A Arezzo&Co anunciou recentemente que pretende ampliar para 100%, até 2030, a rastreabilidade de couro através da tecnologia blockchain pela gigante brasileira dos calçados e vestuário, detentora de marcas como Anacapri e Alexandre Birman.
Esse trabalho da empresa inclui a agregação os fornecedores envolvidos na cadeia produtiva para ampliar o patamar atual de rastreamento, que é de 27%, através da plataforma desenvolvida pela empresa especializada em blockchain Blockforce.
De acordo com a head de ESG da Arezzo&Co, Suelen Joner, a empresa conta com a adesão dos profissionais das fábricas e dos parceiros para o projeto, iniciado em 2022. Segundo ela, a blockchain também vai impactar positivamente da jornada de compensação da pegada de carbono e emissão de gases de efeito estufa (GEE) que envolvem a cadeia produtiva.
Ela acrescentou que a utilização da rede é considerada prioridade dentro da estratégia ESG (sila em inglês para Ambienta, Social e Governança), já que a empresa conquistou recentemente a validação Science Based Targets Initiative (SBTi) para as suas metas de curto prazo, mirando no NetZero até 2050, compromisso global relacionado à redução de emissão de GEE.
Em relação às dificuldades, Joner informou que está trabalhando junto aos parceiros porque alguns pequenos fornecedores não utilizam recursos digitais em suas atividades cotidianas. Por outro lado, a executiva destacou que a empresa já realiza um trabalho voltado à aproximação dos elos da cadeia, voltada ao conhecimento das estruturas operacionais e entendimento dos obstáculos enfrentados por cada um, além da conscientização deles para a importância do rastreamento do couro.
A iniciativa acontece na esteira da adesão da Arezzo&Co à Deforestation-Free Call to Action for Leather, que é uma iniciativa global, coordenada por Textile Exchange, Leather Working Group (LWG) e World Wildlife Fund (WWF), que convoca marcas e varejistas a utilizar couro bovino de cadeias de suprimentos livres de desmatamento até 2030.
A empresa ainda utiliza a blockchain no monitoramento do algodão, iniciativa de rastreamento lançada em 2021 que monitora a matéria-prima até sua propriedade de origem. Outra iniciativa ESG usada através da blockchain que pode beneficiar a empresa segundo avaliação da advogada e entusiasta de inovação Gabrielle Ribon.
“Esse tipo de uso tem ficado cada dia mais recorrente e aderido pela indústria, uma vez que o formato do registro dos dados na blockchain permite um rastreio mais confiável da cadeia de produção por completo; essa confiabilidade é transmitida ao cliente, que entende que o produto que está adquirindo é de fato comprometido com práticas de sustentabilidade eficientes, e evita cair em ciladas de marketing de empresas que praticam greenwashing", explicou a mestranda em Inovação e Empreendedorismo pela Universidade de Edimburgo.
Em outra iniciativa, a gigante do agronegócio e de alimentos Bunge e a Bangkok Produce Merchandising Public Company Limited (BKP), uma empresa subsidiária da Charoen Pokphand Foods Public Company Limited (CPF ou CP Foods), líder mundial em alimentos, iniciaram os testes em conjunto de uma plataforma com tecnologia blockchain para rastreabilidade de soja sustentável, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.