A participação das mulheres no mercado de criptomoedas aumentou no ano passado na esteira do crescimento geral do mercado. No entanto, refletindo uma desigualdade verificada também nas áreas de finanças tradicionais e tecnologia, a criptoeconomia ainda é um ambiente predominantemente masculino.

Presidente da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), Renata Mancini pontua que o Dia da Mulher é uma data importante para reforçar o óbvio: a igualdade de direitos civis como gênero, etnia e classe social tanto na esfera profissional como em âmbito privado é uma prerrogativa básica de sociedades democráticas e igualitárias:

“Apesar do mercado de criptomoedas ser extremamente inovador, ainda vemos reflexos do mercado de investimento tradicional e do mercado de tecnologia que ainda são dominados por homens. Estamos aos poucos quebrando este ciclo."

Apesar do crescimento da ocupação de cargos executivos por mulheres na indústria brasileira de criptomoedas, a discrepância ainda é evidente. O mesmo se pode observar ao comparar a diferença no número de investidores e investidoras do mercado de criptomoedas no Brasil.

Dados da Receita Federal apontavam que, em janeiro deste ano, 16,2% das negociações declaradas de acordo com as normas da IN 1888 foram realizadas por mulheres. Embora seja um número pequeno quando comparado às transações declaradas por homens, denota um crescimento de 46% da participação das mulheres no mercado em comparação com janeiro do ano passado.

No Dia Internacional da Mulher, o Cointelegraph Brasil apresenta uma série de iniciativas globais que promovem a inclusão e o aumento da participação das mulheres no mercado de criptomoedas, contemplando diversos setores da indústria.

She256

She256 é um coletivo que surgiu durante um evento sobre blockchain na Universidade de Berkeley, na Califórnia. A pequena presença de mulheres em uma sala que reunia mais ou menos 60 pessoas serviu de estímulo para unir as poucas que lá estavam para dar início ao projeto.

O She256 oferece um programa de mentoria que já atendeu a mais de 900 participantes de mais de 40 países ao redor do mundo. O coletivo também realizou um estudo intitulado Future of Blockchain com foco na diversidade (ou falta dela) na indústria de criptomoedas. O principal objetivo era estabelecer algumas diretrizes para tentar reverter ou ao menos equiparar este quadro no médio prazo.

O She256 oferece ainda uma série de iniciativas educacionais, incluindo o Block-Change, decidado a estudantes do ensino médio, cujo envio de contribuições voluntárias é aberto a pessoas do mundoo todo, e o Fireside Chats, uma série de entrevistas com mulheres que ocupam papéis proeminentes no espaço. 

O She256 também mantém um canal Discord e uma newsletter para envio de notícias, atividades e atualizações do projeto.

Women's Coin

Women’s Coin é um token baseado na blockchain do Bitcoin (BTC) que gera receitas para ações filantrópicas sempre que a moeda é usada. Todos os fundos arrecadados são destinados à Women's Coin Foundation (WCEF), uma entidade sem fins lucrativos que oferece cursos sobre criptoativos e finanças para mulheres.

O objetivo da fundação é promover a liberdade e a independência de mulheres de diversas partes do mundo através de emancipação educacional, financeira e tecnológica. 

A Women's Coin também faz parte do movimento HumTech, ou tecnologia humanitária - que apregoa o uso de dispositivos eletrônicos e digitais em benefício da espécie humana. Uma de suas iniciativas nesse sentido é a criação de uma plataforma de doação de recursos a institiuições de ajuda humanitária baseada em contratos inteligentes. Portanto, não permissionada, segura, auditável e transparente.

Surge

Surge é uma comunidade global de aprendizagem coletiva focada em promover iniciativas educacionais sobre Web3 e tecnologia blockchain com foco na construção de um futuro descentralizado em que as mulheres sejam protagonistas.

Idealizada por quatro amigas com interesse comum pelo potencial econômico e criativo dos protocolos descentralizados, o Surge lançará em breve sua primeira coleção de tokens não fungíveis. Intitulada Surge Passport NFT, a coleção é composta por 5.000 desenhos feitos à mão que promete às futuras detentoras acesso a benefícios e recompensas "em toda a Web3".

A Surge mantém um quadro de empregos globais dedicados excluxivamente a posições em empresas e protocolos de desenvolvimento de produtos e soluções para Web3, e possui um canal no Discord. Além disso, o Surge produz conteúdo educativo original sobre Web3 e criptomoedas, incluindo um dicionário com termos técnicos fundamentais para compreender o universo dos ativos digitais. Todo o conteúdo educativo do site também está disponível em Espanhol.

