Aviso: Esta matéria havia sido publicada anteriormente pelo Cointelegraph Brasil com informações equivocadas. As informações já foram corrigidas e o texto foi alterado.

O empresário brasileiro de Bitcoin que teria sido sequestrado por policiais civis e militares a mando de um de seus credores, prestou depoimento na segunda-feira (7) no Grupo de Compbate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público Estadual de São Paulo, confirmando detalhes do sequestro e citando nominalmente o Grupo Bitcoin Banco e a empresa de investimentos BWA.

Como o Cointelegraph Brasil relatou recentemente, o empresário, cujo nome não foi revelado pelas autoridades, teria sido sequestrado por policiais civis e da Rota, tropa de elite da PM paulista, a mando de Guilherme Aere dos Santos, empresário e desenvolvedor que teria sido lesado pelo empresário em investimentos envolvendo Bitcoins.

No depoimento, o empresário confirmou que teria sido sequestrado e mantido dentro do Distrito Policial de Jaçanã, na Zona Norte da capital paulista, com conhecimento do delegado de plantão, tendo negociado com os policiais presentes e com o suposto mandante uma compensação em dinheiro para ser solto.

Os policiais, diz o empresário, o acusavam de ter "dado um golpe" em Aere, além de ter sido chamado de "traficante, amigo de bandidos e golpista":

"Na quarta ligação que atendi do Guilherme, comecei a responder no mesmo tom que ele e o acusei de querer roubar minha empresa, envolvendo policiais em um problema muito mais grave, pois havia me sequestrado e me levado para uma delegacia de polícia sem nenhum motivo".

O empresário então teria conseguido reunir R$ 450 mil em dinheiro para pagar Aere, combinando de entregar mais R$ 550 mil no dia seguinte, entrega que teria sido feita no próprio 73o. Distrito Policial do Jaçanã.

Depois disso, Guilherme Aere teria notificado o empresário através um tenente da Rota, nomeado na matéria como Tenente Narlich. Nas conversas que se seguiram, ambos os envolvidos estiveram acompanhados por advogados, sem chegar em um acordo. O empresário confirma a participação do ex-diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, que participou das operações da Lava Jato, e do ex-delegado da PF Edmilson Pereira Bruno como seus advogados.

Neste ponto do depoimento, o empresário sequestrado dá a entender que sua dívida com Guilherme Aere envolvia fundos em duas empresas: Grupo Bitcoin Banco e BWA. Aere tentou incluir uma cláusula para receber o pagamento da dívida com o empresário através das duas empresas:

"Constava que se o Grupo GBB não pagasse o que devia a ele [Guilherme Aere dos Santos], a BWA teria que pagar mais R$ 18 milhões a ele."

O Cointelegraph Brasil também revelou recentemente, com exclusividade, que o dono do Grupo Bitcoin Banco, Cláudio Oliveira, vendeu cerca de 1.447 BTC em 2018, equivalentes a mais de R$ 34 milhões, usando diversas empresas, entre elas a BWA.

Ainda sobre o depoimento, o empresário diz que conseguiu tempo até a chegada do ex-delegado Daiello, que viajava de Porto Alegre (RS) para São Paulo (SP) para participar das negociações. Foi então que eles se dirigiram ao Shopping Cidade Jardim, na capital paulista, para negociar com Guilherme Aere.

Aere teria chegado acompanhado por dois policiais da Rota e seu advogado, Gustavo Arbach, e mais dois homens:

“Nos acomodamos em um café e começamos a conversar, o dr. Daiello e o dr. Bruno  ficaram um pouco distantes e depois chegaram na mesa também. Trocamos algumas palavras, mas a estratégia que o dr. Bruno tinha definido acabou não resultando em nada, pois o Guilherme não quis conversar com eles, e o seu advogado só queria saber do acordo assinado, perguntei ao dr. Gustavo Arbach se ele ainda concordava com aquela situação sabendo que o Guilherme tinha mandado me sequestrar e me matar, e a resposta dele era sempre de que não queria saber de nada, queria somente o acordo assinado.”

O empresário diz que não denunciou o caso imediatamente às autoridades pois seus advogados "estavam seguindo ainda em uma linha de termos um acordo envolvendo os policiais para que tudo acabasse por ali mesmo" e por "temer riscos à sua vida e a de seus familiares".

Segundo a Polícia Civil, Guilherme Aere deu depoimento e afirmou que o tenente da Rota envolvido seria seu amigo, ajudando apenas a notificar o empresário, e negou conhecimento ou envolvimento no sequestro do empresário por policiais.