O halving se aproxima e uma nova temporada de alta deve renovar o crescimento do ecossistema do Bitcoin (BTC), acreditam analistas nacionais e estrangeiros. Mas não é exatamente a redução pela metade da emissão de BTCs por bloco minerado que está provocando as expectativas positivas, e sim o lançamento dos Runes – um novo padrão para a criação e transferência de tokens na rede do Bitcoin.
Detalhe: o protocolo será implementado no bloco 840.000, coincidindo exatamente com o momento em que ocorrerá o halving, provavelmente em 20 de abril.
O Runes é um novo protocolo de tokens fungíveis para o ecossistema do Bitcoin, proposto por Casey Rodarmor, o mesmo desenvolvedor que criou o Ordinals. Segundo Rodarmor, o Runes foi projetado para oferecer uma abordagem mais simples e integrada ao modelo UTXO (Unspent Transaction Output) nativo do Bitcoin.
Diferentemente de outros padrões de tokens, como o BRC-20, que dependem de dados off-chain ou têm uma complexidade operacional elevada, o Runes busca simplificar a criação e gestão de tokens no ecossistema do Bitcoin, como destaca o seu criador no white paper do projeto:
"O ponto principal do Runes é a sua superioridade técnica em relação aos tokens BRC-20. Ele apresenta várias vantagens, tais como uma maior facilidade para criar tokens e a eliminação da dependência de dados off-chain. Pode ser utilizado também em soluções de camada 2 do BTC."
Rodarmor acredita que o Runes tem o potencial de atrair mais desenvolvedores e novos usuários para o ecossistema do Bitcoin.
Para os investidores, a introdução do Runes abre oportunidades de exploração de um novo nicho de mercado nativo do Bitcoin. Com a capacidade de criar tokens fungíveis de forma mais eficiente e com menor pegada on-chain, o Runes pode incentivar o desenvolvimento de novos projetos e tokens, oferecendo assim novas oportunidades de investimento. Além disso, por ser projetado com base no modelo de UTXOs, espera-se que possa contribuir para a escalabilidade da rede do Bitcoin.
A funcionalidade do Runes permite a emissão, transferência e até mesmo a queima de tokens, utilizando mensagens protocolares em transações de Bitcoin. Isso viabiliza uma variedade de novas aplicações e casos de uso, desde a criação de novos tokens até sistemas de recompensas e de tokens atrelados a outros ativos ou serviços.
No próprio white paper, Rodarmor prevê que o Runes provocará uma renascença no ecossistema do Bitcoin:
"Quando o protocolo for lançado, haverá muitas oportunidades de negociar ou investir nos tokens criados sobre ele. No momento, o frenesi gira em torno da qualificação para airdrops usando o Protocolo Runes. Após o lançamento, muitos projetos de Ordinals existentes emitirão seus próprios tokens fungíveis. Assim, eles farão airdrops de tokens para os detentores de itens das coleções."
O interesse em torno dos Ordinals e do ecossistema do Bitcoin tem se mostrado de fato renovado no começo de abril, apesar da fraca performance do preço do BTC até agora neste mês.
Em uma postagem no X (antigo Twitter) publicada nesta quarta-feira, 10 de abril, o analista de dados Crypto Koryo destacou esta tendência.
🔸BRC-20 and BTC-Fi
— Crypto Koryo (@CryptoKoryo) April 10, 2024
While most narratives are down in April, BRC-20s are by far the best performing narrative.
With Bitcoin halving happening in less than 2 weeks and the Rune protocol mainnet launching at the same time, I can't think of a stronger narrative in April.
My… pic.twitter.com/HFLrYx9fRV
"Embora a maioria das narrativas esteja em baixa em abril, os BRC-20s são, de longe, a narrativa com melhor desempenho. Com o halving do Bitcoin em menos de duas semanas e o lançamento simultâneo do protocolo Runes, não consigo pensar em uma narrativa mais forte este mês. Meu foco está em DeFi no Bitcoin DeFi, e NFTs/Ordinals/Runes/xRCs."
Mesmo que o Runes ainda não esteja operante, há formas de se expor aos futuros nichos de mercado que o protocolo vai inaugurar. Além do lançamento e de airdrops de coleções antigas de Ordinals, novos projetos estão lançando coleções de NFTs que garantem a elegibilidade para distribuições de tokens quando o Runes for lançado.
Ainda em março, o boletim diário da Paradigma Education chamou a atenção para um dos principais projetos alavancados pela narrativa emergente do Runes. Na ocasião, o Runestone acabara de distribuir NFTs para usuários que possuíam carteiras de BTC com um mínimo de três inscrições.
A iniciativa tornou o Runestone bastante popular na comunidade do Ordinals e atualmente é a segunda maior coleção de NFTs em termos de capitalização de mercado, à frente, por exemplo, da Bored Ape Yacht Club, de acordo com dados do marketplace Magic Eden. O preço mínimo de um item da coleção atingiu US$ 6.000, praticamente o dobro do valor de 20 dias atrás.
Além da Runestone, a Paradigma Education destacou as coleções RSIC, Rune Guardians, Rune Pups e Glyphs. Já o perfil anônimo do analista de finanças descentralizadas TheDefiEdge, citou também RuneX e Tiny Vikings.
No boletim publicado na terça-feira, 9 de abril, a Paradigma Education listou as ferramentas necessárias para acessar o universo dos Runes.
O Magic Eden é o principal marketplace de Ordinals e já antecipou que integrará o Runes à sua plataforma. "A expectativa é que os tokens [das principais coleções de Ordinals] possam ser negociados no Magic Eden e grande parte do volume/liquidez do Runes deverá se concentrar neste marketplace", afirma o texto.
O Runes Terminal é um provedor de infraestrutura focado em desenvolvedores e traders de Runes. A plataforma oferecerá um explorador de blocos dedicado, um launchpad, e uma ferramenta para “emitir tokens.”
Por fim, a Xverse é uma carteira dedicada a Ordinals e tokens BRC-20 que será compatível com o Runes. Inclusive, ela já pode ser utilizada na rede de testes do protocolo.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, a febre das inscrições chegou à blockchain do Dogecoin. Intituladas Doginals, em referência indireta ao Ordinals do BTC, os NFTs do Dogecoin ganharam a sua própria versão da Runestones. A Doge Runestones atingiu um preço-base de US$ 32 e movimentou US$ 2.000 em 24 horas, após um airdrop que contemplou carteiras que possuíam ao menos um doginal.