O histórico do Brasil em adotar novas tecnologias e a liderança do país em utilização de dinheiro digital, aliados ao avanço regulatório e o desenvolvimento de uma infraestrutura robusta nos setores público e privado, devem remar a favor do avanço do Drex, a versão brasileira de moeda digital emitida por banco central (CBDC, na sigla em inglês).

Essa é a avaliação do diretor de negócios digitais de Citigroup para a América Latina, Driss Temsamani. Em entrevista publicada nesta quarta-feira (24) pelo Valor, o executivo destacou a liderança do país em termos de digitalização do dinheiro na região, segundo um relatório divulgado recentemente pelo banco. 

Além disso, o desenvolvimento robusto e o apoio governamental figuram entre os principais aliados para o desenvolvimento da plataforma no país. Isso porque, na avaliação de Temsamani, três fatores do passado brasileiro ajudam a projetar o futuro do Drex: infraestrutura, inovação tecnológica da iniciativa privada e apetite dos consumidores pela utilização das novas soluções.

Nesse caso, o executivo explicou que o Brasil desenvolveu uma estrutura correta com envolvimento dos players do mercado e adoção do mercado, histórico que pode se repetir com a CBDC. 

Além disso, ele destacou que a economia global informal responde por um volume de US$ 25 trilhões. Campo fértil para a tokenização do dinheiro, que pode ajudar nas linhas de crédito e reduzir a dependência do dinheiro físico, na interpretação do especialista.

Driss Temsamani enfatizou a possibilidade de a tecnologia blockchain, base das CBDCs e criptomoedas, conectar o sistema financeiro tradicional, de olho em novos fluxos, como depósitos e empréstimos. Segundo ele, o dinheiro físico é inseguro e a impressão de papel-moeda é cara.

O otimismo do executivo também se baseia na vice-liderança do Brasil em propensão de adoção de moeda digital na América Latina, atrás apenas do Chile, de acordo com a pesquisa. Documento que ainda destacou a Harvard Business Review, que estima uma economia anual de US$ 750 bilhões nos EUA no custo de gerenciamento de pagamento a partir da adoção de stablecoins

Na interpretação de Alexandre Bianchi, especialista em criptomoedas e autor do livro "Manual do CriptoInvestidor", "a liderança do Brasil na digitalização financeira na América Latina é fundamental para impulsionar o crescimento econômico, fortalecer a infraestrutura financeira e garantir a segurança nos mercados digitais."

"Ao adotar tecnologias inovadoras, como por exemplo, a soluções de blockchain, o Brasil está criando um ambiente propício para a eficiência, transparência e expansão dos negócios. Essa transformação mantém assim o país inovando e principalmente mais competitivo", completou.

Por sua vez, uma pesquisa realizada pela Sherlock Communications apontou que os brasileiros esperam que o Drex reduza os casos de corrupção no país e não temem eventuais ameaças à privacidade financeira inerentes ao design das CBDCs, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.