BFF

O BFF apresenta-se como uma "nova comunidade de curiosos sobre criptoativos" fundada por aproximadamente 50 personalidades do sexo feminino e não-binárias vinculadas à criptomoedas, tecnologia, design, finanças, moda e entreternimento.

O objetivo do BFF é cultivar uma nova geração de pessoas ligadas à comunidade cripto, com foco nas mulheres, em minorias étnicas, em grupos discriminados por raça e gênero e na comunidade LGBTQ+.

As atrizes Mila Kunis, Tyra Banks e Gwyneth Paltrow são algumas das personalidades por trás da BFF. Por enquanto, o primeiro grande evento do BFF reuniu diversas integrantes da comunidade para debater e explicar o fenomêno dos tokens não fungíveis. A gravação do evento pode ser assistida no canal do BFF no Youtube.

É de se esperar novos eventos e iniciativas envolvendo NFTs em um futuro próximo. Interessados podem se inscrever através do site para participar da comunidade e acompanhar as novidades do BFF. Além disso, a comunidade mantém um canal no Discord.

CryptoChicks

Baseado em Toronto, no Canadá, o CryptoChicks foi fundado por duas engenheiras, Elena Sinelnikova e Natalia Ameline. Esta última é nada mais nada menos do que a mãe do fundador do Ethereum (ETH), Vitalik Buterin.

O CryptoChicks é uma entidade sem fins lucrativos que já realizou eventos em 56 países ao redor do mundo. Regularmente, promove hackathons repletos de atividades práticas sobre tecnologia, investimentos em criptoativos e ferramentas de desenvolvimento de produtos e soluções com foco em tecnologia blockchain e Web3.

Além dos eventos presenciais, o CryptoChicks oferece cursos on-line gratuitos e um quadro de empregos para mulheres que buscam oportunidades no espaço cripto. Para ir mais a fundo nas atividades promovidas pelo grupo é possível se inscrever na Cryptochicks Academy, que fornece cursos intensivos de programação, finanças e empreendedorismo para mulheres. Já o Cryptochicks Hatchery, é uma incubadora de start-ups que tem como mentores veteranos da indústria.

Podcast Unchained com Laura Shin

A ex-editora sênior da Forbes e jornalista de criptomoedas cobre temas diversos em seu podcast. Todas as terças-feiras, Laura Shin recebe convidados para uma entrevista ou debate de aproximadamente uma hora de duração com os pensadores e desenvolvedores mais quentes do espaço cripto. Às sextas-feiras, a jornalista oferece um resumo das principais notícias da semana.

Além disso, a cada duas semanas, o Unchained apresenta episódios intitulados The Chopping Block. Debates que reúnem quatro investidores de projetos de criptomoedas em estágio inicial – Haseeb Qureshi, Robert Leshner, Tom Schmidt e Tarun Chitra – para analisar os últimos acontecimentos da indústria, incluindo as movimentações do mercado.

Laura Shin acaba de lançar o seu primeiro livro reportagem dedicado à indústria, "The Cryptopians: Idealism, Greed, Lies, and the Making of the First Big Cryptocurrency Craze" e também produz um boletim informativo diário que mistura notícias, memes e leituras recomendadas sobre os assuntos mais importantes do mercado de criptomoedas.

Cryptobesties

Cryptobesties é uma comunidade on-line para garotas que amam criptomoedas e querem trabalhar na indústria. Elas mantêm um quadro de empregos que oferece oportunidades em diversos áreas da indústria, mas também em setores adjacentes.

No momento, elas estão promovendo uma campanha de crowdfunding para criar o primeiro coletivo de maquiagem do metaverso, incluindo uma linha de produtos de maquiagem em NFT. Detentores dos tokens não fungíveis da coleção poderão participar ativamente da concepção dos produtos.

As Cryptobesties também têm um canal no Discord para trocar informações e fortalecer os laços entre as participantes da comunidade, e também são bastante ativas em redes sociais como TikTokTwitter, e Instagram.

SheFi

SheFi é uma comunidade educacional com foco em DeFi (finanças descentralizadas), cujo objetivo é integrar mais mulheres neste ramo da indústria de criptomoedas e tecnologia blockchain. No entanto, trata-se de um projeto em fase de incubação. 

O lançamento oficial está previsto para o segundo trimestre deste ano, mas há uma lista de espera na qual as interessadas podem fazer uma pré-inscrição para manterem-se informadas sobre as primeiras atividades e eventos do coletivo.

Enquanto isso, também é possível seguir o SheFi no Instagram.

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