), e de patrimônio líquido (R$ 6,3 milhões).
O desempenho da grande maioria dos ETFs de criptomoedas foi bastante superior aos dos demais fundos de índice listados na B3 no começo deste ano. Ainda assim, quando comparados com o preço do Bitcoin no mercado à vista, os ganhos mostraram-se similares ou potencialmente mais modestos.
Vantagens e desvantagens de investir em criptomoedas via ETFs
O investimento em ativos digitais via ETFs oferece uma exposição simplificada a um mercado complexo e volátil, como o de criptomoedas, sem a necessidade de gerenciar carteiras digitais ou chaves privadas. Além disso, os ETFs são negociados em bolsas regulamentadas, proporcionando maior liquidez, transparência nos preços e proteção aos investidores. Esses fatores são especialmente atrativos para investidores pouco familiarizados com a tecnologia blockchain.
Por outro lado, a exposição às criptomoedas por meio de ETFs pode resultar em taxas de gestão e outros custos operacionais que incidem sobre os retornos líquidos dos investidores. Além disso, a exposição indireta vai contra os princípios de descentralização do Bitcoin, uma vez que a custódia e a negociação dos ETFs dependem de intermediários institucionais.