A natureza cíclica dos mercados e a do próprio Bitcoin (BTC) sugerem que um novo mercado de alta da maior criptomoeda do mercado deve ser projetado a partir do próximo halving – o evento que ocorre periodicamente, mais ou menos a cada quatro anos – em que a emissão de novos BTCs por bloco minerado é cortada pela metade.
A essa altura, a maior criptomoeda do mercado está praticamente no meio caminho do próximo halving, que deverá acontecer por volta de maio de 2024. A tese do superciclo, que sugeria que a era dos ciclos de 4 anos com fases claras e determinadas teria chegado ao fim após o mercado de alta de 2021, parece insustentável a essa altura.
Assim como em ciclos anteriores, o inverno cripto chegou e derrubou o preço do BTC mais de 70% abaixo de sua máxima histórica de US$ 69.000, registrada em novembro do ano passado.
Embora alguns analistas ainda aguardem uma recuperação iminente, o cenário macroeconômico desfavorável, com dólar em alta, forte correlação com o mercado acionário, e o aperto da política monetária do Banco Central dos EUA, aliado ao estágio atual do ciclo do Bitcoin em relação ao halving tornam tal cenário pouco provável.
E mais, antes de uma reversão de tendência, é provável que um novo fundo seja buscado. Valores tão baixos quanto US$ 14.000 e até US$ 10.000 ainda estão em jogo, segundo alguns analistas.
Fundo do ciclo ainda está por vir
Uma análise recente da Delphi Digital faz uma projeção baseada nos padrões da ação de preço do BTC após os três últimos halvings para projetar o futuro do Bitcoin daqui por diante. A tendência é bastante clara e demonstra que os traders não devem esperar por uma recuperação efetiva do preço do BTC antes do final deste ano:
"Desde o [halving] mais recente (maio de 2020), podemos ver que o Bitcoin levou 77 semanas para atingir a máxima histórica de US$ 69.000, em novembro de 2021. Saltando para o halving anterior (julho de 2016), o Bitcoin levou 75 semanas para atingir o topo um pouco abaixo de US$ 20.000, em dezembro de 2017. Agora, quando olhamos para o halving em novembro de 2012, há um ligeiro desvio do padrão, já que o BTC levou apenas 55 semanas para atingir o topo desse ciclo."
A análise continua para afirmar que a variação de 2012 não invalida o padrão, uma vez que "é possível que o modelo econômico do Bitcoin ainda estivesse em sua infância de descoberta de preços" na ocasião.
Considerando-se também o preço de fundo do Bitcoin em relação aos topos dos ciclo de 2013 e 2017, tem-se uma boa medida para tentar identificar o ponto em que o preço do BTC deve atingir seu valor mínimo no atual mercado de baixa. "Nos dois ciclos anteriores, o Bitcoin chegou ao fundo 59 (2014) e 53 (2018) semanas após o topo do ciclo", afirma a análise.
Outro padrão idêntico em ambos os mercados de baixa anteriores mostra que o Bitcoin consolidou o fundo após cair 85% em relação ao topo do ciclo. Considerando-se o recorde de preço de US$ 69.000 de novembro de 2021, uma queda de 85% levaria o Bitcoin aos US$ 10.000.
Padrão temporal dos ciclos de mercado do Bitcoin. Fonte: Delphi Digital
De acordo com o padrão histórico da ação de preço do BTC em relação ao halving, a análise da Delphi Digital sugere que o Bitcoin deve alcançar o fundo do ciclo de baixa atual por volta do final deste ano e uma nova máxima histórica deverá ser registrada apenas em agosto de 2025.
O diretor executivo da Morgan Creek, Mark Yusko, concorda que uma nova máxima histórica do Bitcoin deverá ocorrer apenas em 2025, mais ou menos um ano depois do próximo halving. Ele espera que o padrão de dois anos de mercado de baixa após a mais recente máxima histórica se repita mais uma vez.
Uma outra corrente de analistas sustenta que o próprio halving pode catapultar um novo ciclo de alta do Bitcoin já em 2024. Segundo eles, a redução pela metade da emissão de novas moedas deve imediatamente desencadear um grande aumento na demanda pela criptomoeda.
Relação entre preço de mercado e preço realizado sugere momento de acumulação
Enquanto isso, o preço realizado do Bitcoin acaba de cair abaixo do preço do BTC no mercado à vista, um indicador que aponta que o mercado está em um momento propício para acumulação.
O preço realizado é uma métrica que calcula o preço médio no qual os bitcoins em circulação foram adquiridos. Quando o preço no mercado à vista cai abaixo do preço realizado, significa que, em média, as entidades do mercado estão no prejuízo.
Historicamente, sempre que isso ocorreu quem aproveitou para acumular novas moedas obteve bons retornos posteriormente. Nos ciclos de baixa de 2015 e 2818-2019, o preço realizado ficou abaixo do preço no mercado à vista por nove e quatro meses, respectivamente.
No atual ciclo de baixa, o preço realizado chegou a cair abaixo do preço à vista, mas recuperou-se rapidamente. Após a queda do preço do BTC da última sexta-feira, o fenômeno voltou a acontecer, o que reforça o sentimento de que o fundo do atual ciclo de baixa ainda está por ser buscado.
Além disso, considerando-se as séries históricas, é de se esperar que o preço realizado se mantenha abaixo do preço no mercado à vista ainda por algum tempo antes de uma reversão de tendência, como se pode observar no gráfico abaixo.
Bitcoin: Preço à vista (azul) X Preço realizado (amarelo). Fonte: LookintoBitcoin
O Bitcoin (BTC) opera em alta de 1% no final da manhã desta quarta-feira, 31, oscilando um pouco acima do suporte de US$ 20.000, de acordo com dados do CoinMarketCap. A retomada deste nível psicológico crucial desencadeou uma onda de otimismo em alguns analistas, que visualizam a formação de um fundo duplo do preço do BTC abaixo dos US$ 20.000. De acordo com eles, um reteste da resistência na faixa de US$ 25.000 pode estar em jogo no curto prazo, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.
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