O Bitcoin (BTC) poderia estar sendo negociado substancialmente acima da resistência de US$ 20.000 se a crise que resultou na falência da FTX não tivesse contribuído para quebrar a forte correlação que os mercados de ações e de criptomoedas vinham apresentando até então ao longo de 2022.

Uma boa medida do quanto o Bitcoin ficou para trás no mês passado pode ser medido através do desconto com que o BTC vem sendo negociado em relação à sua média móvel de 200 dias. Aproximadamente 22%, considerando-se que hoje ela está em US$ 21.325 e na tarde desta segunda-feira, 5, o par BTC/USD é negociado em torno de US$ 17.000.

Em comparação, o Índice S&P 500 acumulou ganhos de 16% em outubro e novembro, e atualmente situa-se acima da sua média móvel de 200 dias.

Passado mais de um mês do início da crise que desencadeou o colapso da FTX, o mercado cripto parece estar momentaneamente estabilizado e já começa a recuperar parte das perdas acumuladas ao longo de novembro.

Bitcoin pode voltar aos US$ 20.000 antes do final do ano?

Ao final do domingo, 5, o par BTC/USD registrou seu maior fechamento semanal desde que a crise teve início, acima de US$ 17.000, com ganhos de 4,1%.

Em uma análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil, o fundador da Crypto Investidor, Diego Consimo, diz que, de fato, há uma conjunção de fatores favoráveis a uma continuação do atual movimento de alta:

"Alguns fatores estão dando força para esse movimento acontecer. O primeiro deles é o teste das médias móveis de 9 e 21 semanas que naturalmente ocorre após a forte queda que tivemos recentemente no mercado. O segundo é a divergência Bullish indicando que a força vendedora está dando lugar para a força compradora e deve haver uma reversão do mercado em breve. O terceiro é a formação de uma cunha ascendente com grande probabilidade de romper o movimento para cima. Por fim, e mais importante, é que o Fed [Banco Central dos EUA] já anunciou que possivelmente teremos uma diminuição das taxas de juros da economia norte-americana já nas próximas reuniões."

Ainda no cenário macroeconômico, o dólar vem perdendo força. O DXY (índice do dólar) caiu 11% abaixo de sua média móvel de 200 dias. O analista da Crypto Investidor vê espaço para o DXY cair ainda mais no curto prazo:

"Esta reversão mencionada anteriormente pode ser favorecida porque o DXY está encarando um processo corretivo, conforme nossa análise prévia, na qual antecipamos que um teste na região de 100 pontos iria ocorrer." 

Na tarde desta segunda-feira, o DXY está na faixa de 104 pontos. No gráfico abaixo, Consimo delineia os próximos movimentos do índice do dólar.

Gráfico semanal anotado do índice do dólar (DXY). Fonte: Crypto Investidor

No entanto, pondera Consimo, a confirmação de que a recuperação pode ir além dos patamares atuais depende do reteste de uma região crucial que vinha servindo de suporte para a maior criptomoeda do mercado nos cinco meses anteriores ao colapso da FTX: a faixa entre US$ 18.000 e US$ 20.000, conforme sugere o gráfico abaixo.

Gráfico semanal anotado BTC/USD. Fonte: Crypto Investidor

Outro momento macro crucial para o desempenho do par BTC/USD até o final deste ano ocorrerá na semana que vem, em 13 de dezembro, quando será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) com os dados da inflação de novembro nos EUA.

Em uma semana que começa fria, o preço do BTC opera em baixa de 0,2%, trocando de mãos a US$ 17.044, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Entre os detratores do Bitcoin, no entanto, previsões extremamente pessimistas têm vindo à tona recorrentemente desde a queda da FTX. Na semana passada um artigo publicado no blog do Banco Central Europeu (ECB) decretou que a maior criptomoeda do mercado estaria à "caminho da irrelevância."

Por sua vez, uma análise do do estrategista-chefe do banco multinacional Standard Chartered, Eric Robertsen, sugeriu que o Bitcoin poderia cair 70% em relação ao seu preço atual, batendo em mínimas tão baixas quanto US$ 5.000.

Ao mesmo tempo, o ouro veria uma valorização de aproximadamente 30%, atingindo o valor de US$ 2.250 por onça e decretando definitivamente a morte da narrativa que postula que o BTC é o ouro digital.

LEIA MAIS