Mais de 48.000 nepaleses baixaram o aplicativo de mensagens peer-to-peer do CEO da Block, Jack Dorsey, o bitchat, em meio a uma série de protestos violentos sobre corrupção e a uma proibição temporária das redes sociais no início desta semana.
Isso seguiu um aumento semelhante nos downloads na Indonésia na semana passada, após protestos relacionados à corrupção, segundo o desenvolvedor open-source de Bitcoin “callebtc”, que trabalha no bitchat.
“Na semana passada, observamos um pico repentino nos downloads do bitchat a partir da Indonésia durante protestos nacionais. Hoje estamos vendo um pico ainda maior do Nepal durante protestos liderados por jovens contra a corrupção governamental e uma proibição de redes sociais”, publicou callebtc na X na quarta-feira.
Segundo gráficos compartilhados por callebtc, o Nepal tinha menos de 3.344 downloads na quarta-feira passada antes de o número saltar para 48.781 na segunda-feira — mais de quatro vezes mais do que o segundo país, a Indonésia, que registrou 11.324.
O aumento repentino foi impulsionado por uma proibição temporária de redes sociais — bloqueando Facebook, Instagram, WhatsApp e YouTube — que desencadeou um protesto liderado pela Geração Z que viu o parlamento e a suprema corte do Nepal serem incendiados. O Nepal inicialmente impôs a proibição para conter a rápida disseminação de conteúdo antigoverno online.
As forças de segurança responderam ferozmente com munição real e gás lacrimogêneo, resultando em pelo menos 19 mortes, enquanto centenas ficaram feridos. O edifício do governo onde o primeiro-ministro KP Sharma Oli residia também foi invadido.
Oli está no centro das acusações de corrupção, que incluem uso indevido de fundos públicos e falta de transparência nas decisões políticas. Ele renunciou ao cargo.
Os incidentes no Nepal e na Indonésia podem sinalizar uma tendência crescente de cidadãos recorrendo a aplicativos de mensagens descentralizados e criptografados — ou “tecnologias da liberdade” — para se protegerem da vigilância ou censura governamental.
Enquanto isso, a União Europeia está prestes a aprovar uma lei de “Controle de Chat” que eliminaria a criptografia de mensagens, exigindo que serviços como Telegram, WhatsApp e Signal permitam que os reguladores analisem as mensagens antes que sejam criptografadas e enviadas.
Legisladores de 15 estados-membros da UE indicaram apoio ao projeto, e um voto da Alemanha pode decidir se o polêmico projeto será aprovado.
Aplicativos de mensagens cripto servem como alternativa
Até agora, a adoção de aplicativos de mensagens descentralizados e criptografados tem sido impulsionada por usuários que abandonam plataformas de comunicação centralizadas que podem censurar conteúdo ou impor outras restrições.
Entre as plataformas centralizadas mais populares estão o Messenger e o WhatsApp, operados pela gigante de mídia social Meta, uma corporação centralizada e orientada ao lucro que usa dados pessoais como produto.
O bitchat de Dorsey tem apenas dois meses
Dorsey lançou uma versão beta do bitchat em julho, que utiliza redes mesh via Bluetooth para comunicação criptografada sem internet.
Segundo o white paper, a rede é totalmente descentralizada, sem servidores centrais, contas, endereços de e-mail, números de telefone para registro ou dependências de infraestrutura.
Mensagens cripto ainda estão atrás dos gigantes da indústria
Signal, o Damus baseado em Nostr, Session e Status estão entre outros aplicativos de mensagens que atraíram usuários em busca de alternativas mais seguras e resistentes à censura.
No entanto, os aplicativos descentralizados e criptografados provavelmente ainda têm um longo caminho a percorrer até que possam competir com os gigantes das redes sociais como a Meta, que registrou impressionantes 3,48 bilhões de usuários diários médios em sua família de aplicativos — incluindo Facebook, Messenger e Instagram — em junho.
Esse número de 3,48 bilhões marcou um aumento de 6% em relação ao ano anterior, indicando que a empresa não perdeu fôlego nos últimos 12 meses.